Questão f4810db9-d9
Prova:UFVJM-MG 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

Leia o texto a seguir

Texto IV

I
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
- Ouvi-me, Guerreiros.
- Ouvi meu cantar.

II
Valente na guerra
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
- Guerreiros, ouvi-me;
- Quem há, como eu sou?

(...)

IX
E então se de novo
Eu toco o Boré;
Qual fonte que salta
De rocha empinada,
Que vai marulhosa,
Fremente e queixosa,
Que a raiva apagada
De todo não é,
Tal eles se escoam
Aos sons do Boré.
- Guerreiros, dizei-me,
- Tão forte quem é?

Fonte: DIAS, Gonçalves. Primeiros cantos. Domínio público.


ASSINALE a alternativa CORRETA a respeito do eu-lírico do poema O canto do guerreiro.

A
O eu-lírico do poema, homem branco, esforça-se em compreender o universo indígena, ressaltando seus hábitos de guerra.
B
O eu-lírico do poema, homem indígena, é constituído por Gonçalves Dias de maneira fidedigna à realidade do índio, sem influência da cultura europeia.
C
O eu-lírico do poema, homem indígena, é constituído por Gonçalves Dias à semelhança da imagem do cavaleiro medieval europeu, caracterizado por honra, fé e valentia.
D
O eu-lírico do poema, homem branco, compreende o universo indígena à semelhança da imagem do cavaleiro medieval europeu, caracterizado por honra, fé e valentia.

Gabarito comentado

R
Rebeca LealMonitor do Qconcursos

Tema central: Interpretação de texto poético, com foco na caracterização do eu-lírico segundo o contexto histórico-literário do Romantismo brasileiro.

Justificativa para a alternativa correta (C):

Ao interpretar o poema "O canto do guerreiro", nota-se que o eu-lírico é um guerreiro indígena que enaltece sua força, coragem e feitos, como observado nos versos: "Valente na guerra, quem há, como eu sou?". Porém, Gonçalves Dias (autor romântico) constrói essa figura com traços idealizados, muito semelhantes ao cavaleiro medieval europeu: exaltação da honra, da valentia extrema e da busca por glória.

Segundo Celso Cunha & Lindley Cintra, a interpretação literária exige analisar não só o sentido literal, mas a influência cultural e o contexto do autor, que, no período romântico, buscava heróis nacionais fundindo traços indígenas e europeus (gramática normativa e contextos históricos – Nova Gramática do Português Contemporâneo).

Assim, a alternativa C está correta, pois demonstra que Gonçalves Dias projetou no indígena qualidades heroicas à imagem do cavaleiro europeu – figura típica do Romantismo.

Análise das alternativas incorretas:

A) Está errada. O eu-lírico não é um homem branco, mas sim indígena. No texto, fala como integrante da comunidade guerreira: "Ouvi-me, Guerreiros".

B) Apesar de o eu-lírico ser indígena, sua construção não é fiel à realidade do índio puro, mas influenciada/idealizada pela cultura europeia (traço típico do Romantismo).

D) Incorreta por dois motivos: atribui equivocadamente a fala a um homem branco e reforça a caracterização já tratada na alternativa C, mas vinculando ao sujeito errado.

Como interpretar na prova:

Fique atento(a) à voz do eu-lírico (quem fala) e à maneira como ele se apresenta. Busque pistas no texto sobre sua origem e valores. Analise se há influências culturais externas no retrato dessa personagem. Cuidado com alternativas que trocam o sujeito do discurso ou omitem o contexto literário.

Resumo: Para questões semelhantes, observe sempre quem é o eu-lírico, quais valores manifesta e se há idealização típica de escolas literárias. Esse olhar criterioso evita erros em alternativas com trocas sutis de sujeito e contexto.

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