Questão f47f99ba-dd
Prova:MACKENZIE 2017
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Período Entre-Guerras: Revolução Russa de 1917

Rosa Luxemburgo, destacada intelectual marxista, escreveu, em 1918, a obra A Revolução Russa. Leia com atenção o trecho a seguir:

“A liberdade é sempre a liberdade de quem pensa de maneira diferente (...). A ditadura do proletariado deve ser obra da classe e não de uma pequena minoria dirigente em nome da classe (...). Sem eleições gerais, sem liberdade irrestrita de imprensa, de reunião e discussão (...), algumas dezenas de dirigentes do Partido (...) comandam e governam (...). Entre eles, a direção, na verdade, está nas mãos de uma dúzia de homens, e uma elite, escolhida na classe operária, é de tempos em tempos convocada a aplaudir os discursos dos chefes e votar por unanimidade as resoluções que lhe são apreendidas”.
Rosa Luxemburgo. A Revolução Russa. Citado em: Antoine Prost. Gérard Vincent (orgs). História da Vida Privada: Da Primeira Guerra aos nossos dias. v.5. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, pp.419-420

É correto afirmar que, para a autora, o processo revolucionário russo

A
contribuiu para a imposição das leis proletárias para o restante da União Soviética. Segunda essa visão, aos soviéticos, por serem a elite socialista, caberia a liderança sobre o restante dos países marxistas.
B
resultou na criação de uma ditadura por parte dos dirigentes do partido, e não do proletariado. Em sua visão, a ditadura do proletariado deveria partir da classe e não de um grupo de dirigentes que fala em seu nome.
C
criou uma elite burocrática semelhante aos demais países capitalistas. Por isso, o governo stalinista deveria ser substituído pela ditadura do proletariado, com ampla participação do operariado urbano na condução do país.
D
resultou de uma coalizão de forças entre o campesinato e o operariado urbano. Daí a necessidade, apontada no texto, de estabelecer um governo centralizador, que fosse capaz de congregar interesses diversos.
E
estabeleceu o comando proletário sobre os dirigentes do partido, razão pela qual o governo se encontrava sem credibilidade. A solução, segundo o texto, seria atentar para os múltiplos interesses envolvidos, e conciliá-los no governo.

Gabarito comentado

G
Gabrielle FrancoMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: crítica interna ao processo revolucionário russo — Rosa Luxemburgo acusa a Revolução Russa de ter gerado uma ditadura dos dirigentes do partido, não a verdadeira ditadura do proletariado entendida como poder exercido pela própria classe operária.

Resumo teórico: na tradição marxista, a expressão "ditadura do proletariado" designa um período em que a classe trabalhadora detém o poder político para suprimir a resistência da burguesia e construir o socialismo (Marx, Crítica ao Programa de Gotha). Luxemburg defende democracia de massas, eleições e liberdade de imprensa como condições para que esse poder seja legítimo. Em oposição, observa que a concentração de poder numa pequena direção partidária transforma o regime em ditadura de uma elite (Rosa Luxemburg, A Revolução Russa, 1918). Compare com Lenin (O Estado e a Revolução, 1917) para ver debates sobre vanguarda e partido.

Por que a alternativa B está certa: o trecho citado afirma explicitamente que a ditadura foi exercida por "uma pequena minoria dirigente" que governa em nome da classe, sem eleições e sem liberdade de imprensa — exatamente a crítica de Luxemburgo: não foi a classe proletária que governou, mas dirigentes que falaram em seu nome.

Análise das alternativas incorretas:

A — Incorreta. A alternativa afirma que os soviéticos impuseram leis proletárias e lideraram outros países marxistas. O texto aponta o contrário: falta de democracia e comando de poucos, não liderança legítima ou exportação de um poder proletário.

C — Incorreta. Mistura crítica válida (elite burocrática) com afirmação temporal e política errada: Luxemburgo não pede substituição do "governo stalinista" — ela escreveu em 1918, antes da consolidação stalinista — e sua ênfase é na democracia operária, não numa simples troca de regimes por rótulos.

D — Incorreta. A alternativa supõe que a revolução decorreu de uma coalizão camponesa-operária e que isso justificaria centralização. O texto critica a centralização autoritária e a falta de participação, não a necessidade de um governo centralizador para conciliar interesses.

E — Incorreta. Afirma o oposto do texto: diz que o proletariado controlou os dirigentes, quando Luxemburgo diz que são os dirigentes que controlam o proletariado, sem credibilidade nem liberdade.

Dica de interpretação: busque no enunciado palavras-chave (ex.: "sem eleições gerais", "uma dúzia de homens", "classe e não de uma pequena minoria") — elas mostram se a crítica é à legitimidade social do poder, ajudando a eliminar alternativas que invertam a relação dirigente/classe.

Referências úteis: Rosa Luxemburg, A Revolução Russa (1918); Karl Marx, Crítica ao Programa de Gotha; V. I. Lenin, O Estado e a Revolução (1917).

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo