Questão ff583c47-f0
Prova:
Disciplina:
Assunto:
Leia o texto abaixo:
“... A noite está tepida. O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou
exótica gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido. Começo ouvir uns brados. Saio para a rua. É o Ramiro que quer dar no senhor
Binidito. Mal entendido. Caiu uma ripa no fio da luz e apagou a luz da casa
do Ramiro. Por isso o Ramiro queria bater no senhor Binidito. Porque o
Ramiro é forte e o senhor Binidito é fraco.
O Ramiro ficou zangado porque eu fui a favor do senhor Binidito. Tentei concertar os fios. Enquanto eu tentava concertar o fio o Ramiro queria
expancar o Binidito que estava alcoolisado e não podia parar de pé. Estava
inconciente. Eu não posso descrever o efeito do álcool porque não bebo. Já
bebi uma vez, em caráter experimental, mas o álcool não me tonteia.
Enquanto eu pretendia concertar a luz o Ramiro dizia:
— Liga a luz, liga a luz sinão eu te quebro a cara.
O fio não dava para ligar a luz. Precisava emendá-lo. Sou leiga na eletricidade. Mandei chamar o senhor Alfredo, que é o atual encarregado da
luz. Ele estava nervoso. Olhava o senhor Binidito com despreso. A Juana
que é esposa do Binidito deu cinquenta cruzeiros para o senhor Alfredo.
Ele pegou o dinheiro. Não sorriu. Mas ficou alegre. Percebi pela sua fisionomia. Enfim o dinheiro dissipou o nervosismo.”
(JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada.
São Paulo: Ática, 2014. p.32)
Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977), catadora de lixo e escritora, expôs, em Quarto de Despejo: Diário de uma favelada (1960), as mazelas
e os sofrimentos enfrentados pela população da favela do Canindé,
em São Paulo. O trecho apresentado aponta um dos problemas estruturais da favela retratado pela escritora:
Leia o texto abaixo:
“... A noite está tepida. O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou
exótica gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido. Começo ouvir uns brados. Saio para a rua. É o Ramiro que quer dar no senhor
Binidito. Mal entendido. Caiu uma ripa no fio da luz e apagou a luz da casa
do Ramiro. Por isso o Ramiro queria bater no senhor Binidito. Porque o
Ramiro é forte e o senhor Binidito é fraco.
O Ramiro ficou zangado porque eu fui a favor do senhor Binidito. Tentei concertar os fios. Enquanto eu tentava concertar o fio o Ramiro queria
expancar o Binidito que estava alcoolisado e não podia parar de pé. Estava
inconciente. Eu não posso descrever o efeito do álcool porque não bebo. Já
bebi uma vez, em caráter experimental, mas o álcool não me tonteia.
Enquanto eu pretendia concertar a luz o Ramiro dizia:
— Liga a luz, liga a luz sinão eu te quebro a cara.
O fio não dava para ligar a luz. Precisava emendá-lo. Sou leiga na eletricidade. Mandei chamar o senhor Alfredo, que é o atual encarregado da
luz. Ele estava nervoso. Olhava o senhor Binidito com despreso. A Juana
que é esposa do Binidito deu cinquenta cruzeiros para o senhor Alfredo.
Ele pegou o dinheiro. Não sorriu. Mas ficou alegre. Percebi pela sua fisionomia. Enfim o dinheiro dissipou o nervosismo.”
(JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada.
São Paulo: Ática, 2014. p.32)
Carolina Maria de Jesus (1914 – 1977), catadora de lixo e escritora, expôs, em Quarto de Despejo: Diário de uma favelada (1960), as mazelas
e os sofrimentos enfrentados pela população da favela do Canindé,
em São Paulo. O trecho apresentado aponta um dos problemas estruturais da favela retratado pela escritora:
A
a falta de saneamento básico;
B
o alcoolismo de Binidito;
C
a precariedade da energia elétrica do local;
D
a violência entre os moradores;
E
a falta de água;