No desenvolvimento do Texto 2, podemos perceber:
1) uma alusão ao fato de que todas as ciências
usam uma terminologia própria, distinta do falar
comum das pessoas.
2) um apelo para que o leitor saiba discernir entre
linguagem erudita e linguagem extravagante e
pretensiosa.
3) o principio de que a linguagem adequada é
aquela que se submete às condições do
interlocutor previsto.
4) a relevância e praticidade da linguagem clara e
concisa, sem que seja afetada a sua pertinência
técnica.
5) uma avaliação depreciativa do uso de expressões
latinas na linguagem comum de algumas áreas
profissionais.
Estão corretas as alternativas:
2) um apelo para que o leitor saiba discernir entre linguagem erudita e linguagem extravagante e pretensiosa.
3) o principio de que a linguagem adequada é aquela que se submete às condições do interlocutor previsto.
4) a relevância e praticidade da linguagem clara e concisa, sem que seja afetada a sua pertinência técnica.
5) uma avaliação depreciativa do uso de expressões latinas na linguagem comum de algumas áreas profissionais.
TEXTO 2
Falar difícil é falar bem?
(1) A linguagem jurídica é tida, por muitas pessoas, como sinônimo de linguagem inacessível. Muitos de nós que lidamos com
o Direito adoramos falar difícil, amamos usar expressões que quase ninguém entende, sentimos prazer em exibir expressões
latinas de utilidade duvidosa.
(2) Naturalmente, toda ciência pressupõe uma terminologia própria, distinta do falar comum. Isso é compreensível e, em certa
medida, esperado. “Invenção”, “tradição”, “confusão”, por exemplo, no Código Civil, são termos cujos sentidos diferem
completamente do falar comum. Dizer que determinado juiz é “incompetente” não significa – ao contrário do que possa parecer
a alguém não habituado com a linguagem processual – que o magistrado em questão não possua virtudes técnicas, mas
apenas significa que ele não está habilitado, pelas regras processuais, a conhecer e julgar determinada causa.
(3) A linguagem técnica, portanto, é imprescindível no falar jurídico, como de resto em qualquer ciência. Não é disso, contudo,
que estamos falando. Queremos dizer que ficou no passado – no museu das ideias – a imagem que confunde erudição com
linguagem empolada.
(4) Vivemos dias ágeis, velozes. Todos nós reclamamos da falta de tempo. Não faz sentido – como era bastante comum no
século passado – petições “intermináveis”, com centenas de páginas.
(5) Todos nós temos, atualmente – estejamos ou não conscientes disso – um dever de concisão e clareza. Devemos, na
medida do possível, ser concisos. Devemos, de igual modo, na medida do possível, ser claros. Um filósofo certa vez apontou:
a clareza é a cortesia do escritor.
(6) Não podemos esquecer que os destinatários das decisões judiciais são pessoas comuns, pessoas que não têm – nem se
exige que tenham – formação jurídica. É de se esperar que eles entendam minimamente o que estamos dizendo.
(7) Não é belo nem sábio usar uma linguagem espalhafatosa diante de alguém que não consegue compreender o que está
sendo dito. É possível, quase sempre, substituir palavras pretensiosas por expressões mais simples, sem perder o sentido
técnico. Como resumiu, certa vez, um físico inglês: simplicidade é a coragem de abordar o essencial.
Felipe P. B. Netto. Disponível em: http://domtotal.com/artigo.php?artId=516. Acesso em 06/09/2017.
(2) Naturalmente, toda ciência pressupõe uma terminologia própria, distinta do falar comum. Isso é compreensível e, em certa medida, esperado. “Invenção”, “tradição”, “confusão”, por exemplo, no Código Civil, são termos cujos sentidos diferem completamente do falar comum. Dizer que determinado juiz é “incompetente” não significa – ao contrário do que possa parecer a alguém não habituado com a linguagem processual – que o magistrado em questão não possua virtudes técnicas, mas apenas significa que ele não está habilitado, pelas regras processuais, a conhecer e julgar determinada causa.
(3) A linguagem técnica, portanto, é imprescindível no falar jurídico, como de resto em qualquer ciência. Não é disso, contudo, que estamos falando. Queremos dizer que ficou no passado – no museu das ideias – a imagem que confunde erudição com linguagem empolada.
(4) Vivemos dias ágeis, velozes. Todos nós reclamamos da falta de tempo. Não faz sentido – como era bastante comum no século passado – petições “intermináveis”, com centenas de páginas.
(5) Todos nós temos, atualmente – estejamos ou não conscientes disso – um dever de concisão e clareza. Devemos, na medida do possível, ser concisos. Devemos, de igual modo, na medida do possível, ser claros. Um filósofo certa vez apontou: a clareza é a cortesia do escritor.
(6) Não podemos esquecer que os destinatários das decisões judiciais são pessoas comuns, pessoas que não têm – nem se exige que tenham – formação jurídica. É de se esperar que eles entendam minimamente o que estamos dizendo.
(7) Não é belo nem sábio usar uma linguagem espalhafatosa diante de alguém que não consegue compreender o que está sendo dito. É possível, quase sempre, substituir palavras pretensiosas por expressões mais simples, sem perder o sentido técnico. Como resumiu, certa vez, um físico inglês: simplicidade é a coragem de abordar o essencial.
Gabarito comentado
Gabarito: E) 1, 3, 4 e 5, apenas.
Tema central: Interpretação de texto e leitura crítica de ideias são habilidades essenciais aqui, pois é preciso reconhecer a intenção do autor, identificar críticas, diferenciações e recomendações presentes no texto.
Justificativa da alternativa correta:
1) Correta. O texto, no segundo parágrafo, afirma claramente que “toda ciência pressupõe uma terminologia própria, distinta do falar comum”.
3) Correta. No sexto parágrafo, ao dizer que os destinatários das decisões “são pessoas comuns... é de se esperar que eles entendam minimamente o que estamos dizendo”, defende-se o princípio da adequação ao interlocutor.
4) Correta. O texto destaca a necessidade de “concisão e clareza” e diz que “é possível, quase sempre, substituir palavras pretensiosas por expressões mais simples, sem perder o sentido técnico”.
5) Correta. Observa-se tom crítico quanto ao uso “exibido” de expressões latinas de utilidade duvidosa, indicado por “sentimos prazer em exibir expressões latinas de utilidade duvidosa”.
Análise das alternativas incorretas:
2) Incorreta porque o texto não faz um apelo explícito para que o leitor discirna entre linguagem erudita e extravagante. O autor critica a confusão entre erudição e linguagem empolada, mas não pede de forma direta esse discernimento ao leitor.
Estratégias e ponto-chave de resolução:
Uma boa interpretação de texto, segundo Koch, consiste em ler além da superfície, identificando o real posicionamento do autor e as nuances em suas críticas. Palavras como “utilidade duvidosa”, “imagem que confunde erudição com linguagem empolada” e o destaque ao destinatário do discurso são marcas de subjetividade e crítica, que orientam a seleção.
Pegadinha frequente: Atenção a construções que parecem corretas por associação de ideias (caso da alternativa 2), mas não estão expressas objetivamente no texto em relação ao leitor. Jamais extrapole a intenção do autor. Foque na evidência textual!
Referências úteis: Bechara (Gramática Normativa), Koch & Elias (Ler e Compreender).
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