Questão e0512645-8f
Prova:UNB 2022
Disciplina:Literatura
Assunto:Escolas Literárias, Realismo
A partir da leitura desse fragmento da crônica de Machado de Assis, publicada em 1876, julgue o item.
No texto, as referências à história romana denotam que a
obra de Machado de Assis tem como uma de suas
características a
rejeição dos conteúdos eurocêntricos.
A partir da leitura desse fragmento da crônica de Machado de Assis, publicada em 1876, julgue o item.
No texto, as referências à história romana denotam que a obra de Machado de Assis tem como uma de suas características a
rejeição dos conteúdos eurocêntricos.
[15 setembro] Este ano parece que remoçou o aniversário da
Independência. Também os aniversários envelhecem ou
adoecem, até que se desvanecem ou perecem. O dia 7 por ora
está muito criança.
Grito do Ipiranga? Isso era bom antes de um nobre amigo,
que veio reclamar pela Gazeta de Notícias contra essa lenda de
meio século.
Segundo o ilustrado paulista não houve nem grito nem
Ipiranga.
Houve algumas palavras, entre elas a Independência ou
Morte, - as quais todas foram proferidas em lugar diferente das
margens do Ipiranga.
Pondera o meu amigo que não convém, a tão curta
distância, desnaturar a verdade dos fatos.
Ninguém ignora a que estado reduziram a História
Romana alguns autores alemães, cuja pena, semelhante a uma
picareta, desbastou os inventos de dezoito séculos, não nos
deixando mais que uma certa porção de sucessos exatos.
Certamente é belo que Lucrécia haja dado um exemplo de
castidade às senhoras de todos os tempos; mas se os escavadores
modernos me provarem que Lucrécia é uma ficção e Tarquínio
uma hipótese, nem por isso deixa de haver castidade... e
pretendentes.
O caso do Ipiranga data de ontem. Durante cinquenta e
quatro anos temos vindo a repetir uma coisa que o dito meu
amigo declara não ter existido.
Minha opinião é que a lenda é melhor do que a história
autêntica. A lenda resumia todo o fato da independência nacional,
ao passo que a versão exata o reduz a uma coisa vaga e anônima.
Tenha paciência o meu ilustrado amigo. Eu prefiro o grito do
Ipiranga; é mais sumário, mais bonito e mais genérico.
Joaquim Maria Machado de Assis. História de quinze
dias. Internet: <www.dominiopublico.gov.br> .
[15 setembro]
Este ano parece que remoçou o aniversário da
Independência. Também os aniversários envelhecem ou
adoecem, até que se desvanecem ou perecem. O dia 7 por ora
está muito criança.
Grito do Ipiranga? Isso era bom antes de um nobre amigo,
que veio reclamar pela Gazeta de Notícias contra essa lenda de
meio século.
Segundo o ilustrado paulista não houve nem grito nem
Ipiranga.
Houve algumas palavras, entre elas a Independência ou
Morte, - as quais todas foram proferidas em lugar diferente das
margens do Ipiranga.
Pondera o meu amigo que não convém, a tão curta
distância, desnaturar a verdade dos fatos.
Ninguém ignora a que estado reduziram a História
Romana alguns autores alemães, cuja pena, semelhante a uma
picareta, desbastou os inventos de dezoito séculos, não nos
deixando mais que uma certa porção de sucessos exatos.
Certamente é belo que Lucrécia haja dado um exemplo de
castidade às senhoras de todos os tempos; mas se os escavadores
modernos me provarem que Lucrécia é uma ficção e Tarquínio
uma hipótese, nem por isso deixa de haver castidade... e
pretendentes.
O caso do Ipiranga data de ontem. Durante cinquenta e
quatro anos temos vindo a repetir uma coisa que o dito meu
amigo declara não ter existido.
Minha opinião é que a lenda é melhor do que a história
autêntica. A lenda resumia todo o fato da independência nacional,
ao passo que a versão exata o reduz a uma coisa vaga e anônima.
Tenha paciência o meu ilustrado amigo. Eu prefiro o grito do
Ipiranga; é mais sumário, mais bonito e mais genérico.
Joaquim Maria Machado de Assis. História de quinze
dias. Internet: <www.dominiopublico.gov.br> .
C
Certo
E
Errado