Questõesde UNESP sobre Filosofia

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UNESP 2010 - Filosofia

Em algum remoto rincão do sistema solar cintilante em que se derrama um sem-número de sistemas solares, havia uma vez um astro em que animais inteligentes inventaram o conhecimento. Foi o minuto mais soberbo e mais mentiroso da história universal: mas também foi somente um minuto. Passados poucos fôlegos da natureza congelou-se o astro, e os animais inteligentes tiveram de morrer. – Assim poderia alguém inventar uma fábula e nem por isso teria ilustrado suficientemente quão lamentável, quão fantasmagórico e fugaz, quão sem finalidade e gratuito fica o intelecto humano dentro da natureza. Houve eternidades em que ele não estava; quando de novo ele tiver passado, nada terá acontecido. Ao contrário, ele é humano, e somente seu possuidor e genitor o toma tão pateticamente, como se os gonzos do mundo girassem nele. Mas se pudéssemos entender-nos com a mosca, perceberíamos então que também ela boia no ar (...) e sente em si o centro voante desse mundo.

(Nietzsche. O Livro das Citações, 2008.)


Sobre este texto, é correto afirmar que:

A
Seu teor acerca do lugar da humanidade na história do universo é antropocêntrico.
B
O autor revela uma visão de mundo cristã.
C
O autor apresenta uma visão cética acerca da importância da humanidade na história do universo.
D
Ao comparar a vida humana com a vida de uma mosca, Nietzsche corrobora os fundamentos de diversas teologias, não se limitando ao ponto de vista cristão.
E
Para o filósofo, a vida humana é eterna.
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UNESP 2014 - Filosofia - Ética e Liberdade, Conceitos Filosóficos

A condenação à violência pode ser estendida à ação dos militantes em prol dos direitos animais que depredaram os laboratórios do Instituto Royal, em São Roque. A nota emocional é difícil de contornar: 178 cães da raça beagle, usados em testes de medicamentos, foram retirados do local. De um lado, por mais que seja minimizado e controlado, há o sofrimento dos bichos. Do outro lado, está nosso bem maior: nas atuais condições, não há como dispensar testes com animais para o desenvolvimento de drogas e medicamentos que salvarão vidas humanas.

(Direitos animais. Veja, 25.10.2013.)

Sob o ponto de vista filosófico, os valores éticos envolvidos no fato relatado envolvem problemas essencialmente relacionados

A
à legitimidade do domínio da natureza pelo homem.
B
a diferentes concepções de natureza religiosa.
C
a disputas políticas de natureza partidária.
D
à instituição liberal da propriedade privada.
E
aos interesses econômicos da indústria farmacêutica.
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UNESP 2014 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

                                                      Texto 1

O livro Cultura do narcisismo, escrito por Christopher Lasch em 1979, é um clássico. O texto de Lasch mostra como o que era diagnosticado como patologia narcísica ou limítrofe nos anos 50 torna-se uma espécie de “normalidade compulsória” depois de duas décadas. Para que alguém seja considerado “bem-sucedido”, é trivialmente esperado que manipule sua própria imagem como se fosse um personagem, com a consequente perda do sentimento de autenticidade.

                                                                              (Christian Dunker. “A cultura da indiferença”. www.mentecerebro.com.br. Adaptado.)

                                                      Texto 2

Zigmunt Bauman: Afastar-se da percepção de mundo consumista e do tipo de atitude individualista contra o mundo e as pessoas não é uma questão a ponderar, mas uma obrigação determinada pelos limites de sustentabilidade desse modelo da vida que pressupõe a infinidade de crescimento econômico. Segundo esse modelo, a felicidade está obrigatoriamente vinculada ao acesso a lojas e ao consumo exacerbado.

                                                (“Lojas são alívio a curto prazo, diz o sociólogo Zigmunt Bauman”. www.mentecerebro.com.br. Adaptado.)

