Questão fe28327e-e7
Prova:CÁSPER LÍBERO 2014
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Sobre o tema da viagem em Viagens na minha terra, de Almeida Garrett, é correto afirmar que:

A
Constitui uma espécie de alegoria dos profundos e delirantes mecanismos de funcionamento da alma do narrador. Como se fosse uma vivência alternativa à qual ele tivesse sido conduzido pelo movimento oscilatório de sua personalidade.
B
Implica não somente uma visita alegórica aos valores e glórias lusitanos, mas também uma espécie de pretexto para a discussão de ideias sobre indivíduo, povo, história, política, cultura, valores morais, costumes, mitos, tradições, poesia, artes, progresso e passado.
C
Obedece a um padrão onírico, com um encanto especial pela natureza do sonho, em que convivem personagens históricos de épocas completamente distintas, mas todos vinculados à bela tradição do passado.
D
Sugere alcançar a mais perigosa de todas as terras: o passado glorioso que não volta mais. Para chegar de fato a esse destino, o narrador terá de recorrer a todas as qualidades que constroem um verdadeiro herói: a coragem, a prudência, a astúcia e a paciência.
E
Nunca corresponde a um movimento meramente geográfico ou físico. Viajando em direção ao inconsciente do ser humano, o narrador descobre um caráter limitado, mesquinho, ocioso, vulgar, insensível, interesseiro e volúvel.

Gabarito comentado

R
Rebeca LealMonitor do Qconcursos

Tema central da questão: Interpretação de texto literário e análise do tema da viagem em Viagens na minha terra, de Almeida Garrett.

A questão exige do candidato a habilidade de compreender o significado simbólico e estrutural da viagem na obra, articulando elementos da narrativa e temas discutidos pelo autor.

JUSTIFICATIVA DA ALTERNATIVA CORRETA (B):

A alternativa B está correta porque reflete o propósito fundamental da viagem em Viagens na minha terra: muito além de um deslocamento físico ou descrição de paisagens, a jornada é utilizada como pretexto para explorar, debater e criticar aspectos diversos como indivíduo, povo, história, política, cultura, valores, tradições, artes e o próprio passado português. Trata-se de uma análise múltipla — histórica, social, ideológica e estética — do ser português, segundo a tradição da literatura romântica. Essa leitura é endossada por especialistas, como observado em gramáticas e estudos de referência (Bechara, Cunha & Cintra), que reforçam o papel da viagem enquanto elemento estruturador da reflexão nacional e identitária.

ANÁLISE DAS ALTERNATIVAS INCORRETAS:

A) Reduz a viagem a uma psicanálise do narrador, o que não corresponde à amplitude do texto; a viagem serve, sim, para reflexão, mas não é mero exercício introspectivo.

C) Atribui caráter onírico e mistura de personagens históricos de diferentes épocas; não há estruturação de sonho nem encontros atemporais dessa natureza na obra.

D) Sugere uma epopeia heroica, focada no passado e nas virtudes do herói clássico; a viagem não é busca gloriosa nem exige heroísmo convencional.

E) Afirma que a viagem se limita ao inconsciente humano e atribui ao português apenas traços negativos; visão redutora e distorcida do debate proposto na obra, que é muito mais plural e complexa.

DICA DE INTERPRETAÇÃO:
Sempre relacione o tema central do texto com o contexto da obra e as intenções do autor. Evite generalizações ou reduções excessivas e atente para as palavras-chave que ampliam (ou restringem) o sentido do texto.

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