Questão e6aebecd-49
Prova:UFRN 2010
Disciplina:História
Assunto:Construção de Estados e o Absolutismo, História Geral

Entre os teóricos que defenderam o Absolutismo monárquico estava Jacques Bossuet, que declarou:

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Analisando a af irmação teórica de J. Bossuet e relacionando-a com os fatos narrados por C. Hill, pode-se corretamente afirmar que a execução de Carlos I assinalou

A
um momento decisivo na história europeia, por ter posto em xeque um princípio político central do Estado Moderno e lançado as bases políticas liberais contemporâneas.
B
uma etapa fundamental na evolução do Parlamento inglês, pois, a partir daí, os burgueses tiveram acesso à Câmara dos Comuns.
C
a reação da facção liberal no Parlamento, que, dominada pelos puritanos, defendia o direito divino dos reis.
D
a implantação definitiva da monarquia parlamentar inglesa, pois, daí por diante, a sucessão real seria decidida pelo Parlamento.

Gabarito comentado

A
Anderson MaiaMonitor do Qconcursos

Alternativa correta: A

Tema central: a execução de Carlos I (1649) e seu impacto sobre o princípio do direito divino dos reis — defendido por teóricos como Jacques Bossuet — e as consequências políticas para a Inglaterra e a Europa.

Resumo teórico e contextualização: Bossuet representava a doutrina do poder real absoluto baseado na vontade divina. A decapitação de Carlos I, liderada por forças parlamentares e republicanas (incluindo os puritanos e o Exército de Cromwell), constituiu uma ruptura simbólica: um rei foi julgado e executado pelo seu povo/Parlamento, o que colocou em xeque a idéia de soberania exclusivamente divina e hereditária. Historiadores como Christopher Hill analisam esse período como momento que abriu espaço para experiências políticas (república, questionamento do absolutismo) que influenciaram o desenvolvimento de valores liberais e constitucionais posteriores (ver: C. Hill, The World Turned Upside Down).

Por que a alternativa A é correta: porque identifica a execução como um momento decisivo que desestabilizou o princípio do direito divino e contribuiu para mudanças políticas que, a médio e longo prazo, favoreceram a emergência de bases liberais (limitação do poder real, maior centralidade de representações políticas). A alternativa capta a natureza simbólica e prática do evento.

Análise das alternativas incorretas:

B — Incorreta. A Câmara dos Comuns já existia; a execução não foi o marco de ingresso dos burgueses na Câmara. Trata-se de uma leitura anacrônica e imprecisa.

C — Incorreta. Os puritanos e a facção parlamentar que conduziram a crise não defendiam o direito divino dos reis; pelo contrário, combateram o absolutismo real. Chamar esse grupo de “liberal” também é problemático anacronicamente.

D — Incorreta. A monarquia parlamentar não foi implantada definitivamente em 1649. Houve a Restauração (1660) e só depois, com a Revolução Gloriosa (1688) e a Bill of Rights (1689), ocorreram limites constitucionais mais duradouros ao poder real.

Dica de prova: foque em palavras-chave do enunciado (ex.: “direito divino”, “execução”, “momento decisivo”) e cheque cronologias antes de aceitar afirmações sobre mudanças “definitivas”. Evite anacronismos ao aplicar termos modernos como “liberal” sem contextualização.

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