Leia o texto a seguir.
Aristóteles substitui o idealismo de Platão pelo empirismo. A teoria ética aristotélica busca seu ideal não
em uma ideia universal e inatingível do bem, do belo e verdadeiro, mas numa concepção de felicidade,
alcançada pela ação, reflexão e experiência, consubstanciada no conceito de justiça.
(FREITAG, B. Itinerários de Antígona. A questão da moralidade. 4.ed. Campinas: Papirus, 2005. p.30.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o conceito de justiça em Aristóteles, assinale a alternativa
correta.
Gabarito comentado
Resposta correta: E
1) Tema central: A questão exige reconhecer a concepção aristotélica de virtude e justiça — especialmente a famosa doutrina da mediania (mesótes) — e diferenciá‑la de explicações providas por religião, consciência íntima, convenção política ou autoridade soberana.
2) Resumo teórico claro: Para Aristóteles (Ética a Nicômaco, Livro II), a virtude moral é um hábito que se situa como meio entre dois extremos (excesso e deficiência). A felicidade (eudaimonia) é alcançada pela ação virtuosa. A justiça, tratada no Livro V, relaciona‑se ao dar a cada um o que é devido, mas a formação moral que permite agir justamente aplica a regra da mediania.
3) Justificativa da alternativa E: A alternativa E — "Constitui-se a partir da mediania alcançada entre os extremos" — sintetiza a ideia aristotélica: a ação justa e a virtude moral surgem quando o agente encontra o ponto equilibrado entre excessos e faltas. Assim, E é a opção que melhor corresponde ao núcleo da ética aristotélica.
4) Por que as outras alternativas estão erradas:
A. "Decorre da convenção alcançada no debate político." — Confunde justiça com mero acordo social (teoria contratualista/relativista). Em Aristóteles, a justiça é virtude moral e política, mas não é redutível a convenção.
B. "Deriva da consciência interior de cada homem." — Aproxima‑se de visões introspectivas ou kantianas; Aristóteles enfatiza hábitos formados pela prática e pela razão, não apenas sensação interior.
C. "Sobrevém dos preceitos religiosos ditados pelo divino." — Remete ao divine command theory; Aristóteles fundamenta a ética na razão e na experiência, não em comandos divinos.
D. "Configura-se na obediência à norma ditada pelo soberano." — Confunde justiça com legalismo/positivismo (p. ex. Hobbes). Para Aristóteles, leis e soberania são relevantes, mas a virtude implica escolha racional e equilíbrio, não obediência acrítica.
5) Estratégia para provas: Procure termos-chave: "mediania", "meio" ou "mesótes" sinalizam Aristóteles. Se a alternativa aponta equilíbrio entre extremos, prefira‑a; desconfie de opções que reduzam ética a comando divino, consciência puramente subjetiva ou mero convênio político.
Fontes principais: Aristóteles, Ética a Nicômaco (Livros II e V); leitura de apoio: Freitag, Itinerários de Antígona.
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