O califa al-Mamun, da dinastia Abássida, governou o império muçulmano entre 813 e 833. Em seu governo, foi criada a Casa da Sabedoria, que se tornou um dos maiores centros científicos e intelectuais
de todos os tempos. Reuniu escribas, religiosos, astrônomos, médicos,
filósofos, matemáticos, químicos, geógrafos, cartógrafos, zoólogos
e um grande número de tradutores, os melhores de sua época, para
preservar os textos da antiguidade, notadamente os gregos. O texto
abaixo refere-se a uma medida por ele tomada:
Um homem incrível, esse al-Mamun. Um califa racionalista! Adepto
apaixonado de Aristóteles, odiava os integristas, que perseguiu ao longo
de todo o seu reinado. Ele foi a alma da Casa da Sabedoria. Tendo suas
tropas vencido as forças bizantinas, al-Manun propôs uma surpreendente troca ao imperador do Oriente: prisioneiros por livros! O acordo
foi fechado: um milhar de guerreiros cristãos, libertados pelos árabes,
voltaram para Constantinopla, enquanto no sentido inverso uma dezena
de obras raríssimas, florão das bibliotecas bizantinas, chegava a Bagdá,
recebidas com exaltação na Casa da Sabedoria.
(GUEDJ, Denis. O Teorema do Papagaio. SP: Cia. Das Letras. 2001, p. 212.)
Tomando por base a comparação das ações do Califa com as características culturais e religiosas na Europa Medieval, julgue as afirmativas.
I. Da mesma forma que o califa, durante o medievo europeu houve
um grande esforço por parte do catolicismo para a preservação da
cultura antiga, principalmente a grega.
II. O racionalismo, herança da cultura grega, foi responsável, tanto no
Oriente como no Ocidente, pela separação entre religião e poder
político, promovendo o início da laicização do Estado, concretizada
apenas com a Revolução Francesa.
III. Ao contrário dos esforços do califa para preservá-la, no Ocidente
Medieval, boa parte da produção cultural antiga foi destruída por
contrariar os preceitos religiosos vigentes à época.
Está (ão) correta (s):