Questão ff6454fc-6a
Prova:UNESP 2021
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Texto 1

Nos últimos tempos, reservou-se (e, com isso, popularizou-se) o termo fake news para designar os relatos pretensamente factuais que inventam ou alteram os fatos que narram e que são disseminados, em larga escala, nas mídias sociais, por pessoas interessadas nos efeitos que eles poderiam produzir.

(Wilson S. Gomes e Tatiana Dourado. “Fake news, um fenômeno de comunicação política entre jornalismo, política e democracia”. Estudos em Jornalismo e Mídia, no 2, vol. 16, 2019.)


Texto 2

As vacinas foram os principais alvos de fake news entre todas as publicações monitoradas pelo Ministério da Saúde em 2018. Cerca de 90% dos focos de mentiras identificados pelo órgão tinham como alvo a vacinação. Reconhecido internacionalmente, o programa de imunização brasileiro viu doenças como sarampo e poliomielite voltarem a ameaçar o país em 2018 após os índices de cobertura vacinal caírem em 2017.

(Fabiana Cambricoli. “Ministério da Saúde identifica 185 focos de fake news e reforça campanhas”. https://saude.estadao.com.br, 20.09.2018. Adaptado.)


Os textos tratam de uma prática que é contrária ao princípio da fundamentação racional sustentado por Descartes, que propôs a

A
busca por um conhecimento seguro proveniente do ato de duvidar.
B
construção da compreensão a partir da lógica dialética.
C
eliminação da subjetividade na produção do conhecimento.
D
fundamentação das certezas a partir da experiência sensível.
E
percepção da realidade por meio da associação entre fé e razão.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Resposta: Alternativa A

Tema central: A questão relaciona a prática das fake news com um princípio filosófico de Descartes. É preciso identificar qual aspecto do pensamento cartesiano é confrontado por informações falsas e não fundamentadas.

Resumo teórico: René Descartes defende a dúvida metódica — duvidar sistematicamente para eliminar crenças incertas e alcançar fundamentos indubitáveis do conhecimento. Da dúvida nasce o ponto seguro: o cogito ("penso, logo existo"). Fontes: Discourse on Method (1637) e Meditations (1641); ver também Stanford Encyclopedia of Philosophy (entry: Descartes).

Por que A está correta: A alternativa fala em "busca por um conhecimento seguro proveniente do ato de duvidar", que é exatamente a essência da metodologia cartesiana. Fake news atacam a exigência de fundamentação racional, porque propagam afirmações sem crítica nem verificação, o oposto da dúvida metódica.

Análise das incorretas:

B — "lógica dialética": refere-se ao método dialético (Hegel, e antes no marxismo), não a Descartes. Cartesiano não funda o conhecimento por contradição dialética.

C — "eliminação da subjetividade": Descartes inicia pelo sujeito pensante (cogito); não elimina a subjetividade, antes a torna ponto de partida crítico.

D — "certezas a partir da experiência sensível": é posição empirista (Bacon, Locke). Descartes desconfia dos sentidos por serem enganadores.

E — "associação entre fé e razão": remete à escolástica ou à teologia; Descartes busca certeza pela razão crítica, não por fé como fundamento inicial.

Estratégia para provas: ao ver nomes (Descartes) associe rapidamente: dúvida metódica, cogito, busca de certezas racionais. Descarte opções ligadas a empirismo, dialética e fé quando o enunciado menciona explicitamente o pensamento cartesiano.

Leitura recomendada: Descartes — Discourse on Method; Meditations; Stanford Encyclopedia of Philosophy (Descartes).

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