Questão f80bf4f4-e3
Prova:FPS 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Avaliando as escolhas de alguns trechos do Texto 2, podemos fazer os comentários seguintes:

1) Em: “A linguagem técnica, portanto, é imprescindível no falar jurídico, como de resto em qualquer ciência” (3º parágrafo), nesse trecho, o autor estende sua afirmação e atinge o plano geral.
2) Em: “Devemos, na medida do possível, ser concisos. Devemos, de igual modo, na medida do possível, ser claros”, a pretensão do autor nesse trecho foi ser reiterativo, enfático. (5º parágrafo)
3) Em: “É de se esperar que eles entendam minimamente o que estamos dizendo.”, significa que não há nenhuma dúvida quanto à ‘previsibilidade’ do que é afirmado.(6º parágrafo)
4) Em: “simplicidade é a coragem de abordar o essencial”, o autor recorreu a um enunciado sintético e conciso. (7º parágrafo)

Estão corretos os comentários em:

TEXTO 2
Falar difícil é falar bem?

(1) A linguagem jurídica é tida, por muitas pessoas, como sinônimo de linguagem inacessível. Muitos de nós que lidamos com o Direito adoramos falar difícil, amamos usar expressões que quase ninguém entende, sentimos prazer em exibir expressões latinas de utilidade duvidosa. 
(2) Naturalmente, toda ciência pressupõe uma terminologia própria, distinta do falar comum. Isso é compreensível e, em certa medida, esperado. “Invenção”, “tradição”, “confusão”, por exemplo, no Código Civil, são termos cujos sentidos diferem completamente do falar comum. Dizer que determinado juiz é “incompetente” não significa – ao contrário do que possa parecer a alguém não habituado com a linguagem processual – que o magistrado em questão não possua virtudes técnicas, mas apenas significa que ele não está habilitado, pelas regras processuais, a conhecer e julgar determinada causa.
(3) A linguagem técnica, portanto, é imprescindível no falar jurídico, como de resto em qualquer ciência. Não é disso, contudo, que estamos falando. Queremos dizer que ficou no passado – no museu das ideias – a imagem que confunde erudição com linguagem empolada. 
(4) Vivemos dias ágeis, velozes. Todos nós reclamamos da falta de tempo. Não faz sentido – como era bastante comum no século passado – petições “intermináveis”, com centenas de páginas. 
(5) Todos nós temos, atualmente – estejamos ou não conscientes disso – um dever de concisão e clareza. Devemos, na medida do possível, ser concisos. Devemos, de igual modo, na medida do possível, ser claros. Um filósofo certa vez apontou: a clareza é a cortesia do escritor.
(6) Não podemos esquecer que os destinatários das decisões judiciais são pessoas comuns, pessoas que não têm – nem se exige que tenham – formação jurídica. É de se esperar que eles entendam minimamente o que estamos dizendo. 
(7) Não é belo nem sábio usar uma linguagem espalhafatosa diante de alguém que não consegue compreender o que está sendo dito. É possível, quase sempre, substituir palavras pretensiosas por expressões mais simples, sem perder o sentido técnico. Como resumiu, certa vez, um físico inglês: simplicidade é a coragem de abordar o essencial. 

Felipe P. B. Netto. Disponível em: http://domtotal.com/artigo.php?artId=516. Acesso em 06/09/2017.

A
1, 2, 3 e 4.
B
2, 3 e 4, apenas.
C
1, 2 e 4, apenas
D
1, 3 e 4, apenas
E
1, 2 e 3, apenas.

Gabarito comentado

Q
Qesia Nunes Monitor do Qconcursos

Gabarito: C) 1, 2 e 4, apenas.

Tema central: Interpretação de texto, coesão, coerência e análise do discurso.

Esta questão exige que o candidato analise tanto o sentido literal quanto o implícito dos trechos destacados no texto, levando em conta elementos de generalização, ênfase, concisão e expectativa textual, fundamentos centrais de coerência textual e modos de argumentação. Veja a explicação:

Comentário 1 – Correto: O autor parte do específico (“falar jurídico”) e amplia para o geral (“qualquer ciência”), promovendo uma generalização. Isso corresponde ao fenômeno identificado como “alargamento do plano argumentativo”, conforme Koch & Marcuschi.

Comentário 2 – Correto: O autor repete a estrutura “Devemos, na medida do possível, ser...” para enfatizar a importância de ser conciso e claro. Trata-se de um recurso de reiteração e ênfase, estratégia muito usada para reforço argumentativo, conforme as gramáticas normativas (Bechara).

Comentário 3 – Incorreto: A expressão “É de se esperar” indica expectativa, não certeza absoluta. Na gramática textual, trata-se de um enunciado marcado por modalidade epistêmica – ou seja, expressa opinião, não fato determinístico (Bechara, 2016). Portanto, ao afirmar que “não há nenhuma dúvida”, o comentário exagera a força da frase original, tornando-a incorreta nessa leitura.

Comentário 4 – Correto: O trecho “simplicidade é a coragem de abordar o essencial” é um exemplo de síntese e concisão. O autor, ao usar uma frase curta e significativa, ilustra perfis de objetividade textual, valorizados em redação oficial e no padrão culto.

Resumo das alternativas:

  • A) Parcialmente incorreta pelo comentário 3.
  • B), D), E) Igualmente incorretas, pois incluem o comentário 3.
  • C) Correta: apenas os comentários 1, 2 e 4 estão adequados.

Estratégias para provas: Leia sempre com atenção termos como “é de se esperar”, “pode”, “deve”, identificando se expressam certeza, dúvida ou expectativa. Palavras e formas verbais muitas vezes indicam nuances essenciais para o sentido do texto.

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