Questão f983a1be-b6
Prova:IF-GO 2010
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Quanto à construção de sentidos, podemos afirmar que, no poema:

Texto 2
                   Homem Comum
Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento
e a vida sopra dentro de mim
pânica
feito a chama de um maçarico
e pode
subitamente
cessar.

Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas
rostos e
mãos, o guarda-sol vermelho ao meio-dia
em Pastos-Bons
defuntas alegrias flores passarinhos
facho de tarde luminosa
nomes que já nem sei
bandejas bandeiras bananeiras
tudo
misturado
essa lenha perfumada
que se acende
e me faz caminhar
Sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo, 
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
Poeta fui de rápido destino.
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau-de-arara.
Quero, por isso, falar com você,
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe o meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí, matando.

Que o tempo é pouco
e aí estão o Chase Bank,
a IT & T, a Bond and Share,
a Wilson, a Hanna, a Anderson Clayton,
e sabe-se lá quantos outros
braços do polvo a nos sugar a vida
e a bolsa
Homem comum, igual
a você,
cruzo a Avenida sob a pressão do imperialismo.
A sombra do latifúndio
mancha a paisagem
turva as águas do mar
e a infância nos volta
à boca, amarga,
suja de lama e de fome.

Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonho e margaridas.
Gullar, F. Dentro da noite veloz. Civilização Brasileira, 1975; 3ª ed.,
José Olympio, 1998. In: Toda poesia. José Olympio, 12ª ed., 2002.

A
Fala-se de um encontro que se realiza entre o poeta e o homem comum, quando eles rompem com as obrigações do cotidiano para viver um dia de inteira liberdade.
B
O uso de imagens da natureza descaracteriza a necessidade do homem mobilizar-se contra a exploração do latifúndio.
C
A voz do eu-lírico, ao dizer de si, pretende identificar-se com o homem comum, a fim de motivá-lo para a união e para a luta por um mundo melhor.
D
Propõe-se o sonho como uma saída face à realidade esmagadora que obriga o homem a preocupar-se apenas com questões relativas à sobrevivência.
E
Sugere-se, pela imagem do homem comum, a ideia de conformidade ao estado de coisas pela precariedade de sua condição social.

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