Leia o texto a seguir
Texto IV
I
Aqui na floresta
Dos ventos batida,
Façanhas de bravos
Não geram escravos,
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
- Ouvi-me, Guerreiros.
- Ouvi meu cantar.
II
Valente na guerra
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
- Guerreiros, ouvi-me;
- Quem há, como eu sou?
(...)
IX
E então se de novo
Eu toco o Boré;
Qual fonte que saltaDe rocha empinada,
Que vai marulhosa,
Fremente e queixosa,
Que a raiva apagada
De todo não é,
Tal eles se escoam
Aos sons do Boré.
- Guerreiros, dizei-me,
- Tão forte quem é?
Fonte: DIAS, Gonçalves. Primeiros cantos. Domínio público.
ASSINALE a alternativa CORRETA a respeito do eu-lírico do poema O canto do guerreiro.
I
Gabarito comentado
Tema central: Interpretação de texto poético, com foco na caracterização do eu-lírico segundo o contexto histórico-literário do Romantismo brasileiro.
Justificativa para a alternativa correta (C):
Ao interpretar o poema "O canto do guerreiro", nota-se que o eu-lírico é um guerreiro indígena que enaltece sua força, coragem e feitos, como observado nos versos: "Valente na guerra, quem há, como eu sou?". Porém, Gonçalves Dias (autor romântico) constrói essa figura com traços idealizados, muito semelhantes ao cavaleiro medieval europeu: exaltação da honra, da valentia extrema e da busca por glória.
Segundo Celso Cunha & Lindley Cintra, a interpretação literária exige analisar não só o sentido literal, mas a influência cultural e o contexto do autor, que, no período romântico, buscava heróis nacionais fundindo traços indígenas e europeus (gramática normativa e contextos históricos – Nova Gramática do Português Contemporâneo).
Assim, a alternativa C está correta, pois demonstra que Gonçalves Dias projetou no indígena qualidades heroicas à imagem do cavaleiro europeu – figura típica do Romantismo.
Análise das alternativas incorretas:
A) Está errada. O eu-lírico não é um homem branco, mas sim indígena. No texto, fala como integrante da comunidade guerreira: "Ouvi-me, Guerreiros".
B) Apesar de o eu-lírico ser indígena, sua construção não é fiel à realidade do índio puro, mas influenciada/idealizada pela cultura europeia (traço típico do Romantismo).
D) Incorreta por dois motivos: atribui equivocadamente a fala a um homem branco e reforça a caracterização já tratada na alternativa C, mas vinculando ao sujeito errado.
Como interpretar na prova:
Fique atento(a) à voz do eu-lírico (quem fala) e à maneira como ele se apresenta. Busque pistas no texto sobre sua origem e valores. Analise se há influências culturais externas no retrato dessa personagem. Cuidado com alternativas que trocam o sujeito do discurso ou omitem o contexto literário.
Resumo: Para questões semelhantes, observe sempre quem é o eu-lírico, quais valores manifesta e se há idealização típica de escolas literárias. Esse olhar criterioso evita erros em alternativas com trocas sutis de sujeito e contexto.
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