Leia o seguinte soneto.
RECORDO AINDA...
Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...
QUINTANA, Mário. Nariz de vidro. São Paulo: Moderna, 2003, p. 42.
Marque a alternativa que identifica CORRETAMENTE o eu lírico do soneto.
Leia o seguinte soneto.
RECORDO AINDA...
Recordo ainda... e nada mais me importa...
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta...
Mas veio um vento de Desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança...
Estrada afora após segui... Mas, aí,
Embora idade e senso eu aparente
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino... acreditai!...
Que envelheceu, um dia, de repente!...
QUINTANA, Mário. Nariz de vidro. São Paulo: Moderna, 2003, p. 42.
Marque a alternativa que identifica CORRETAMENTE o eu lírico do soneto.
Gabarito comentado
Gabarito: C) Um homem adulto que recorda momentos alegres de sua infância.
Tema central: Interpretação de texto, com foco na identificação do eu lírico em um poema.
No estudo da poesia, o eu lírico (ou eu poético) é a voz que expressa emoções e reflexões dentro do texto — não se trata necessariamente do autor, mas sim de uma construção literária. Assim, o candidato dever usar a leitura atenta para entender quem se manifesta nos versos, baseando-se em informações claras e também nas entrelinhas.
Análise do enunciado: O poema apresenta um sujeito que rememora a infância, manifestando saudade dos brinquedos e dos momentos “de uma luz tão mansa”. Versos como "Eu quero os meus brinquedos novamente! Sou um pobre menino... que envelheceu, um dia, de repente..." revelam que, ainda que o eu lírico se reconheça envelhecido, sua essência de criança permanece viva, ilustrando uma dualidade entre aparência adulta e sentimento infantil.
Justificativa da alternativa correta:
(C) Um homem adulto que recorda momentos alegres de sua infância. – Esta é a opção correta pois:
- O poema narra lembranças de um tempo passado (infância), marcado por nostalgia e desejo de reviver a inocência infantil.
- O eu lírico demonstra ter amadurecido, mas explicita, com emoção, o desejo de retomar seus brinquedos (símbolo da infância).
Por que as demais estão incorretas?
- (A) Não há elementos que apontem o eu lírico como "senhor idoso nos momentos finais da vida"; o envelhecimento é sentido como súbito, não terminal.
- (B) O texto não mostra um jovem; pelo contrário, indica experiência e passagem do tempo.
- (D) O poema não é de um menino imaginando o futuro, mas de um adulto refletindo sobre o passado.
- (E) Não há menção à criança brincando no presente; trata-se de reminiscência e falta.
Estratégias para concursos: Sempre destaque verbos no passado (“recordo”, “veio”, “pendurei”), termos como “embora idade eu aparente”, “velho que aqui vai” e frases com desejo (“eu quero novamente!”). Isso evidencia que se trata de lembrança adulta, não de uma vivência infantil atual.
Referência de gramática: Como ressalta Evanildo Bechara, "a subjetividade do eu lírico distancia o narrador do autor, cabendo ao leitor reconstruí-lo pelo texto". Atente, portanto, às pistas explícitas e implícitas do poema.
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