A preocupação formal com a musicalidade dos versos é confirmada pelo emprego da
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.
(Melhores poemas, 2000.)
Ao coração que sofre, separado
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo,
Não basta o afeto simples e sagrado
Com que das desventuras me protejo.
Não me basta saber que sou amado,
Nem só desejo o teu amor: desejo
Ter nos braços teu corpo delicado,
Ter na boca a doçura de teu beijo.
E as justas ambições que me consomem
Não me envergonham: pois maior baixeza
Não há que a terra pelo céu trocar;
E mais eleva o coração de um homem
Ser de homem sempre e, na maior pureza,
Ficar na terra e humanamente amar.
(Melhores poemas, 2000.)
Gabarito comentado
Comentário da questão – Figuras de linguagem e musicalidade dos versos
Tema central: A questão trata de figuras de linguagem, com foco em como um recurso estilístico reforça a musicalidade dos versos no poema apresentado.
Alternativa Correta: B) aliteração em “Ter na boca a doçura de teu beijo”
Explicação: A aliteração é a repetição proposital de sons consonantais para criar efeito sonoro e musicalidade. No verso citado (“Ter na boca a doçura de teu beijo”), perceba a repetição do som /t/: Ter, teu e beijo. Segundo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa), esse é o efeito sonoro típico da aliteração, muito usado em poesias para reforçar a musicalidade e agradar ao ouvido do leitor.
Veja como identificar: Concentre-se na repetição de consoantes próximas, sobretudo no início ou meio das palavras, algo recorrente nesse verso.
Análise das alternativas incorretas:
A) Metáfora: Não há uma relação de semelhança implícita (“Não basta o afeto simples e sagrado”), apenas um substantivo qualificado por adjetivos. Portanto, não ocorre metáfora, pois não há transferência de sentido entre termos distintos.
C) Prosopopeia: Não há atribuição de traços humanos a algo não humano em “Com que das desventuras me protejo”, distinto do conceito descrito por Cunha & Cintra.
D) Hipérbole: O poema exprime o sofrimento real do eu lírico, sem exagero evidente. Hipérbole exige excesso, como em “chorei um rio”, que não está presente aqui.
E) Antítese: O verso “Ficar na terra e humanamente amar” não opõe ideias contrárias (como ‘céu’ x ‘terra’), por isso não há antítese.
Dica de prova: Figuras de linguagem são frequentemente confundidas entre si. A leitura atenta aos conceitos-chave ajuda a evitar pegadinhas! Separe aliteração (repetição de consoantes), assonância (de vogais), metáfora (aproximação por analogia), prosopopeia (personificação), hipérbole (exagero) e antítese (contraste).
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