Questão ea549d0e-b5
Prova:UESPI 2011
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

No trecho: “O uso inflacionado da expressão norma culta pode ter facilitado a vida e o discurso de algumas pessoas, mas pouco ou nada tem contribuído para fazermos avançar nossa cultura linguística.”, o autor:

1) faz uma alusão às consequências do uso muito frequente da expressão norma culta.
2) opina sobre aspectos de como nossa cultura linguística tem evoluído.
3) comenta a facilidade de vida e do discurso de algumas pessoas.
4) responsabiliza o discurso de alguns pela pouca precisão do conceito de norma culta.


Está(ão) correta(s): 

Alfabetização, língua escrita e norma culta
    (1) Vivemos numa sociedade tradicionalmente pouco letrada. Nesse sentido, bastaria lembrar que temos ainda por volta de 15% de analfabetos na população adulta e que, entre os alfabetizados, calcula-se que apenas 25% podem ser considerados alfabetizados funcionais, isto é, só esta pequena parcela é capaz de ler e compreender textos medianamente complexos. Como consequência e apesar da expansão da alfabetização no último século, é ainda apenas uma minoria que efetivamente domina a expressão escrita.
    (2) Não há dúvida de que, se queremos alcançar níveis avançados de desenvolvimento, temos de romper essa limitação decorrente de nossa história econômica, social e cultural – que, por séculos, mantém concentrados a riqueza material e o acesso aos bens da cultura escrita nas mãos de poucos.
    (3) Para isso, é indispensável diagnosticar as muitas causas dessa situação e, em consequência, encontrar formas de enfrentá-la adequada e eficazmente. Andaremos, porém, mal se nem sequer conseguirmos distinguir, com um mínimo de precisão, norma culta de expressão escrita.
    (4) O uso inflacionado da expressão norma culta pode ter facilitado a vida e o discurso de algumas pessoas, mas pouco ou nada tem contribuído para fazermos avançar nossa cultura linguística. Continuamos uma sociedade perdida em confusão em matéria de língua: temos dificuldades para reconhecer nossa cara linguística, para delimitar nossa(s) norma(s) culta(s) efetiva(s) e, por consequência, para dar referências consistentes e seguras aos falantes em geral e ao ensino de português em particular.
    (5) Parece, então, evidente que é preciso começar a desatar estes nós, buscando desenvolver uma gestão mais adequada das nossas questões linguísticas por meio, inclusive, de um debate público franco e desapaixonado.
    (6) Essas questões linguísticas não são, claro, de pequena monta. Há toda uma história a ser revista, há todo um imaginário a ser questionado, há toda uma gama de valores e discursos a ser criticada, há todo o desafio de construir uma cultura linguística positiva que faça frente à danosa cultura do erro, que ainda embaraça nossos caminhos. (...)
    (7) Entendemos que o debate ganhará substância se começarmos por dar precisão à expressão norma culta. Continuar a confundi-la com gramática em qualquer um de seus dois sentidos (conceitos ou preceitos), com norma-padrão ou com expressão escrita apenas continuará escamoteando os problemas que estão aí a nos desafiar, quer na compreensão da nossa realidade linguística, quer na proposição de caminhos para o ensino do português.
(Carlos Alberto Faraco. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola Editorial, 2008, p. 29-31. Adaptado). 

A
1 apenas
B
2 e 4 apenas
C
1, 2 e 4 apenas
D
2 e 3 apenas
E
1, 2, 3 e 4

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