“(...) a instituição social da monarquia chega
a seu maior poder na fase histórica em que
uma nobreza em decadência já está obrigada
a competir de muitas maneiras com grupos
burgueses em ascensão, sem que qualquer
um dos lados possa derrotar inapelavelmente
o outro. A aceleração da monetarização e da
comercialização no século XVI deu aos grupos
burgueses um estímulo ainda maior e empurrou
fortemente para trás o grosso da classe
guerreira, a velha nobreza. Ao fim das Iutas
sociais nas quais essa violenta transformação
da sociedade encontrou expressão, crescera
consideravelmente a interdependência entre
partes da nobreza e da burguesia.”
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, vol. II, p. 152.
• O texto considera que o regime monárquico
na Europa moderna
“(...) a instituição social da monarquia chega a seu maior poder na fase histórica em que uma nobreza em decadência já está obrigada a competir de muitas maneiras com grupos burgueses em ascensão, sem que qualquer um dos lados possa derrotar inapelavelmente o outro. A aceleração da monetarização e da comercialização no século XVI deu aos grupos burgueses um estímulo ainda maior e empurrou fortemente para trás o grosso da classe guerreira, a velha nobreza. Ao fim das Iutas sociais nas quais essa violenta transformação da sociedade encontrou expressão, crescera consideravelmente a interdependência entre partes da nobreza e da burguesia.”
ELIAS, Norbert. O processo civilizador. Rio de Janeiro: Zahar, vol. II, p. 152.
• O texto considera que o regime monárquico
na Europa moderna
Gabarito comentado
Resposta correta: Alternativa A
Tema central: formação e fortalecimento da monarquia na Europa moderna diante da transformação social causada pela monetarização e comercialização — com a nobreza tradicional em decadência e uma burguesia em ascensão. Entender esse processo exige saber como relações sociais e econômicas moldaram a capacidade do Estado de mediar conflitos e consolidar autoridade.
Resumo teórico (claro e progressivo): Norbert Elias (O processo civilizador) argumenta que a monarquia atinge grande potência quando uma nobreza guerreira perde prestígio e recursos e precisa competir com grupos burgueses crescentes. Essa competição não gera uma vitória total de um lado: cria uma situação de interdependência, em que o rei funciona como mediador e base de equilíbrio. Complementarmente, estudiosos como Charles Tilly mostram como tributação, capital e violência se articulam na formação do Estado — ou seja, mudanças econômicas pressionam ajustes políticos.
Por que a alternativa A está correta: A reproduz exatamente a ideia do texto: a monarquia resulta da competição e da crescente interdependência entre nobreza e burguesia, envolvendo um equilíbrio em que nenhum grupo derrota definitivamente o outro. Frase-chave do enunciado: “nenhum dos lados possa derrotar inapelavelmente o outro” — é a pista decisiva que orienta a escolha da A.
Análise das alternativas incorretas:
B (incorreta): Afirma que a monarquia atinge força máxima com a vitória da burguesia e que o rei deixa de mediar lutas. Contrapõe-se ao texto, que indica equilíbrio e mediação contínua; não há uma vitória definitiva da burguesia que torne a monarquia simplesmente dependente dela.
C (incorreta): Diz que a monarquia expressa a “capacidade da nobreza vitoriosa” para financiar o regime. O texto descreve a nobreza em decadência, não vitoriosa; logo, C inverte a relação causal e interpreta mal o papel da nobreza.
D (incorreta): Reduz o regime aos interesses exclusivos do monarca e associa sua afirmação à vitória da burguesia sobre a velha nobreza. Isso nega a ideia de interdependência e mediação indicada por Elias — o poder real não se afirma apenas como instrumento de uma classe vencedora.
Estratégia de prova: procure termos-chave no enunciado (ex.: “interdependência”, “nenhum dos lados”, “monarquia chega a seu maior poder”) e evite alternativas com palavras absolutas (ex.: “exclusivamente”, “vitoria definitiva”). Parafraseie mentalmente o trecho: se a alternativa reproduz o sentido de equilíbrio/mediador, tende a ser correta.
Fontes úteis: Norbert Elias, O processo civilizador (vol. II); Charles Tilly, Coercion, Capital, and European States, AD 990–1992.
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