Durante a Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos deixaram de ser o primeiro país devedor do mundo para transformarem-se no principal credor. Um credor precisa importar um
valor maior do que exporta para que seus devedores tenham
como pagar. De outra forma o credor será forçado a cancelar
as dívidas ou a fazer novos empréstimos para que os velhos
débitos sejam saldados. (John Kenneth Galbraith. História do século XX – 1919-1934,
s/d. Adaptado.)
Percebe-se pelo texto acima que a ordem econômica internacional modificou-se após a Primeira Guerra Mundial e os
Estados Unidos experimentaram, então, uma fase de grande
crescimento econômico. Esse período de euforia econômica
foi, no entanto, interrompido pela crise de 1929, que se propagou para fora dos Estados Unidos devido à
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: transmissão internacional da Crise de 1929. É preciso entender como o forte papel dos EUA como credor e mercado consumidor permitiu que a depressão americana se espalhasse pelo mundo — por meio da retirada de capitais e da queda das importações.
Resumo teórico: após a Primeira Guerra Mundial os EUA passaram a financiar reconstrução e comércio exterior. Quando o crash de 1929 reduziu lucro e liquidez, investidores norte‑americanos repatriaram recursos e o consumo interno caiu; isso provocou falta de crédito e demanda para economias dependentes (Europa e países latino‑americanos), ampliando a crise global (ver Kindleberger; Eichengreen).
Justificativa da alternativa D: “retirada de capitais norte‑americanos aplicados no exterior e à diminuição de suas importações” sintetiza corretamente os dois canais principais de contágio: (1) fluxo de capitais reverso, que quebrou financiamento externo; (2) queda das importações estadunidenses, reduzindo mercados para exportadores. Essa explicação está alinhada à literatura clássica sobre a difusão da Grande Depressão (Kindleberger; Galbraith).
Análise das alternativas incorretas:
A — mistura fatos: a Europa sofreu destruição em 1914–18, mas a menção a “despesas norte‑americanas nas guerras do Oriente Médio” é irrelevante/anacrônica para 1929 e não explica o contágio.
B — a especulação financeira contribuiu para o crash internamente, mas “restrições impostas à indústria norte‑americana pelo governo” não foi o mecanismo de propagação internacional; na verdade, o governo dos anos 1920 era relativamente pouco intervencionista.
C — problemas rurais (ex.: endividamento de pequenos produtores) afetaram os EUA, mas são causas internas e não explicam por que a crise se tornou global; também a afirmação sobre “fim das importações de maquinários agrícolas” é imprecisa e insuficiente como mecanismo geral.
E — a intervenção estatal (New Deal) é resposta posterior à crise, não causa do seu espalhamento; a frase generaliza demais ao falar de “crise do liberalismo” sem apontar o mecanismo concreto do contágio.
Dica de prova: em questões sobre crises internacionais, procure sinais de mecanismos econômicos claros: fluxos de capitais e variação no comércio exterior. Se uma alternativa apresenta ambos, é provavelmente a correta.
Fontes recomendadas: John K. Galbraith, História do Século XX; Charles P. Kindleberger, The World in Depression; Barry Eichengreen, Golden Fetters.
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