Para Graciliano Ramos, Angústia não faz concessão ao gosto
do público na medida em que compõe uma atmosfera
Os textos literários são obras de discurso, a que falta a imediata
referencialidade da linguagem corrente; poéticos, abolem,
“destroem” o mundo circundante, cotidiano, graças à função
irrealizante da imaginação que os constrói. E prendem‐nos na
teia de sua linguagem, a que devemo poder de apelo estético que
nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado
(...). No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando
retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e renovada pela
experiência da obra, à luz do que nos revelou, possibilita
redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e
nova. A ilusão, a mentira, o fingimento da ficção, aclara o real ao
desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o já pelo insight que
em nós provocou.
Benedito Nunes, “Ética e leitura”, de Crivo de Papel.
O que eu precisava era ler um romance fantástico, um
romance besta, em que os homens e as mulheres fossem
criações absurdas, não andassem magoando‐se, traindo‐se.
Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas
leituras já não me comovem.
Graciliano Ramos, Angústia.
Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado de
ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao
gosto do público. Solilóquio doido, enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a respeito de seu livro
Angústia.
Os textos literários são obras de discurso, a que falta a imediata referencialidade da linguagem corrente; poéticos, abolem, “destroem” o mundo circundante, cotidiano, graças à função irrealizante da imaginação que os constrói. E prendem‐nos na teia de sua linguagem, a que devemo poder de apelo estético que nos enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado (...). No entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando retornamos ao real, nossa experiência, ampliada e renovada pela experiência da obra, à luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sentindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A ilusão, a mentira, o fingimento da ficção, aclara o real ao desligar‐se dele, transfigurando‐o; e aclara‐o já pelo insight que em nós provocou.
Benedito Nunes, “Ética e leitura”, de Crivo de Papel.
O que eu precisava era ler um romance fantástico, um romance besta, em que os homens e as mulheres fossem criações absurdas, não andassem magoando‐se, traindo‐se. Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas leituras já não me comovem.
Graciliano Ramos, Angústia.
Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao gosto do público. Solilóquio doido, enervante.
Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere, em nota a respeito de seu livro Angústia.