Considerando os textos, é correto afirmar que:

A
para Bauman, as diretrizes liberais de crescimento econômico ilimitado prescindem de reflexão ética.
B
ambos tratam do irracionalismo subjacente aos critérios de normalidade e de felicidade.
C
a “cultura do narcisismo” apresenta um estilo de vida incompatível com a mentalidade consumista.
D
a patologia narcísica analisada por Lasch é um fenômeno restrito ao domínio psiquiátrico.
E
ambos abordam problemas historicamente superados pelas sociedades ocidentais modernas.
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UNESP 2014 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

Não há livro didático, prova de vestibular ou resposta correta do Enem que não atribua a miséria e os confli- tos internos da África a um fator principal: a partilha do continente africano pelos europeus. Essas fronteiras te- riam acotovelado no mesmo território diversas nações e grupos étnicos, fazendo o caos imperar na África. Porém, guerras entre nações rivais e disputas pela sucessão de tronos existiam muito antes de os europeus atingirem o interior da África. Graves conflitos étnicos aconteceram também em países que tiveram suas fronteiras mantidas pelos governos europeus. É incrível que uma teoria tão frágil e generalista tenha durado tanto – provavelmente isso acontece porque ela serve para alimentar a condes- cendência de quem toma os africanos como “bons sel- vagens” e tenta isentá-los da responsabilidade por seus problemas.

                                                      (Leandro Narloch. Guia politicamente incorreto da história do mundo, 2013. Adaptado.)

A partir da leitura do texto, é correto afirmar que:

A
as desigualdades sociais e econômicas no mundo atual originam-se exclusivamente das contradições materiais do capitalismo.
B
o conhecimento histórico que privilegia a “óptica dos vencidos” apresenta um grau superior de objetividade científica.
C
na relação entre diferentes etnias, o etnocentrismo é um fenômeno antropológico exclusivo dos países ocidentais modernos.
D
para explicar a existência dos atuais conflitos étnicos na África, é necessário resgatar os pressupostos da ideologia colonialista.
E
a tese filosófica sobre um “estado de natureza” livre e pacífico é insuficiente para explicar os conflitos étnicos atuais na África.
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UNESP 2014 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

IHU On-Line – A medicalização de condutas classificadas como “anormais” se estendeu a praticamente todos os domínios de nossa existência. A quem interessa a medicalização da vida?

Sandra Caponi – A muitas pessoas. Em primeiro lugar ao saber médico, aos psiquiatras, mas também aos médicos gerais e especialistas. Interessa muito especialmente aos laboratórios farmacêuticos que, desse modo, podem vender seus medicamentos e ampliar o mercado de consumidores de psicofármacos de modo quase indefinido. Porém, esse interesse seria irrelevante se não existisse uma demanda social que aceita e até solicita que uma ampla variedade de comportamentos cotidianos ingresse no domínio do patológico. Um exemplo bastante óbvio é a escola. Crianças com problemas de comportamento mais ou menos sérios hoje recebem rapidamente um diagnóstico psiquiátrico. São medicadas, respondem à medicação e atingem o objetivo social procurado. Essas crianças que tomam ritalina ou antipsicóticos ficam mais calmas, mais sossegadas, concentradas e, ao mesmo tempo, mais tristes e isoladas.

                                                                                                            (www.ihuonline.unisinos.br. Adaptado.)

Podemos considerar como uma importante implicação filosófica da medicalização da vida

A
a incorporação do conhecimento científico como meio de valorização da autonomia emocional e intelectual.
B
a institucionalização de procedimentos de análise e de cura psiquiátrica absolutamente objetivos e eficientes.
C
a proliferação social de conhecimentos e procedimentos médicos que pressupõem a patologização da vida cotidiana.
D
a contribuição eticamente positiva da psiquiatrização do comportamento infantil e juvenil na esfera pedagógica.
E
o caráter neutro do progresso científico em relação a condicionamentos materiais e a demandas sociais.
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UNESP 2014 - Filosofia - Pensamentos políticos: Liberalismo, A Política

Numa decisão para lá de polêmica, o juiz federal Eu- gênio Rosa de Araújo, da 17.ª Vara Federal do Rio, indeferiu pedido do Ministério Público para que fossem retirados da rede vídeos tidos como ofensivos à umbanda e ao candomblé. No despacho, o magistrado afirmou que esses sistemas de crenças “não contêm os traços necessários de uma religião" por não terem um texto-base, uma estrutura hierárquica nem “um Deus a ser venerado". Para mim, esse é um belo caso de conclusão certa pelas razões erradas. Creio que o juiz agiu bem ao não censurar os filmes, mas meteu os pés pelas mãos ao justificar a decisão. Ao contrário do Ministério Público, não penso que vreligiões devam ser imunes à crítica. Se algum evangélico julga que o candomblé está associado ao diabo, deve ter a liberdade de dizê-lo. Como não podemos nem sequer estabelecer se Deus e o demônio existem, o mais lógico é que prevaleça a liberdade de dizer qualquer coisa.

