Um conceito universal é uma abstração que
esconde as diferenças individuais entre as
coisas as quais nomeia.
O filósofo alemão Nietzsche (1844-1900) procurou
investigar a origem de nossos preconceitos morais
através de uma análise da linguagem, como forma
de criticar as tradições filosófica e religiosa
ocidentais. Nietzsche afirma: “As diferentes línguas,
coladas lado a lado, mostram que nas palavras
nunca importa a verdade, nunca uma expressão
adequada: pois senão não haveria tantas línguas. A
“coisa em si” (tal seria justamente a verdade pura
sem consequências) é também para o formador da
linguagem inteiramente incaptável e nem sequer
algo que vale a pena. Ele designa apenas as
relações das coisas aos homens e toma em auxílio
para exprimi-las as mais audaciosas metáforas”
(NIETZSCHE, F.. Sobre verdade e mentira no
sentido extra-moral. In: Antologia de textos
filosóficos. Curitiba: SEED, 2009, p. 533). Sobre o
pensamento de Nietzsche, assinale o que for
correto.
Gabarito comentado
Gabarito: C — certo
Tema central: trata-se do conceito de universal em filosofia — isto é, a ideia geral que nomeia muitos indivíduos. A questão exige entender como conceitos universais operam: generalizam e, ao fazê-lo, ocultam diferenças particulares.
Resumo teórico (claro e progressivo):
- Universal: termo ou conceito que se aplica a vários objetos (ex.: “cadeira”).
- Abstração: processo mental que retira características particulares para formar um conceito geral. Filósofos clássicos — Aristóteles, depois empiristas como Locke — descrevem como a mente identifica semelhanças e cria um termo comum.
- Nietzsche acrescenta que a linguagem e os conceitos funcionam como metáforas: nomes que assentam relações úteis entre coisas e homens, não revelam uma “verdade pura” nem capturam a “coisa em si” (ver “On Truth and Lies in a Nonmoral Sense”).
Justificativa da alternativa correta (C):
A afirmação — “Um conceito universal é uma abstração que esconde as diferenças individuais entre as coisas as quais nomeia.” — corresponde ao sentido técnico de universal e abstração: ao generalizar, o conceito omite particularidades (formas, cores, idiossincrasias) para agrupar instâncias sob um mesmo nome. Isso é exatamente o que a filosofia clássica descreve e o que Nietzsche critica quando mostra que tais conceitos são construções linguísticas/metafóricas, não espelhos da realidade última.
Análise da alternativa incorreta (E — por que estaria errada):
Se alguém marcasse “errado”, estaria negando a ideia central de que o universal procede por abstração e oculta diferenças particulares — posição incompatível com a tradição conceitual filosófica e com a leitura nietzschiana da linguagem como esquema que agrupa e simplifica. Portanto, “Certo” é a opção adequada.
Fontes e leitura recomendada: Nietzsche, F., “On Truth and Lies in a Nonmoral Sense” (Über Wahrheit und Lüge im außermoralischen Sinne); Stanford Encyclopedia of Philosophy — entries “Universals” e “Nietzsche”.
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