Sobre o texto acima, pode-se afirmar que:
Leia o texto abaixo para responder à questão.
Nomes de ruas dizem mais sobre o Brasil do
que você pensa
Murilo Roncolato, Daniel Mariani,
Ariel Tonglet e Wellington Freitas
Você provavelmente não é o responsável
pela escolha dos nomes do seu país, Estado,
cidade ou rua, mas as motivações atreladas a
todos eles, queira você ou não, fazem parte da
sua identidade. O professor da USP e diretor no
Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo,
Jorge Cintra, explica que os fatores que
influenciam a denominação de ruas, avenidas e
praças mudam ao longo do tempo.
Homens ainda dão nome à maior parte
dos viadutos (88,2%), avenidas (87,1%), parques
(86,9%) e praças (85,4%). Enquanto nomes
femininos têm participação um pouco melhor, sem
nunca chegar a 30%, em vilas (29,6%), passagens (27,2%), escadarias (24,3%), servidões (24,3%) e
vielas (24,0%). “É estranho, mas é preciso levar
em conta também que na vida pública das cidades
brasileiras do passado, o homem é quem poderia
se destacar. A mulher ficava em casa. Assim, é
claro que mais homens serão reconhecidos como
pessoas notáveis. Há mulheres como Princesa
Isabel e Maria Quitéria, mas são exceções”, opina
o professor.
Por aqui, dos 30 primeiros nomes mais
populares entre homens, 14 são entidades
católicas, a outra parte, liderada por Tiradentes e
Santos Dumont, se distribui entre escritores,
políticos e militares. Já entre os 30 logradouros de
nomes femininos, apenas quatro não são de
caráter religioso: são elas a citada Princesa Isabel,
a francesa Joana D’Arc, além de Anita Garibaldi e
Cecília Meireles. Cantoras, atrizes, escritoras e
heroínas militares se destacam na lista de
mulheres populares, que têm a peculiaridade de
carregar nomes ‘anônimos’, como Ana Maria,
Maria José, Maria Helena e Maria de Lourdes.
No Rio de Janeiro, uma lei municipal
(2.906/1999) criada há 16 anos tentou acelerar o
processo e tornou “obrigatória a alternância de
gênero, em igual proporção, de nomes de
personalidades masculinas e femininas”. De
acordo com a amostra utilizada pelo Nexo, mesmo
com a lei em vigor, o Rio contava, até o ano
passado, com só 14,9% de seus logradouros
ostentando nomes femininos.
Para o professor Jorge Cintra, o equilíbrio
entre os gêneros deve se refletir nos logradouros
com o tempo, através de um “movimento natural”.
“É uma discussão, mas acredito ser preferível que
as pessoas possam escolher livremente os novos
nomes de ruas. Regulamentar tudo pode ser algo
problemático”, opina.
(https://www.nexojornal.com.br/especial/2016/02/15/Nomes-de-ruas-dizemmais-sobre-o-Brasil-do-que-voc%C3%AA-pensa. Acesso em17/9/2018.
Texto adaptado)
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de Texto. Aqui, exige-se do candidato a leitura atenta e crítica, além da capacidade de localizar informações explícitas e implícitas no texto, conforme orientações de gramáticos como Evanildo Bechara e Koch & Elias. A questão testa diretamente coerência textual (sentido global das ideias) e análise semântica dos dados.
Justificativa da alternativa correta – D:
A alternativa D é correta porque o texto evidencia que, mesmo após a lei municipal do Rio de Janeiro exigir a alternância de gênero nos nomes dos logradouros, a predominância masculina permaneceu quase inalterada (“só 14,9% de logradouros ostentando nomes femininos”). Isso demonstra que a iniciativa legal não causou efeito significativo, sendo um dado textual direto.
Análise das alternativas incorretas:
A) Errada – Os autores, ao contrário, ressaltam a importância dos nomes na formação da identidade (“fazem parte da sua identidade”).
B) Errada – Erro de coerência factual: Santos Dumont não é entidade religiosa. O exemplo é incompatível com o argumento da alternativa.
C) Errada – O professor cita que o equilíbrio deve ser um “movimento natural”, não classificando como artificial, mas defendendo a espontaneidade da escolha.
E) Errada – O texto mostra desproporção entre nomes religiosos masculinos e femininos, contrariando a ideia de equivalência.
Orientação estratégica: Fique atento a expressões quantitativas e dados objetivos, que muitas vezes aparecem como respaldo para a resposta correta. Desconfie de alternativas que distorcem exemplos do texto ou fazem generalizações indevidas, além de prestar atenção em palavras como “naturalmente”, “sempre”, “mesma”, que podem indicar pegadinhas ao apresentar verdades absolutas não sustentadas pelo texto.
Resumo: O gabarito é D, pois reflete fielmente o dado mais objetivo do texto quanto à eficácia da lei, privilegiando a interpretação literal e inferencial das informações, como recomenda Koch (2013).
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