“Somos como navegantes em mar aberto que têm de reconstruir seu navio, mas nunca podem recomeçar
desde o princípio. Quando uma viga é retirada, uma nova tem de ser imediatamente recolocada em seu lugar
e, para tanto, o restante do navio é usado de apoio. Desse modo, com vigas velhas e troncos flutuantes, o
navio pode ser completamente refeito, mas apenas por reconstrução gradual.” (Otto Neurath, Empirismo e
sociologia)
A imagem do navio de Neurath ilustra o antifundacionalismo do autor. Embora o pensamento antifundacional
seja bastante diverso e diferentes ideias sejam articuladas por seus defensores, esses, de modo geral, ...
“Somos como navegantes em mar aberto que têm de reconstruir seu navio, mas nunca podem recomeçar desde o princípio. Quando uma viga é retirada, uma nova tem de ser imediatamente recolocada em seu lugar e, para tanto, o restante do navio é usado de apoio. Desse modo, com vigas velhas e troncos flutuantes, o navio pode ser completamente refeito, mas apenas por reconstrução gradual.” (Otto Neurath, Empirismo e sociologia)
A imagem do navio de Neurath ilustra o antifundacionalismo do autor. Embora o pensamento antifundacional seja bastante diverso e diferentes ideias sejam articuladas por seus defensores, esses, de modo geral, ...
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: trata-se do antifundacionalismo ilustrado pela metáfora do navio de Otto Neurath — a ideia de que não existe um fundamento absolutamente seguro para o conhecimento; as crenças são reconstruídas de modo contínuo, apoiando‑se mutuamente.
Resumo teórico: o antifundacionalismo se opõe ao fundacionalismo (que busca bases infalíveis). Em vez disso, adota uma visão coerentista/holística: a justificativa de uma crença depende de sua relação com outras crenças dentro de um sistema. Textos de referência: Otto Neurath, "Empirismo e sociologia"; também conexo às ideias de W. V. O. Quine ("Two Dogmas of Empiricism") e entradas da Stanford Encyclopedia of Philosophy sobre foundationalism e coherentism.
Justificação da alternativa D: D afirma que "a justificação de uma crença particular depende de outras crenças que assumimos" — isso captura a essência do antifundacionalismo e do exemplo do navio: ao trocar uma tábua usamos as demais para apoio. Logo, D é a resposta correta.
Análise das alternativas incorretas:
A — "as descrições científicas são o ponto de partida de todo o filosofar": incorreto. Alguns antifundacionalistas são naturalistas, mas o antifundacionalismo não exige que a ciência seja o único ponto de partida nem afirma isso como definição do movimento.
B — "pressupõem uma certeza sólida e inabalável": exatamente o contrário do antifundacionalismo; este rejeita fundamentos infalíveis.
C — "sem fundamentos últimos, todas as opiniões são igualmente merecedoras de crença": erro de interpretação. Antifundacionalismo não implica relativismo total; distingue-se por procedimentos de justificativa (coerência, evidência empírica), não por equiparação de todas as opiniões.
E — "mantêm a esperança de encontrar um método universal para justificar definitivamente o conhecimento": também oposto; o antifundacionalismo nega a possibilidade de uma justificativa definitiva e universal.
Estratégias para resolver questões assim:
- Identifique a metáfora-chave (aqui: reconstrução contínua do navio) e associe ao conceito filosófico (antifundacionalismo/coerentismo).
- Elimine alternativas que enunciem extremos opostos (certeza absoluta, método universal).
- Desconfie de afirmações que transformam ausência de fundamento em relativismo absoluto.
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