Leia o texto a seguir.
O “estado de natureza”, ou “natural”, em que o homem se encontraria, abstração feita da constituição da
sociedade organizada e do governo, é o estado de “guerra de todos contra todos”. O homem é “o lobo do
homem” e movido por suas paixões e desejos não hesita em matar e destruir o outro, seu semelhante.
(MARCONDES, D. Iniciação à História da Filosofia. Dos Pré-Socráticos a Wittgenstein. Rio de Janeiro: Zahar, 2007. p.40.)
Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, a concepção antropológica de homem, retratada no
texto, e o seu defensor.
Gabarito comentado
Resposta correta: D — Negativa, defendida por Hobbes.
Tema central: compreensão da concepção antropológica apresentada — isto é, como um autor vê a natureza humana no “estado de natureza”. O enunciado descreve um homem movido por paixões, em conflito permanente: expressão clássica do pensamento hobbesiano.
Resumo teórico objetivo: Thomas Hobbes (Leviathan, 1651) descreve o estado de natureza como uma “guerra de todos contra todos” (bellum omnium contra omnes). A antropologia hobbesiana é negativa: o indivíduo, guiado pelo medo, pelo desejo e pela busca de poder, vive inseguro e violento; o contrato social e o Estado surgem para garantir paz e segurança.
Justificativa da alternativa D: A descrição “o lobo do homem” e “guerra de todos contra todos” é quase literal com Hobbes. Assim, a concepção é negativa (visão pessimista/realista da natureza humana) e Hobbes é o autor que melhor se ajusta a essa formulação.
Análise das alternativas incorretas:
A — Cética, defendida por Locke: Locke tem visão mais otimista/ racionalista do estado de natureza: direitos naturais (vida, liberdade, propriedade) e capacidade da razão para regular conflitos; não é ceticismo antropológico.
B — Filosófica, defendida por Maquiavel: “Filosófica” é vago; Maquiavel descreve comportamentos políticos e realismo, mas não usa a fórmula do “estado de natureza” como guerra universal — não é a correspondência correta.
C — Maniqueísta, defendida por Agostinho: Maniqueísmo implica dualismo cósmico bem/mal; Agostinho tem visão cristã sobre pecado original (pessimista em certo sentido), mas o rótulo “maniqueísta” é historicamente inadequado e a expressão do enunciado remete a Hobbes.
E — Niilista, defendida por Rousseau: Rousseau apresenta o homem no estado de natureza como, em grande parte, bom ou indiferente — o “bom selvagem” corrompido pela sociedade; portanto, niilismo e pessimismo não se aplicam a Rousseau.
Dica de prova (estratégia): ao ver expressões-chave — “guerra de todos contra todos”, “lobo do homem”, “estado de natureza” — associe imediatamente a Hobbes. Elimine alternativas com termos imprecisos ou que não casem com o diagnóstico antropológico apresentado.
Fonte recomendada: Thomas Hobbes, Leviathan (1651); para revisão introdutória, coleções como Marcondes, Iniciação à História da Filosofia.
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