Leia o texto a seguir.
- Tem aviso que alguém estaria ''abiscoitando'' algo.
- Ah, deve ser ''agá'' do pessoal!
- Não é, não! Disseram ainda que o cara é ''021'' e que
tava ''colando as placas''. Também parece que tá portando
''aço'' e ''canela seca''.
- Ok. Vamos ver essa ''bagaça''. E aí? Pegamos a ''baratinha''?
- Pelo ''bizu'' que recebi é melhor ir de ''barca''. E vê se não
esquece a ''lurdinha''!
O diálogo acima, embora pouco esclarecedor para a população civil, é perfeitamente compreensível por policiais militares. A ''linguagem técnica'' desse setor é tão extensa e variada que já resultou até em um dicionário, elaborado por um
tenente de Curitiba (Folha de Londrina 18/08/2003).
Assinale a alternativa que justifique a linguagem do texto.
Leia o texto a seguir.
- Tem aviso que alguém estaria ''abiscoitando'' algo.
- Ah, deve ser ''agá'' do pessoal!
- Não é, não! Disseram ainda que o cara é ''021'' e que tava ''colando as placas''. Também parece que tá portando ''aço'' e ''canela seca''.
- Ok. Vamos ver essa ''bagaça''. E aí? Pegamos a ''baratinha''?
- Pelo ''bizu'' que recebi é melhor ir de ''barca''. E vê se não esquece a ''lurdinha''!
O diálogo acima, embora pouco esclarecedor para a população civil, é perfeitamente compreensível por policiais militares. A ''linguagem técnica'' desse setor é tão extensa e variada que já resultou até em um dicionário, elaborado por um tenente de Curitiba (Folha de Londrina 18/08/2003).
Assinale a alternativa que justifique a linguagem do texto.
Gabarito comentado
Comentário sobre a questão – Variação Linguística e Dinamicidade da Língua
Tema central: A questão trata da variação linguística e da dinamicidade da língua portuguesa, evidenciando como grupos sociais, profissões ou regiões desenvolvem vocabulários próprios — os chamados jargões — para facilitar a comunicação interna.
Justificativa da alternativa correta (D):
A alternativa D reconhece que a língua é dinâmica e se transforma de acordo com fatores sociais, regionais e profissionais. Como abordam autores como Carlos Alberto Faraco e João Wanderley Geraldi, a variação linguística é um fenômeno natural e necessário. O texto apresenta o jargão policial, uma variedade linguística própria, legitimando a alternativa D ao afirmar que a língua está sempre sujeita a mudanças e adaptações, revelando sua vitalidade e capacidade de responder ao contexto sociocultural dos usuários.
Regras e conceitos envolvidos: A norma-padrão valoriza a adequação da forma linguística ao contexto comunicativo, reconhecendo que o uso de jargões NÃO indica erro, e sim adequação ao grupo e à função pretendida. Gramáticas de referência, como Cunha & Cintra e Bechara, discutem a existência de níveis de linguagem (familiar, técnico, regional), sendo o jargão policial uma manifestação legítima.
Análise das alternativas incorretas:
A) Incorreta: Comete preconceito linguístico, ao afirmar que a linguagem do texto é resultado de ignorância. Não reconhece que variação não é erro, mas sim recurso da língua.
B) Incorreta: Reduz a função do jargão ao despiste de malfeitores. O principal motivo é a comunicação eficiente entre membros do grupo profissional.
C) Incorreta: Critica injustamente a criação de formas de falar próprias, ignorando o papel essencial dos jargões e da variação linguística na evolução da língua.
Dica de interpretação:
Ao ler enunciados sobre língua e seus usos, fique atento a palavras como dinamicidade, variedade, adaptação e contexto. Elas geralmente indicam respeito à pluralidade linguística. Evite opções que demonstrem preconceito ou visão rígida sobre o idioma.
Conclusão:
A língua é viva, mutável e apropriada pelo cidadão conforme sua realidade e necessidades, sendo a alternativa D a mais alinhada à sociolinguística e à norma-padrão.
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