Leia o texto a seguir.
Estes problemas inevitáveis da própria razão pura são Deus, a liberdade e a imortalidade, e a ciência
que, com todos os seus requisitos, tem por verdadeira finalidade a resolução destes problemas chama-se metafísica. O seu proceder é, de início, dogmático, isto é, aborda confiadamente a realização de tão
magna empresa, sem previamente examinar a sua capacidade ou incapacidade.
(KANT, I. Crítica da Razão Pura. Trad. de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 3.ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1994. p.40.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de filosofia no pensamento de Kant, assinale
a alternativa correta.
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: a questão explora a crítica kantiana à metafísica dogmática e a proposta de uma crítica da razão que delimite os limites e as capacidades da razão humana. É importante conhecer a obra Crítica da Razão Pura (Kant) e a distinção entre conhecimento empírico, metafísico dogmático e a abordagem crítica.
Resumo teórico: Kant distingue três atitudes da razão: dogmática (que afirma sem exame), cética (negação radical) e crítica (investiga as condições e limites do conhecimento). A Crítica da Razão Pura tem por objetivo investigar criticamente se e como a razão pode conhecer Deus, liberdade e imortalidade — temas “inevitáveis” mas problemáticos — e assim delimitar a validade da metafísica como ciência (Kant, Crítica da Razão Pura).
Justificativa da alternativa D: A alternativa D diz que Kant “reivindica uma depuração crítica da razão que aponte os limites da metafísica”. Isso expressa fielmente a intenção kantiana: não defender a metafísica dogmática, mas submeter a razão a um exame crítico para distinguir o legítimo (ciência empírica, uso regulativo) do ilegítimo (pretensões metafísicas antificáveis). Fonte: Kant, Crítica da Razão Pura; análise secundária: Stanford Encyclopedia of Philosophy.
Análise das alternativas incorretas:
- A — Incorreta: Kant não destaca o conhecimento da “essência das coisas” como condição própria; pelo contrário, mostra que não podemos conhecer as coisas-em-si (noumena), apenas os fenômenos condicionados pela sensibilidade e entendimento.
- B — Incorreta: O texto critica o caráter confiante (dogmático) da metafísica, não lhe concede superioridade. Kant questiona e limita suas pretensões transcendentes.
- C — Incorreta: Kant não “reforça o conhecimento empírico” no sentido de reduzir tudo à natureza; ele preserva a ciência empírica, mas pretende esclarecer os limites racionais — não restringe a metafísica ao âmbito naturalista.
- E — Incorreta: Embora a lógica seja importante, Kant aponta que a lógica formal sozinha é insuficiente para garantir conhecimento metafísico; é preciso uma crítica das faculdades da razão, não apenas lógica como instrumento.
Dica de prova: Procure termos-chave no enunciado: “dogmático”, “limites”, “razão pura”. Eles indicam crítica da razão — pista para a resposta D.
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