Com relação à história cultural da Era Vargas, julgue o próximo item.
O Estado-Novo, ao tentar fortemente promover o valor do trabalho, entrou em rota de colisão com a cultura da malandragem, tal como corporificada pelo samba carioca.
Por essa razão, a ditadura Varguista sempre evitou, deliberadamente, fazer do samba um dos componentes simbólicos da sua ideologia nacional.
O Estado-Novo, ao tentar fortemente promover o valor do trabalho, entrou em rota de colisão com a cultura da malandragem, tal como corporificada pelo samba carioca.
Por essa razão, a ditadura Varguista sempre evitou, deliberadamente, fazer do samba um dos componentes simbólicos da sua ideologia nacional.
Gabarito comentado
Resposta: E — Errado
Tema central: trata-se da política cultural do Estado-Novo (1937–1945) e da relação entre o poder autoritário e manifestações populares — sobretudo o samba carioca. É preciso entender conceitos como co-optação cultural, censura seletiva e construção de símbolos nacionais.
Resumo teórico conciso: regimes autoritários costumam tanto reprimir quanto incorporar elementos populares: reprimem manifestações que ameaçam a ordem e promovem versões “sanitizadas” que servem à propaganda estatal. No Brasil, o Estado usou rádio, imprensa e órgãos como o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) para moldar uma identidade nacional.
Justificativa do gabarito (por que E): a afirmação de que o Estado-Novo “sempre evitou, deliberadamente, fazer do samba um componente simbólico” é falsa. O regime não rejeitou o samba — ao contrário, apropriou-se de uma forma legitimadora do gênero: promoveu artistas, explorou o alcance da Rádio Nacional e incentivou imagens de “brasilidade” que incluíam o samba em versões menos ligadas à malandragem. Exemplos práticos: a projeção internacional de Carmen Miranda e a difusão do samba no rádio e no carnaval como espetáculo nacional. Obras que tratam desse processo: Bryan McCann, Hello, Hello Brazil: Popular Music in the Making of Modern Brazil, e análises políticas de Thomas Skidmore sobre o período Vargas.
Dica para resolver itens semelhantes: desconfie de termos absolutos como “sempre” ou “sempre evitou”. Pergunte-se se o enunciado considera nuances (promoção seletiva vs. eliminação total). Procure evidências de políticas públicas culturais (rádio, DIP, eventos oficiais) que mostrem co-optação.
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