Leia o texto a seguir.
Todo domínio da filosofia pertence exclusivamente à razão; isso significa que a filosofia deve admitir
apenas o que é acessível à luz natural e demonstrável apenas por seus recursos. A teologia baseia-se,
ao contrário, na revelação, isto é, afinal de contas, na autoridade de Deus.
(GILSON, E. A Filosofia na Idade Média. Trad. de Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1998. p.655.)
Sobre essa dicotomia, o pensamento de Tomás de Aquino, no contexto Escolástico do século XIII, orienta-se pela
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa E
Tema central: trata-se da relação entre fé e razão no pensamento escolástico de Tomás de Aquino. É importante saber que, na Idade Média, a questão não era eliminá‑la, mas mostrar como ambas se relacionam.
Resumo teórico claro: Tomás de Aquino defende a unidade possível entre razão e fé: a razão natural pode alcançar muitas verdades sobre Deus e o mundo; a revelação completa e esclarece verdades que ultrapassam a capacidade natural. Como afirma em obras como a Summa Theologiae e a Summa contra Gentiles, não há contradição verdadeira entre fé e razão porque ambas procedem de Deus (ver também Gilson, A Filosofia na Idade Média).
Justificativa da alternativa correta (E): a alternativa diz que há necessidade de unidade entre razão e fé porque ambas buscam a verdade e não podem ser contraditórias. Isso sintetiza a tese aquiniana: verdade revelada e verdade racional têm a mesma origem última e, corretamente ordenadas, são compatíveis. Tomás admite limites da razão e o papel da revelação, mas não uma oposição essencial entre as duas.
Análise das alternativas incorretas:
A — fala em razão como instância crítica dos pressupostos da fé. Embora Aquinas permita a investigação racional de crenças, ele não reduz a fé a mero objeto de crítica: a fé tem autoridade nas matérias reveladas. A frase exagera o papel crítico da razão.
B — propõe separação radical entre fé e razão. Isso corresponde ao fideísmo ou a uma ruptura moderna; não é a posição aquiniana, que integra os campos.
C — afirma sobreposição da fé sobre a razão. Também incorreto: Aquinas não subordina a razão quando ela pode demonstrar; ele defende complementaridade, não primazia cega da fé.
D — sugere supressão de fé e razão em favor da matemática. Não tem fundamento no escolasticismo; é anacrônico e irrelevante para Tomás.
Estratégia para provas: ao ver “Tomás de Aquino / escolástico”, associe imediatamente a harmonia fé‑razão. Procure termos como "unidade", "compatibilidade", "revelação" e "razão natural". Desconfie de alternativas que proponham separação absoluta ou hierarquia total.
Fontes sugeridas: Tomás de Aquino — Summa Theologiae; Summa contra Gentiles. Secundária: Etienne Gilson, A Filosofia na Idade Média; para contexto moderno: encíclica Fides et Ratio (João Paulo II).
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