Questão e82f071b-94
Prova:UNESP 2011
Disciplina:História
Assunto:História Geral, Renascimento Científico, Artístico e Cultural

Os “centros artísticos" descritos no texto podem ser identificados

  Os centros artísticos, na verdade, poderiam ser definidos como lugares caracterizados pela presença de um número ra-zoável de artistas e de grupos significativos de consumidores, que por motivações variadas — glorificação familiar ou in-dividual, desejo de hegemonia ou ânsia de salvação eterna — estão dispostos a investir em obras de arte uma parte das suas riquezas. Este último ponto implica, evidentemente, que o centro seja um lugar ao qual afluem quantidades considerá-veis de recursos eventualmente destinados à produção artís-tica. Além disso, poderá ser dotado de instituições de tutela, formação e promoção de artistas, bem como de distribuição das obras. Por fim, terá um público muito mais vasto que o dos consumidores propriamente ditos: um público não homo-gêneo, certamente (...).
(Carlo Ginzburg. A micro-história e outros ensaios, 1991.)

A
nos mosteiros medievais, onde se valorizava especialmente a arte sacra.
B
nas cidades modernas, onde floresceu o Renascimento cultural.
C
nos centros urbanos romanos, onde predominava a escultura gótica.
D
nas cidades-estados gregas, onde o estilo dórico era hegemônico.
E
nos castelos senhoriais, onde prevalecia a arquitetura românica.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: B

Tema central: a questão avalia o conceito de "centros artísticos" entendido como lugares com concentração de artistas, consumidores com capacidade de patrocínio, instituições de formação/promoção e um público amplo — características típicas dos centros urbanos que favoreceram o Renascimento.

Resumo teórico (claro e progressivo): Um centro artístico não é apenas local de produção, mas também um mercado e uma rede de patrocínios. No Renascimento italiano (Florence, Veneza, Roma) houve acúmulo de riqueza nas cidades, meios institucionais (ofícios, botteghe, academias, patronos como os Médici), e um público heterogêneo que consumia e comissionava arte. Essa visão encontra suporte em estudos de história social da arte (p.ex., Peter Burke, A Social History of Art) e em análises micro-históricas como as de Carlo Ginzburg.

Por que a alternativa B é correta: As cidades modernas do Renascimento reuniam todos os elementos mencionados no texto: recursos concentrados (comerciantes, banqueiros, nobres), instituições (ofícios, ateliers, posteriormente academias), e um público além dos simples consumidores (cidadãos, instituições religiosas e políticas). O fenômeno do patrocínio urbano e da circulação de obras caracteriza exatamente os centros artísticos renascentistas.

Análise das alternativas incorretas:

A — Mosteiros medievais: valorizavam arte sacra e eram centros de produção (iluminuras, scriptoriums), mas não constituíam um mercado amplo com consumidores laicos dispostos a investir em arte por motivos de hegemonia social ou ostentação familiar; o público e a circulação eram bem mais restritos.

C — Centros urbanos romanos com escultura gótica: mistura anacrônica: o Império Romano precede o estilo gótico; a escultura gótica pertence à Idade Média tardia e não ao mundo romano. Logo, a alternativa é historicamente inconsistente.

D — Cidades‑estado gregas com hegemonia dórica: as cidades‑estado gregas tinham importância artística (arquitetura, escultura), mas o conceito de mercado de arte com instituições e consumidores descrito no texto encaixa melhor no contexto urbano tardio-medieval/renascentista; além disso, focar apenas no "estilo dórico" reduz o fenômeno à dimensão arquitetônica e formal.

E — Castelos senhoriais e arquitetura românica: castelos e espaços senhoriais promoviam arte para função simbólica e militar, porém não formavam um mercado aberto com instituições de formação e um público heterogêneo conforme descrito no enunciado.

Dica de interpretação: Busque palavras-chave do enunciado — consumidores dispostos a investir, afluxo de recursos, instituições de promoção e público vasto — e relacione com contextos históricos que apresentam mercado, patrocínio e instituições artísticas (Renascimento urbano). Evite alternativas que contenham anacronismos ou reducionismos.

Fontes indicadas: Carlo Ginzburg (micro-história), Peter Burke (história social da arte).

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