“D E C Ú B I T O: do latim decumbere, jazer. Uma linguagem jornalística anacrônica, encontrável sobretudo na
crônica policial, insiste na substituição de termos mais simples por vocábulos de uso mais raro. Assim, mãe é
genitora, hospital é nosocômio, e a vítima de acidente ou morte é encontrada em decúbito, e não deitada. Se
estava de bruços, escrevem que estava em decúbito ventral; se estava deitada de lado, dizem que foi encontrada
em decúbito lateral. Alguns, mais excêntricos, encontrando a suposta vítima em pé, dizem que a encontraram
em posição ortostática. Uma das razões desta prática é o fato de historicamente o analfabetismo ser a maior
reserva brasileira e o domínio da escrita servir não para esclarecer o público, mas para ostentar saber e confundir
os leitores, em nome de uma suposta precisão de linguagem.”
(Verbete retirado de SILVA, Deonísio da. A vida íntima das palavras: origens e curiosidades da língua portuguesa. São Paulo:
Editora Arx, 2002, pg. 135)
Em relação ao descrito no verbete acima, está INCORRETO afirmar que:
“D E C Ú B I T O: do latim decumbere, jazer. Uma linguagem jornalística anacrônica, encontrável sobretudo na crônica policial, insiste na substituição de termos mais simples por vocábulos de uso mais raro. Assim, mãe é genitora, hospital é nosocômio, e a vítima de acidente ou morte é encontrada em decúbito, e não deitada. Se estava de bruços, escrevem que estava em decúbito ventral; se estava deitada de lado, dizem que foi encontrada em decúbito lateral. Alguns, mais excêntricos, encontrando a suposta vítima em pé, dizem que a encontraram em posição ortostática. Uma das razões desta prática é o fato de historicamente o analfabetismo ser a maior reserva brasileira e o domínio da escrita servir não para esclarecer o público, mas para ostentar saber e confundir os leitores, em nome de uma suposta precisão de linguagem.”
(Verbete retirado de SILVA, Deonísio da. A vida íntima das palavras: origens e curiosidades da língua portuguesa. São Paulo: Editora Arx, 2002, pg. 135)
Em relação ao descrito no verbete acima, está INCORRETO afirmar que:
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto e função social da linguagem. A questão avalia a capacidade de ler criticamente um verbete e identificar a postura do autor sobre o uso de linguagem excessivamente técnica ou rebuscada, especialmente em textos jornalísticos.
Justificativa da alternativa INCORRETA (gabarito: B):
A alternativa B afirma que “o uso de termos mais sofisticados enriquece o texto do jornalista policial e contribui para superar o analfabetismo”. Contudo, o texto vai justamente em sentido oposto: critica o uso de palavras difíceis (como “decúbito” no lugar de “deitado”) porque tal prática dificulta a compreensão da mensagem pelos leitores. Ressalta ainda que, historicamente, o domínio da escrita foi mais utilizado para ostentar saber e confundir do que para promover a clareza e o entendimento, não colaborando para superar o analfabetismo. Essa análise encontra respaldo em orientações de gramáticas tradicionais, como as de Bechara e Cunha & Cintra, que valorizam a clareza e a adequação ao interlocutor.
Análise das alternativas corretas:
A: A crítica explícita ao rebuscamento linguístico está presente. O texto exemplifica como a imprensa utiliza termos arcaicos e incomuns para relatar informações simples.
C: A referência à visão elitista da língua está alinhada ao texto, que denuncia o uso ostensivo de linguagem difícil para segmentar e excluir.
D: O autor ironiza o papel social da linguagem, afirmando que a clareza nem sempre é prioridade — ela pode servir como “arame farpado” social, dificultando o acesso.
E: A substituição de “decúbito” por “deitado” é defendida no texto, que sugere o uso de vocabulário acessível em vez de impraticáveis tecnicismos.
Pontos-chave de interpretação:
- Palavras-chave: “confundir os leitores”, “ostentar saber”, “substituição de termos mais simples por vocábulos de uso mais raro”.
- Estratégia para a prova: Quando o texto critica práticas, nunca aceite como correta uma afirmação que as elogie ou mostre efeitos opostos aos descritos.
Conclusão: A alternativa B está INCORRETA porque contradiz o posicionamento claro do texto. Atenção sempre à intenção do texto nas questões de interpretação!
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