Uma das observações mais relevantes do Texto 3 é a afirmação de que:
TEXTO 3
Português, a língua mais difícil do mundo?
Conta outra!
(1) Alguns mitos resistentes rondam como mosquitos
chatos a língua portuguesa falada no Brasil. Diante deles,
argumentações fundadas em fatos e um mínimo de
racionalidade são tão inúteis quanto tapas desferidos às
cegas em pernilongos zumbidores.
(2) A lenda de que se fala no estado do Maranhão o
português mais “correto” do Brasil é uma dessas balelas
aceitas por aí como verdades reveladas – e nem os
tristíssimos índices educacionais maranhenses podem fazer
nada contra isso.
(3) Outra bobagem de grande prestígio é aquela que
sustenta ser o português “a língua mais difícil do mundo”.
Baseada, talvez, na dor de cabeça real que acomete
estrangeiros confrontados com a arquitetura barroca de
nossos verbos, a afirmação é categórica o bastante para
dispensar a necessidade de uma prova.
(4) O sujeito erra o gênero da palavra alface e lá vem a
desculpa universal: “Ah, como é difícil a porcaria dessa
língua! Ah!, se tivéssemos sido colonizados pelos
holandeses”.
(5) Claro que isso não quer dizer que o queixoso fale
holandês. É justamente na imensa parcela monoglota da
população que a crença na dificuldade insuperável da
língua portuguesa encontra solo mais fértil.
(6) Não há dúvida de que o mito das agruras superlativas
do português diz muito sobre a falência educacional
brasileira, cupim que rói as fundações de qualquer projeto
de desenvolvimento social que vá além da promoção de um
maior acesso da população a shopping centers.
(7) Temo, porém, que suas raízes sejam mais profundas.
Percebe-se aí uma mistura tóxica de autocomplacência,
autodepreciação, ufanismo, fuga da realidade e desculpa
esfarrapada que pode ser ainda mais difícil de derrotar do
que nosso vicejante semianalfabetismo.
Sérgio Rodrigues. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/portugues-a-lingua-mais-dificil-domundo-conta-outra. Acesso em 06/09/2017. Adaptado.
TEXTO 3
Português, a língua mais difícil do mundo?
Conta outra!
(1) Alguns mitos resistentes rondam como mosquitos
chatos a língua portuguesa falada no Brasil. Diante deles,
argumentações fundadas em fatos e um mínimo de
racionalidade são tão inúteis quanto tapas desferidos às
cegas em pernilongos zumbidores.
(2) A lenda de que se fala no estado do Maranhão o
português mais “correto” do Brasil é uma dessas balelas
aceitas por aí como verdades reveladas – e nem os
tristíssimos índices educacionais maranhenses podem fazer
nada contra isso.
(3) Outra bobagem de grande prestígio é aquela que
sustenta ser o português “a língua mais difícil do mundo”.
Baseada, talvez, na dor de cabeça real que acomete
estrangeiros confrontados com a arquitetura barroca de
nossos verbos, a afirmação é categórica o bastante para
dispensar a necessidade de uma prova.
(4) O sujeito erra o gênero da palavra alface e lá vem a
desculpa universal: “Ah, como é difícil a porcaria dessa
língua! Ah!, se tivéssemos sido colonizados pelos
holandeses”.
(5) Claro que isso não quer dizer que o queixoso fale
holandês. É justamente na imensa parcela monoglota da
população que a crença na dificuldade insuperável da
língua portuguesa encontra solo mais fértil.
(6) Não há dúvida de que o mito das agruras superlativas
do português diz muito sobre a falência educacional
brasileira, cupim que rói as fundações de qualquer projeto
de desenvolvimento social que vá além da promoção de um
maior acesso da população a shopping centers.
(7) Temo, porém, que suas raízes sejam mais profundas.
Percebe-se aí uma mistura tóxica de autocomplacência,
autodepreciação, ufanismo, fuga da realidade e desculpa
esfarrapada que pode ser ainda mais difícil de derrotar do
que nosso vicejante semianalfabetismo.
Sérgio Rodrigues. Disponível em:
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/portugues-a-lingua-mais-dificil-domundo-conta-outra. Acesso em 06/09/2017. Adaptado.
Gabarito comentado
Comentário e Gabarito Comentado – Interpretação de Texto
Tema central: A questão exige habilidades de interpretação de texto e análise de coerência. O candidato deve identificar, dentre as alternativas, aquela cuja tese é realmente sustentada pelo texto e construída com base em argumentos claramente apresentados pelo autor.
Justificativa da alternativa correta – Letra D:
A alternativa D afirma que a “falência educacional brasileira destrói, irremediavelmente, qualquer projeto (...) de desenvolvimento social”. O texto usa uma metáfora clara: a falência educacional é o “cupim que rói as fundações de qualquer projeto de desenvolvimento social”. Isso indica que essa falência compromete profundamente esses projetos, alinhando-se à ideia da destruição das bases essenciais para avanços sociais.
Segundo Cunha e Cintra: “O sentido global do texto depende do reconhecimento das relações lógico-semânticas estabelecidas pelo autor”. Ou seja, compreender figuras de linguagem e relações de causa e consequência é essencial; aqui, a causa é a falência educacional, e a consequência, a inviabilização do desenvolvimento social consistente.
Por que as demais alternativas estão incorretas?
A) Chama de “verdade irrefutável” o que o texto denomina “balela”, ou seja, uma falsidade. A alternativa inverte o real posicionamento do autor — atenção à pegadinha semântica!
B) Atribui a estrangeiros a dispensa de provas sobre a dificuldade do português, mas o texto refere-se a quem faz tal afirmação no Brasil, não aos estrangeiros.
C) Afirma que a crença “ganha força” entre monoglotas, porém o texto diz apenas que “encontra solo mais fértil” (tem mais receptividade), o que não é o mesmo que crescimento ou fortalecimento do mito.
E) Sugere comparação direta entre superar o semianalfabetismo e derrotar o mito, mas o texto apenas expõe temor de que as origens do mito sejam profundas — não relaciona dificuldade entre os fenômenos.
Estrategicamente: Em questões como esta, busque palavras-chave e relações de causa/efeito no texto. Não se deixe enganar por generalizações ou paráfrases desviadas.
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