                                                            (Hélio Schwartsman. “O candomblé e o tinhoso". Folha de S.Paulo, 20.05.2014. Adaptado.)

O núcleo filosófico da argumentação do autor do texto é de natureza

A
liberal.
B
marxista.
C
totalitária.
D
teológica.
E
anarquista.
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UNESP 2013 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

Considerando o texto, é correto afirmar que, de acordo com o antropólogo Franz Boas,

Segundo Franz Boas, as pessoas diferem porque suas culturas diferem. De fato, é assim que deveríamos nos referir a elas: a cultura esquimó ou a cultura judaica, e não a raça esquimó ou a raça judaica. Apesar de toda a ênfase que deu à cultura, Boas não era um relativista que acreditava que todas as culturas eram equivalentes, nem um empirista que acreditava na tábula rasa. Ele considerava a civilização europeia superior às culturas tribais, insistindo apenas em que todos os povos eram capazes de atingi-la. Não negava que devia existir uma natureza humana universal ou que poderia haver diferenças entre as pessoas de um mesmo grupo étnico. O que importava para ele era a ideia de que todos os grupos étnicos são dotados das mesmas capacidades mentais básicas
A
os critérios para comparação entre as culturas são inteiramente relativos
B
a vida em estado de natureza é superior à vida civilizada.
C
as diferenças culturais podem ser avaliadas por critérios universalistas
D
as diferenças entre as culturas são biologicamente condicionadas

E
o progresso cultural é uma ilusão etnocêntrica europeia.
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UNESP 2013 - Filosofia - Conceitos Filosóficos, Filosofia da Cultura

O tema abordado pelo texto refere-se

Não somente os tipos das canções de sucesso, os astros, as novelas ressurgem ciclicamente como invariantes fixos, mas o conteúdo específico do espetáculo só varia na aparência. O fracasso temporário do herói, que ele sabe suportar como bom esportista que é; a boa palmada que a namorada recebe da mão forte do astro, são, como todos os detalhes, clichês prontos para serem empregados arbitrariamente aqui e ali e completamente definidos pela finalidade que lhes cabe no esquema. Desde o começo do filme já se sabe como ele termina, quem é recompensado, e, ao escutar a música ligeira, o ouvido treinado é perfeitamente capaz, desde os primeiros compassos, de adivinhar o desenvolvimento do tema e sente-se feliz quando ele tem lugar como previsto. O número médio de palavras é algo em que não se pode mexer. Sua produção é administrada por especialistas, e sua pequena diversidade permite reparti-las facilmente no escritório
A
ao conteúdo intelectualmente complexo das produções culturais de massa
B
à hegemonia da cultura americana nos meios de comunicação de massa.
C
ao monopólio da informação e da cultura por ministérios estatais.
D
ao aspecto positivo da democratização da cultura na sociedade de consumo.
E
aos procedimentos de transformação da cultura em meio de entretenimento.
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UNESP 2013 - Filosofia - Conceitos Filosóficos

No entender da autora do artigo, no âmbito psiquiátrico, a distinção entre comportamentos normais e anormais

A poderosa American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria – APA) lançou neste final de semana a nova edição do que é conhecido como a “Bíblia da Psiquiatria”: o DSM-5. E, de imediato, virei doente mental. Não estou sozinha. Está cada vez mais difícil não se encaixar em uma ou várias doenças do manual. Se uma pesquisa já mostrou que quase metade dos adultos americanos teve pelo menos um transtorno psiquiátrico durante a vida, alguns críticos renomados desta quinta edição do manual têm afirmado que agora o número de pessoas com doenças mentais vai se multiplicar. E assim poderemos chegar a um impasse muito, mas muito fascinante, mas também muito perigoso: a psiquiatria conseguiria a façanha de transformar a “normalidade” em “anormalidade”. O “normal” seria ser “anormal”. Dá-se assim a um grupo de psiquiatras o poder – incomensurável – de definir o que é ser “normal”. E assim interferir direta e indiretamente na vida de todos, assim como nas políticas governamentais de saúde pública, com consequências e implicações que ainda precisam ser muito melhor analisadas e compreendidas. Sem esquecer, em nenhum momento sequer, que a definição das doenças mentais está intrinsecamente ligada a uma das indústrias mais lucrativas do mundo atual.
A
apresenta independência frente a condicionamentos de natureza material, histórica ou social
B
pressupõe o poder absoluto da ciência, em detrimento da relativização dos critérios de normalidade.
C
deriva sua autoridade e legitimidade científica de critérios empíricos e universais.
D
busca valorizar a necessidade de autonomia individual no que se refere à saúde mental.
E
estabelece normas essenciais para o progresso e aperfei- çoamento da espécie humana.
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UNESP 2013 - Filosofia - Conceitos Filosóficos


Na concepção do autor, o totalitarismo.

