A partir do texto acima, um fragmento do poema “Contagem regressiva”, de
Ana Cristina Cesar, assinale a alternativa correta.
Texto para a questão
01 Acreditei que se amasse de novo
02 esqueceria outros
03 pelo menos três ou quatro rostos que amei
04 Num delírio de arquivística
05 organizei a memória em alfabetos
06 como quem conta carneiros e amansa
07 no entanto flanco aberto não esqueço
08 e amo em ti os outros rostos
09 Qual tarde de maio.
10 Como um trunfo escondido na manga
11 carrego comigo tua última carta
12 cortada
13 uma cartada.
14 Não, amor, isto não é literatura
Ana Cristina Cesar, “Contagem regressiva”
02 esqueceria outros
03 pelo menos três ou quatro rostos que amei
04 Num delírio de arquivística
05 organizei a memória em alfabetos
06 como quem conta carneiros e amansa
07 no entanto flanco aberto não esqueço
08 e amo em ti os outros rostos
09 Qual tarde de maio.
10 Como um trunfo escondido na manga
11 carrego comigo tua última carta
12 cortada
13 uma cartada.
14 Não, amor, isto não é literatura
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de Texto Poético.
Esta questão envolve a compreensão dos sentidos implícitos no texto poético. É fundamental identificar a voz e o sentimento do eu lírico. Segundo as gramáticas de referência, como Bechara e Cunha & Cintra, poemas são frequentemente construídos com base em imagens, metáforas e subjetividade. O domínio das figuras de linguagem e da semântica contextual é essencial para evitar leituras literais.
Justificativa da alternativa correta (D):
A alternativa D aponta que as tentativas do Eu Lírico de esquecer antigos amores são infrutíferas, apoiando-se na passagem "e amo em ti os outros rostos". O texto começa com o desejo de esquecer o passado ao amar novamente ("Acreditei que se amasse de novo / esqueceria outros"), contudo, reconhece a persistência das lembranças. O verso-chave citado mostra que as experiências anteriores permanecem vivas no novo amor ― ou seja, há uma memória afetiva que resiste ao esquecimento. Isso está em conformidade com o conceito de memória emocional, discutido em gramáticas normativas (Cunha & Cintra) ao tratar da função poética da linguagem.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta, pois o eu lírico não defende abandonar o amor; há, sim, um desejo de recompor-se amando novamente.
B) Errada. O verso "Não, amor, isto não é literatura" não desqualifica a poesia, e sim ressalta a dor sentida como real, mais intensa do que qualquer construção artística. Não é a incapacidade da poesia em expressar mágoas, mas sim a crise entre sentimento e expressão.
C) Não há crítica direta ao artificialismo das relações, mas sim menção à organização das memórias (“delírio de arquivística”) ― uma metáfora para tentar controlar o passado.
E) O poema não idealiza o amor, ao contrário do Romantismo. Ao invés de um amor puro e inalcançável, demonstra a dificuldade, a sobreposição entre afetos antigos e novos.
Dica para provas: Leia atentamente palavras-chave como “no entanto” (adversidade), observe simbologias e tome cuidado com alternativas que ampliam, distorcem ou exageram ideias do texto original.
Referência importante: “A leitura de um poema exige identificar as várias camadas de sentido, sendo fundamental interpretar metáforas, estados emocionais e a função poética” (CUNHA & CINTRA, Nova Gramática do Português Contemporâneo).
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