Sobre a chamada Inconfidência Mineira, a
historiadora Cristina Leminski afirmou:
“Sem a derrama, o movimento esvaziavase. Para a população em geral, se a
derrama não fosse imposta, não fazia
grande diferença se Minas era ou não
independente. O movimento era
fundamentalmente motivado por
interesses, não por ideais [...]. A prisão
dos homens mais eminentes de Vila Rica
provocou [...] alvoroço na cidade [...] e o
Visconde de Barbacena foi obrigado a
admitir que a tentativa de manter sigilo
sobre o processo seria inútil”.
LEMINSKI, Cristina. Tiradentes e a conspiração de
Minas Gerais. São Paulo: Scipione, 1994. p. 59-64.
O movimento do século XVIII abordado
nesse fragmento textual relaciona-se com a
Gabarito comentado
Resposta: alternativa C — correta.
Tema central: trata-se da Inconfidência Mineira (c. 1788–1789), movimento colonial motivado sobretudo pela pressão fiscal — em especial a ameaça da derrama — e pelo desgaste do sistema colonial português sobre a economia mineradora.
Resumo teórico curto: o quinto (20% sobre o ouro) e outras formas de cobrança eram fiscalizadas pela metrópole. Quando a produção caiu, a Coroa exigia a complementação por meio da derrama — cobrança compulsória para atingir a cota anual. Essa exigência agravou o descontentamento entre várias camadas sociais em Minas Gerais e foi o gatilho imediato para a conspiração conhecida como Inconfidência.
Justificativa da alternativa C: a citação de Cristina Leminski enfatiza que, sem a derrama, o movimento “esvaziava-se” — ou seja, a questão central era a exploração tributária da metrópole e a crise do sistema colonial. Assim, a alternativa C identifica corretamente a natureza fiscal e estrutural do conflito.
Análise das alternativas incorretas
A — incorreta: afirma que as lideranças de Vila Rica eram as principais beneficiadas pela arrecadação portuguesa. Na verdade, as elites locais temiam a derrama porque seriam cobradas para suprir a perda de receita; a motivação foi contrária à ideia de que elas seriam beneficiárias do sistema fiscal.
B — incorreta: a influência das ideias iluministas e das independências (especialmente a americana) existiu, mas a ligação direta com a Revolução Francesa é anacrônica ou secundária; a principal causa imediata foi fiscal e econômica, não a repercussão direta da Revolução Francesa.
D — incorreta: as Casas de Fundição e o controle do quinto foram medidas importantes na história mineradora, mas a derrama (cobrança extraordinária) e a crise tributária foram o estopim específico da Inconfidência. D reduz o problema a outro episódio fiscal anterior ou distinto, sem captar o papel da derrama como catalisador.
Fontes/leituras recomendadas: Cristina Leminski, Tiradentes e a conspiração de Minas Gerais; Caio Prado Júnior, Formação do Brasil Contemporâneo; obras introdutórias como Boris Fausto, História Concisa do Brasil; documentos do Arquivo Público Mineiro sobre o processo da Inconfidência.
Estratégia de prova: ao ver termos como “derrama” ou “tributação” atrelados à Inconfidência, priorize alternativas que abordem a opressão fiscal e a crise do sistema colonial; desconfie de alternativas que atribuam motivação única a influências externas sem citar o fator fiscal direto.
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