Mas o pecado maior contra a Civilização e o Progresso,
contra o Bom Senso e o Bom Gosto e até os Bons Costumes,
que estaria sendo cometido pelo grupo de regionalistas a
quem se deve a ideia ou a organização deste Congresso,
estaria em procurar reanimar não só a arte arcaica dos
quitutes finos e caros em que se esmeraram, nas velhas casas
patriarcais, algumas senhoras das mais ilustres famílias da
região, e que está sendo esquecida pelos doces dos
confeiteiros franceses e italianos, como a arte - popular
como a do barro, a do cesto, a da palha de Ouricuri, a de
piaçava, a dos cachimbos e dos santos de pau, a das esteiras,
a dos ex-votos, a das redes, a das rendas e bicos, a dos
brinquedos de meninos feitos de sabugo de milho, de canudo
de mamão, de lata de doce de goiaba, de quenga de coco, de
cabaça - que é, no Nordeste, o preparado do doce, do bolo,
do quitute de tabuleiro, feito por mãos negras e pardas com
uma perícia que iguala, e às vezes excede, a das sinhás
brancas.
Gilberto Freyre. Manifesto regionalista (7ª ed.).
Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1996.
De acordo com o texto de Gilberto Freyre, o Manifesto
regionalista, publicado em 1926,
Mas o pecado maior contra a Civilização e o Progresso, contra o Bom Senso e o Bom Gosto e até os Bons Costumes, que estaria sendo cometido pelo grupo de regionalistas a quem se deve a ideia ou a organização deste Congresso, estaria em procurar reanimar não só a arte arcaica dos quitutes finos e caros em que se esmeraram, nas velhas casas patriarcais, algumas senhoras das mais ilustres famílias da região, e que está sendo esquecida pelos doces dos confeiteiros franceses e italianos, como a arte - popular como a do barro, a do cesto, a da palha de Ouricuri, a de piaçava, a dos cachimbos e dos santos de pau, a das esteiras, a dos ex-votos, a das redes, a das rendas e bicos, a dos brinquedos de meninos feitos de sabugo de milho, de canudo de mamão, de lata de doce de goiaba, de quenga de coco, de cabaça - que é, no Nordeste, o preparado do doce, do bolo, do quitute de tabuleiro, feito por mãos negras e pardas com uma perícia que iguala, e às vezes excede, a das sinhás brancas.
Gilberto Freyre. Manifesto regionalista (7ª ed.). Recife: FUNDAJ, Ed. Massangana, 1996.
De acordo com o texto de Gilberto Freyre, o Manifesto
regionalista, publicado em 1926,