Questão faf177e8-06
Prova:UNICENTRO 2015
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Leia o texto a seguir.

Estes problemas inevitáveis da própria razão pura são Deus, a liberdade e a imortalidade, e a ciência que, com todos os seus requisitos, tem por verdadeira finalidade a resolução destes problemas chama-se metafísica. O seu proceder é, de início, dogmático, isto é, aborda confiadamente a realização de tão magna empresa, sem previamente examinar a sua capacidade ou incapacidade.

(KANT, I. Crítica da Razão Pura. Trad. de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 3.ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1994. p.40.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de filosofia no pensamento de Kant, assinale a alternativa correta.

A
Destaca o conhecimento da essência das coisas como condição própria da razão.
B
Impõe o caráter superior da metafísica ao lidar com questões transcendentes.
C
Reforça o conhecimento empírico científico ao limitar-se à verdade da natureza.
D
Reivindica uma depuração crítica da razão que aponte os limites da metafisica.
E
Valoriza a lógica como instrumento possível para o conhecimento da metafísica.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: D

Tema central: a questão explora a crítica kantiana à metafísica dogmática e a proposta de uma crítica da razão que delimite os limites e as capacidades da razão humana. É importante conhecer a obra Crítica da Razão Pura (Kant) e a distinção entre conhecimento empírico, metafísico dogmático e a abordagem crítica.

Resumo teórico: Kant distingue três atitudes da razão: dogmática (que afirma sem exame), cética (negação radical) e crítica (investiga as condições e limites do conhecimento). A Crítica da Razão Pura tem por objetivo investigar criticamente se e como a razão pode conhecer Deus, liberdade e imortalidade — temas “inevitáveis” mas problemáticos — e assim delimitar a validade da metafísica como ciência (Kant, Crítica da Razão Pura).

Justificativa da alternativa D: A alternativa D diz que Kant “reivindica uma depuração crítica da razão que aponte os limites da metafísica”. Isso expressa fielmente a intenção kantiana: não defender a metafísica dogmática, mas submeter a razão a um exame crítico para distinguir o legítimo (ciência empírica, uso regulativo) do ilegítimo (pretensões metafísicas antificáveis). Fonte: Kant, Crítica da Razão Pura; análise secundária: Stanford Encyclopedia of Philosophy.

Análise das alternativas incorretas:

  • A — Incorreta: Kant não destaca o conhecimento da “essência das coisas” como condição própria; pelo contrário, mostra que não podemos conhecer as coisas-em-si (noumena), apenas os fenômenos condicionados pela sensibilidade e entendimento.
  • B — Incorreta: O texto critica o caráter confiante (dogmático) da metafísica, não lhe concede superioridade. Kant questiona e limita suas pretensões transcendentes.
  • C — Incorreta: Kant não “reforça o conhecimento empírico” no sentido de reduzir tudo à natureza; ele preserva a ciência empírica, mas pretende esclarecer os limites racionais — não restringe a metafísica ao âmbito naturalista.
  • E — Incorreta: Embora a lógica seja importante, Kant aponta que a lógica formal sozinha é insuficiente para garantir conhecimento metafísico; é preciso uma crítica das faculdades da razão, não apenas lógica como instrumento.

Dica de prova: Procure termos-chave no enunciado: “dogmático”, “limites”, “razão pura”. Eles indicam crítica da razão — pista para a resposta D.

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