Questão efbed707-ba
Prova:UERJ 2014
Disciplina:História
Assunto:República Autoritária : 1964- 1984, História do Brasil

A vontade de mudar o nome do antigo Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici, em Salvador, não aconteceu por conta da efeméride dos 50 anos do golpe militar. Segundo a diretora Aldair Almeida Dantas, essa era uma insatisfação antiga da comunidade. “A novidade foi a convergência de intenções e a coincidência com esse período de resgaste histórico”, disse a diretora do, agora, Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella. Um colegiado escolar, formado pelos funcionários, professores, pais de alunos e pela comunidade, entendeu que o lançamento de muitos candidatos ao novo nome criaria confusão. Por isso surgiu a ideia de encontrar apenas dois que fossem baianos e representassem o combate ao regime militar. Os nomes do guerrilheiro Carlos Marighella e do geógrafo Milton Santos foram os escolhidos. “Ambos são da Bahia. Cada um tentou lutar contra a imposição do regime”, analisa Aldair.

Adaptado de educacao.uol.com.br, 15/04/2014.

A escolha de nomes de logradouros e de edificações pode representar uma homenagem em determinada época, assim como a mudança desses nomes pode indicar transformações históricas, simbolizando novas demandas da sociedade. A situação apresentada na reportagem exemplifica, para a sociedade brasileira atual, um contexto político associado a:

A
crítica da opinião pública às heranças autoritárias
B
revalorização da memória dos governos ditatoriais
C
reforço da gestão democrática de empresas estatais
D
renovação de critérios de escolha de heróis nacionais

Gabarito comentado

V
Vanessa CamposMonitor do Qconcursos

Gabarito: Alternativa A

Tema central: a questão trata da política de memória — como a sociedade ressignifica nomes de espaços públicos para reconhecer passados autoritários e sinais de democrátização. É recorrente em concursos de História do Brasil pedir a leitura desse processo como indicador de mudanças políticas e culturais.

Resumo teórico: políticas de memória envolvem escolhas simbólicas (nomes, monumentos, iniciativas educativas) que revelam valores sociais vigentes. No Brasil recente, ações como a atuação da Comissão Nacional da Verdade (CNV — Relatório Final, 2014) e debates sobre a Lei da Anistia (Lei nº 6.683/1979) tornaram mais visível a crítica às heranças da ditadura e estimularam renomeações que homenageiam vítimas ou opositores ao regime.

Justificativa da alternativa A: a troca de nome do colégio para Carlos Marighella indica recusa explícita das marcas valorizadoras do regime militar — é uma crítica pública às heranças autoritárias. A ação da comunidade buscou desassociar a escola de um nome ligado ao período ditatorial e reverenciar figuras que combateram esse regime, o que evidencia crítica e superação simbólica do passado autoritário.

Análise das alternativas incorretas:

B — revalorização da memória dos governos ditatoriais: incorreta. A mudança busca o oposto: desvalorizar ou remover homenagem a personagens ligados à ditadura e promover lembrança de opositores.

C — reforço da gestão democrática de empresas estatais: incorreta. Trata-se de renomeação simbólica de escola pública; não há relação com administração de empresas estatais.

D — renovação de critérios de escolha de heróis nacionais: parcialmente enganosa. Embora haja renovação simbólica, o foco da reportagem é a crítica ao legado autoritário, não uma ampla revisão de quem são “heróis nacionais”.

Dica de interpretação: identifique o sujeito da ação (comunidade escolar) e o sentido político do gesto (retirar ou homenagear). Em questões de memória, palavras como “ressgate histórico”, “combatente do regime” e “insatisfação antiga” sinalizam crítica à ditadura — pista para a alternativa A.

Fontes sugeridas: Lei nº 6.683/1979 (Anistia); Comissão Nacional da Verdade — Relatório Final (2014).

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