“Não foi a União Soviética derrotada na Guerra Fria. O que ocorreu foi a implosão, o
colapso de um sistema econômico e político, estatal, cuja inviabilidade se podia prever, com
base na própria teoria de Marx e Engles, que jamais conceberam o socialismo como via de
desenvolvimento ou modelo alternativo para o capitalismo, mas como processo de
distribuição de riqueza, somente possível em condições de elevado nível de progresso das
forças produtivas do próprio capitalismo, o que a Rússia não havia alcançado.”
(Bandeira, Luiz Alberto Moniz. Formação do império americano: da guerra contra a Espanha à
guerra no Iraque. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006. p. 481.) Acesso em: 21 set 2017.
“A transição para a recuperação efetiva da economia [cubana] exigiria alcançar taxas de
acumulação similares às que mantiveram entre 1975 e 1989, quer dizer, da ordem de 25%
do produto. A esse respeito é oportuno recordar que a obtenção desses níveis de
acumulação foi possível pelo efeito combinado dos níveis fixados ao consumo pessoal e por
facilidades financeiras que possuíam os países socialistas. No entanto, na atualidade é
muito difícil aspirar estes níveis de acumulação: primeiro, por que o consumo da população
se encontra muito deprimido e requer uma recomposição obrigatória; segundo, por que não
existem possibilidades objetivas de que o país possa voltar a desfrutar das condições
internacionais que tinha em 1989.”
(Revista Bimestre Cubana: de la sociedad económica de amigos del país. Volumen LXXXVIII, juliodeciembre 2000, época III, nº 13, La Habana, Cuba, p. 14. Citação traduzida do original em espanhol.)
Acesso em: 21 set 2017.
Considerando as citações sobre a crise da economia socialista na URSS e em Cuba,
podemos afirmar que:
Gabarito comentado
Resposta: Alternativa B
Tema central: a crise dos países socialistas no final do século XX (queda da URSS, “Período Especial” em Cuba) e suas causas — tema recorrente em provas de História Geral por exigir análise de fatores internos e externos.
Resumo teórico: sistemas socialistas centralizados enfrentaram problemas estruturais: ineficiências de planejamento, falta de incentivos à produtividade, obsolescência tecnológica e prioridades de investimento (indústria pesada e defesa) que reduziram consumo e acumulação interna. Essas fragilidades foram agravadas por choques externos — perda de mercados e assistência do bloco socialista após 1989. Para análise aprofundada, consultar obras de János Kornai (The Socialist System) e estudos sobre o “Período Especial” cubano.
Por que B está correta: a alternativa reconhece que, além de fatores externos, políticas internas equivocadas e limitações do modelo contribuíram para a crise. A queda do bloco socialista resultou de uma combinação: falhas de organização econômica e decisões políticas que reduziram eficiência e capacidade de acumulação, tornando os países vulneráveis aos choques externos — exatamente a explicação multifatorial defendida por estudos históricos e econômicos.
Análise das alternativas incorretas:
- A (exclusivamente fatores externos): erro por usar “exclusivamente”. A interpretação correta é multifatorial; políticas internas importaram.
- C (crise mundial simultânea): incorreto. Embora houve crises em momentos distintos (ex.: choque do petróleo na década de 1970), a estagnação dos socialismos teve causas específicas internas e do bloco; não foi apenas parte de uma crise sincronizada das economias avançadas.
- D (crise transitória com retomada estatista): falso. No caso da URSS ocorreu colapso e transição para mercados; em muitos países houve reformas de mercado, não um fortalecimento do estatismo.
- E (exclusivamente investimentos militares): também exagera ao apontar causa única. Despesas militares foram um fator de pressão, mas não explicam sozinhas falta de inovação, ineficiências e perda de apoio externo.
Estratégia para provas: desconfie de alternativas com termos absolutos (ex.: “exclusivamente”, “somente”); prefira respostas que admitem causalidade múltipla e articulem fatores internos e externos.
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