Analise as proposições a seguir acerca do golpe de 1930 no Brasil, e assinale com V as proposições verdadeiras e com F, as falsas.

( ) O golpe de 1930 teve como um dos seus desdobramentos a arregimentação das massas que foram cooptadas pela proposta do Estado totalitário e que demonstravam uma grande empatia por Getúlio Vargas.

( ) O autoritarismo de Estado observado a partir de 1930 não foi realizado por meio de partidos, mas de um governo que impunha seu regime sem intermediação partidária.

( ) Não foi sem percalços e resistências que Getúlio Vargas manteve a si e seu regime no poder. Ainda assim, o golpe representou a insatisfação das massas que realizaram uma atividade sistemática de oposição ao regime.

( ) O Estado instituído passou, de certo modo, a gerar a mentalidade das massas. Mas essa integração se verificou através da violência ligada às formas emotivas de manipulação.

A sequência correta, de cima para baixo, é:

Resposta correta: C — V, V, F, V.

Tema central: o golpe de 1930 e as transformações políticas posteriores (centralização do Estado, populismo getulista, mecanismos de integração social e formas autoritárias). É preciso distinguir: a composição social e política do golpe; as formas de mobilização e coaptação de massas; e a transição para um autoritarismo que utiliza tanto propaganda quanto repressão (Estado Novo, 1937).

Resumo teórico (essencial): Getulismo — combinação de personalismo, políticas trabalhistas corporativistas e intervenção estatal na economia; centralização — substituição das oligarquias estaduais por interventores federais; integração das massas — via legislação trabalhista, propaganda e clientelismo, não por partidos de massa estáveis; repressão — uso da polícia e órgãos repressivos contra opositores (ex.: repressão a comunistas e tenentistas em fases diversas).

Justificativa das proposições: 1) V — Após 1930 houve verdadeira arregimentação parcial das massas: Vargas cultivou empatia popular (discursos, políticas sociais) e projetou um projeto de Estado com tendências centralizadoras e corporativistas que buscavam integrar as classes médias e trabalhadores (preparando, posteriormente, bases para o Estado mais autoritário).

2) V — O autoritarismo pós-1930 não se consolidou por meio de partidos de massa; Vargas governou muitas vezes sem intermediários partidários, usando interventores, decretos e redes clientelares. Só mais tarde tentou formas de partido controlado; em 1937 dissolveu as instituições e criou o Estado Novo.

3) F — Embora houvesse resistência (grupos políticos, setores oligárquicos, revoltas regionais), não houve uma “atividade sistemática de oposição” de massas organizada que tenha sido o motor do golpe — este teve forte caráter de pacto entre elites estaduais derrotadas e setores urbanos, com participação popular mais heterogênea e espontânea.

4) V — O Estado buscou moldar mentalidades por meio de propaganda, corporações controladas e símbolos; essa integração combinou persuasão emocional com coerção e violência seletiva (polícia, repressão a dissidentes), especialmente à medida que o regime se radicalizou.

Análise das alternativas incorretas:

• A (V, F, V, F): erra a 2ª (o autoritarismo foi sem mediação partidária — verdade) e a 4ª (a integração ocorreu por meios emocionais e violência — verdadeira).
• B (F, V, F, V): erra a 1ª (a arregimentação e empatia popular existiram) e acerta outras, mas sequência não confere.
• D (V, V, F, F): erra a 4ª (que é verdadeira — o uso combinado de manipulação emocional e violência é histórico).

Fontes recomendadas: Boris Fausto, História do Brasil; Thomas Skidmore, Brasil: de Getúlio a Castelo; José Murilo de Carvalho (ensaios sobre Estado e população).

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