Questão f06e8f2b-36
Prova:UNESP 2012
Disciplina:Filosofia
Assunto:

Se um governo quer reduzir o índice de abortos e o risco para as mulheres em idade reprodutiva, não deveria proibi-los, nem restringir demais os casos em que é permitido. Um estudo publicado em “The Lancet” revela que o índice de abortos é menor nos países com leis mais permissivas, e é maior onde a intervenção é ilegal ou muito limitada. “Aprovar leis restritivas não reduz o índice de abortos”, afirma Gilda Sedgh (Instituto Guttmacher, Nova York), líder do estudo, “mas sim aumenta a morte de mulheres”. “Condenar, estigmatizar e criminalizar o aborto são estratégias cruéis e falidas”, afirma Richard Horton, diretor de “The Lancet”. “É preciso investir mais em planejamento familiar”, pediu a pesquisadora, que assina o estudo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Os seis autores concluem que “as leis restritivas não estão associadas a taxas menores de abortos”. Por exemplo, o sul da África, onde a África do Sul, que o legalizou em 1997, é dominante, tem a taxa mais baixa do continente.

(http://noticias.uol.com.br, 22.01.2012. Adaptado.)

Na reportagem, o tema do aborto é tratado sob um ponto de vista

A
fundamentalista-religioso, defendendo a validade de sua proibição por motivos morais.
B
político-ideológico, assumindo um viés ateu e materialista sobre essa questão.
C
econômico, considerando as despesas estatais na área da saúde pública em todo o mundo.
D
filosófico-feminista, defendendo a autonomia da mulher na relação com o próprio corpo.
E
estatístico, analisando a ineficácia das restrições legais que proíbem o aborto.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: E — estatístico

Tema central: a reportagem trata o aborto sob um viés empírico/estatístico, apresentando dados de estudos (The Lancet, Guttmacher, OMS) que relacionam regimes legais e taxas de aborto e mortalidade materna. Para resolver a questão é preciso identificar se o texto privilegia argumentos normativos (morais, ideológicos) ou resultados de pesquisa e análise de dados.

Resumo teórico: estudos epidemiológicos comparam taxas de aborto entre países e verificam associações: leis restritivas não necessariamente diminuem o número de abortos, mas aumentam abortos inseguros e mortes maternas. Conceitos úteis: correlação vs. causalidade, indicadores epidemiológicos (taxa de aborto, mortalidade materna) e papel do acesso à contracepção e serviços de saúde. Referências: Sedgh et al., The Lancet (2012); Guttmacher Institute; WHO (relatórios sobre aborto inseguro).

Justificativa da alternativa E: o texto enfatiza um estudo, taxas e a conclusão de que “leis restritivas não estão associadas a taxas menores de abortos”. Essas expressões são típicas de análise estatística/empírica; logo, o enfoque é estatístico, não moral ou ideológico.

Análise das alternativas incorretas:

A — fundamentalista-religioso: incorreta — não há argumentação moral que defenda a proibição por motivos religiosos; o texto critica proibições com base em dados de saúde.

B — político-ideológico (ateu/materialista): incorreta — não aparece discurso ideológico nem defesa de posição ateia; o enfoque é técnico-científico.

C — econômico: incorreta — não há análise de custos públicos ou despesas em saúde; o foco é taxa de aborto e mortalidade.

D — filosófico-feminista: incorreta — embora haja menção à autonomia ser um tema correlato, a reportagem não articula uma defesa filosófica dos direitos da mulher; ela apresenta evidências estatísticas sobre efeitos de leis.

Dica para prova: busque palavras-chave do enunciado: "estudo", "taxa", "revela", "associação". Elas indicam abordagem empírica. Desconfie quando alternativas impõem motivações (religiosa, ideológica, filosófica) sem respaldo no texto.

Fontes indicadas: Sedgh et al., The Lancet (2012); Guttmacher Institute; WHO — relatórios sobre aborto inseguro.

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