Governos que se metem na vida dos outros são governos autoritários. Na história temos dois grandes exemplos: o fascismo e o comunismo. Em nossa época existe uma outra tentação totalitária, aparentemente mais invisível e, por isso mesmo, talvez, mais perigosa: o "totalitarismo do bem". A saúde sempre foi um dos substantivos preferidos das almas e dos governos autoritários. Quem estudar os governos autoritários verá que a "vida cientificamente saudável" sempre foi uma das suas maiores paixões. E, aqui, o advérbio "cientificamente" é quase vago porque o que vem primeiro é mesmo o desejo de higienização de toda forma de vício, sujeira,enfim, de humanidade não correta. Nosso maior pecado contemporâneo é não reconhecer que a humanidade do humano está além do modo "correto" de viver. E vamos pagar caro por isso porque um mundo só de gente "saudável" é um mundo sem Eros.
A
é um sistema político exclusivamente relacionado com o fascismo e o comunismo
B
inexiste sob a égide de regimes políticos institucionalmente democráticos e liberais
C
depende necessariamente de controles de natureza policial e repressiva dos comportamentos
D
mobiliza a ciência para estabelecer critérios de natureza biopolítica sobre a vida.
E
estabelece regras de comportamento subordinadas à autonomia dos indivíduos
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UNESP 2013 - Filosofia - Provas da Existência Divina: Ontologia, Cosmologia e Teleologia, A Experiência do Sagrado


Os fatos descritos na reportagem são compatíveis filosoficamente com uma concepção

"Religião sempre foi um negócio lucrativo." Assim começa uma reportagem da revista americana Forbes sobre os milionários bispos fundadores das maiores igrejas evangélicas do Brasil. A revista fez um ranking com os líderes mais ricos. No topo da lista, está o bispo Edir Macedo, que tem uma fortuna estimada em R$ 2 bilhões, segundo a revista. Em seguida, vem Valdemiro Santiago, com R$ 400 milhões; Silas Malafaia, com R$ 300 milhões; R. R. Soares, com R$ 250 milhões, e Estevan Hernandes Filho e a bispa Sônia, com R$ 120 milhões juntos. A Forbes também destaca o crescimento dos evangélicos no Brasil – de 15,4% para 22,2% da população na última década –, em detrimento dos católicos. Hoje, os católicos romanos somam 64,6% da população, ou 123 milhões de brasileiros. Os evangélicos, por sua vez, já somam 42 milhões, em uma população total de 191 milhões de pessoas.
A
teológico-protestante, baseada na valorização do sacrifício pessoal e da prosperidade material.
B
kantiana, que preconiza a possibilidade de se atingir a maioridade intelectual.
C
cartesiana, que pressupõe a existência de Deus como condição essencial para o conhecimento racional.
D
dialético-materialista, baseada na necessidade de superação do trabalho alienado.
E
teológico-católica, defensora da caridade e idealizadora de virtudes associadas à pobreza.
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UNESP 2013 - Filosofia - Os Contratualistas (Hobbes, Locke e Rousseau), A Política

A persistência histórica dos conflitos geopolíticos descritos na reportagem pode ser filosoficamente compreendida pela teoria

A China é a segunda maior economia do mundo. Quer garantir a hegemonia no seu quintal, como fizeram os Estados Unidos no Caribe depois da guerra civil. As Filipinas temem por um atol de rochas desabitado que disputam com a China. O Japão está de plantão por umas ilhotas de pedra e vento, que a China diz que lhe pertencem. Mesmo o Vietnã desconfia mais da China do que dos Estados Unidos. As autoridades de Hanói gostam de lembrar que o gigante americano invadiu o México uma vez. O gigante chinês invadiu o Vietnã dezessete.
A
iluminista, que preconiza a possibilidade de um estado de emancipação racional da humanidade.
B
maquiavélica, que postula o encontro da virtude com a fortuna como princípios básicos da geopolítica.
C
política de Rousseau, para quem a submissão à vontade geral é condição para experiências de liberdade.
D
teológica de Santo Agostinho, que considera que o processo de iluminação divina afasta os homens do pecado
E
política de Hobbes, que conceitua a competição e a desconfiança como condições básicas da natureza humana.