Sobre os primeiros anos de Getúlio Vargas no poder, escreve o historiador Stanley Hilton:
“É importante lembrar [...] que não houve na história contemporânea do Brasil período mais
confuso do que o Governo Provisório. A derrubada da república velha abriu a caixa de
Pandora. A própria Aliança Liberal era uma coalizão inviável, uma vez que o inimigo comum
fora eliminado. (...) Floresceram comunistas, socialistas, fascistas, federalistas,
autonomistas, regionalistas, nacionalistas, classistas, corporativistas, tenentistas,
constitucionalistas e todos os ‘istas’ que se possa imaginar.”
(HILTON, Stanley. A guerra civil brasileira: história da Revolução Constitucionalista de 1932. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1982. pp. 32-33). Acesso em: 21 set 2017.
O período chamado de Governo Provisório (1930-1934) caracteriza-se:
Gabarito comentado
Tema central da questão: O Governo Provisório de Getúlio Vargas (1930-1934) e suas características, especialmente instabilidade política, conflitos regionais, centralização e as disputas pela elaboração de uma nova constituição.
Explicação didática: Após a Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o poder com um governo provisório. Esse período foi turbulento: a antiga ordem (“República Velha”) foi desmantelada, mas o novo regime precisava se afirmar, enfrentando tanto pressões por mudanças quanto resistências de diferentes grupos políticos e regionais. Havia tensões entre a centralização (Vargas nomeava interventores para os estados) e o desejo de autonomia estadual, além da disputa por uma nova constituição.
A alternativa correta é a A. Ela resume fielmente a situação de instabilidade, marcada por conflitos nacionais e regionais em torno da centralização do poder e da redemocratização constitucional.
Elementos teóricos relevantes: Segundo os principais manuais de História do Brasil (ex: Boris Fausto, História do Brasil), o período foi pontuado por disputas intensas – como a Revolução Constitucionalista de 1932, quando São Paulo exigiu a convocação de uma Assembleia Constituinte. Não se tratou de um momento de unidade, mas de rivalidades, intervenções federais e movimentações políticas intensas.
Por que as demais estão erradas?
B) Inadequada, pois NÃO houve uma aliança estável entre Minas, Rio Grande do Sul e São Paulo. São Paulo rompeu com o governo, liderando inclusive a oposição armada em 1932.
C) Equivocada: O sistema multipartidário nacional só nasceu de fato após a Constituição de 1934. No governo provisório, intervenções e repressão limaram partidos estaduais e minorias.
D) Incorreta: Não houve eleições diretas para governadores; os chefes dos executivos estaduais (“interventores”) eram nomeados por Vargas, geralmente militares ou aliados próximos.
E) Errada: A Constituição de 1891 não foi alterada para incluir dois turnos. Já a Constituição de 1934 trouxe algumas novidades, mas o sistema eleitoral em dois turnos só foi implantado em 1988.
Estratégia para provas: Nas questões desse tipo, busque palavras-chave (“instabilidade”, “conflitos”, “centralização”, “nomeação de interventores”) e desconfie de descrições muito harmoniosas ou anacrônicas. Leia atentamente os comandos: termos “ampla aliança”, “eleições diretas” e “partidos nacionais” muitas vezes são pegadinhas!
Resumo do aprendizado: Identifiquei a alternativa correta pela leitura atenta, associação entre períodos históricos e análise crítica das opções, considerando sempre a teoria consolidada nos principais manuais (Boris Fausto, Villalta, Skidmore).
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