Questão ef1851be-eb
Prova:FAG 2017
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O Texto 1 discorre, entre outras questões, sobre a atual crise econômica pela qual está passando o nosso país. Contudo, pode-se dizer que sua principal finalidade é discutir:

Texto 1: A CRISE E SUAS INTERPRETAÇÕES


Quanto mal uma mídia partidarizada pode causar a um País? Que prejuízos a irresponsabilidade dos veículos de comunicação traz à sociedade?


No Brasil, essas não são perguntas acadêmicas. Ao contrário. Em nossa história, sobram exemplos de períodos em que a “grande imprensa”, movida por suas opções políticas, jogou contra os interesses da maioria da população. Apoiou ditaduras, avalizou políticas antipopulares, fingiu não ver os desmandos de aliados. O instituto Vox Populi acaba de realizar uma pesquisa nacional sobre sentimentos e expectativas a respeito da economia. O levantamento deixa claro o preço que pagamos por ter a mídia que temos.
A pesquisa tratou principalmente de inflação e desemprego e mostra que a opinião pública vive um pesadelo. Olha com desconfiança o futuro, teme a perda de renda e emprego, prefere não consumir e não tem disposição de investir. Está com medo da “crise”.
Todos sabem quão importante é o papel das expectativas na vida econômica. Quando a maioria das pessoas se convence de que as coisas não vão bem, seu comportamento tende a produzir aquilo que teme: a desaceleração da economia e a diminuição do investimento público. A “crise” é, em grande parte, provocada pelas expectativas. Estampada em manchetes e com tratamento de luxo nos noticiários de tevê, a “crise econômica” estava na pauta dos meios de comunicação muito antes de se tornar uma preocupação real da sociedade. Há ao menos dois anos, é o principal assunto.
A nova pesquisa mostra que a quase totalidade dos brasileiros, depois de ser bombardeada durante tanto tempo com a noção de “crise”, perdeu a capacidade de enxergar com realismo a situação da economia. A respeito da quantia imaginada para comprar, daqui a um mês, o que compram atualmente com 100 reais, apenas 2% dos entrevistados estimaram um valor próximo àquele. Os demais 98% desconfiam de que vão precisar de mais ou de muito mais. Desse total, 73% temem uma alta dos preços superior a 10%. Quase a metade, 47%, estima uma inflação acima de 20%. E não menos de 35% receiam que os preços subirão mais de 30% em um mês.
Os números são semelhantes nas análises do desemprego. Apenas 7% dos entrevistados sabem que hoje menos de dez indivíduos em cada cem estão desempregados. Cerca de um quarto acredita que o desemprego varie de 10% a 30% da força de trabalho e 38% imaginam que a proporção de brasileiros sem emprego ultrapassa os 40%. Por esse raciocínio, o cenário até o fim do ano seria dantesco: quase 40% acreditam que o desemprego em dezembro punirá mais da metade da população ativa. Para tanta desinformação e medo do futuro, muitos fatores contribuem. Nossa cultura explica parte desses temores. Os erros do governo, especialmente de comunicação, são responsáveis por outra. Mas a maior responsável é a mídia hegemônica.
Ninguém defende que a população seja mantida na ignorância em relação aos problemas reais enfrentados pela economia. Mas vemos outra coisa. A mídia deseduca ao deformar a realidade e por nada fazer para seus leitores e espectadores desenvolverem uma visão realista e informada do País. Fabrica assustados para produzir insatisfeitos.
Com isso, torna-se agente do agravamento de uma crise que estimulou e continua a estimular, apesar de seu custo para as famílias e para o Brasil. (COIMBRA, Marcos. Revista Carta Capital. Disponível em:
http://www.cartacapital.com.br/revista/852/acrise-e-suas-interpretacoes-4986.html. 

A
os erros de comunicação cometidos pelo governo.
B
a importância de pesquisas para que os fatos sejam mostrados à população.
C
a porcentagem de pessoas verdadeiramente atentas à economia no país.
D
a influência da mídia na formação de opinião das pessoas.
E
o provável aumento do desemprego provocado pela “crise”.

Gabarito comentado

M
Marina OliveiraMonitor do Qconcursos

Comentário da Questão – Interpretação de Texto

Tema central: Trata-se de uma questão de interpretação de texto, exigindo a identificação da ideia principal de um artigo opinativo. Conforme as gramáticas de referência (como Evanildo Bechara e Napoleão Mendes de Almeida), a ideia central geralmente corresponde à finalidade comunicativa do texto: O que o autor quer transmitir ao leitor?

Justificativa da alternativa correta (D):
A alternativa D) a influência da mídia na formação de opinião das pessoas é a correta porque o texto expõe, de forma enfática, como a mídia atua sobre a percepção dos brasileiros durante uma crise econômica. O autor detalha que, ao “fabricar assustados para produzir insatisfeitos”, a imprensa influencia o medo e as expectativas negativas na sociedade, mostrando claramente que não é apenas informação, mas manipulação de opinião.

Esse entendimento está alinhado à recomendação de Maria Luiza Garcia sobre leitura interpretativa: buscar no texto os termos recorrentes ou ideias que se repetem e fundamentam a argumentação.

Análise das alternativas incorretas:

A) Os erros de comunicação do governo são citados, mas como fator secundário, não como foco central.

B) A pesquisa é utilizada como argumento de apoio à tese principal, não como tema do texto.

C) As porcentagens apresentadas servem para ilustrar o quanto a opinião pública foi distorcida, e não constituem a finalidade do artigo.

E) Embora o medo do desemprego seja abordado, o texto destaca que esse medo é inflado pela mídia e não debate o aumento real do desemprego.

Dicas de Estratégia: Para questões de interpretação, leia atentamente o início e o final do texto, onde geralmente se apresenta a tese e a conclusão. Procure palavras-chave (como “mídia”, “formação de opinião”, “expectativas”, “influência”), evitando se fixar em exemplos isolados ou dados estatísticos que aparecem apenas como apoio.

Resumo: O texto critica a atuação da mídia, mostrando seu papel principal na formação (e distorção) da opinião pública sobre a crise. Por isso, a alternativa D é a única que respeita a coerência e a tese principal do texto.

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