Questão e0331d79-8f
Prova:UNB 2022
Disciplina:Literatura
Assunto:Escolas Literárias, Modernismo
Considerando o fragmento do poema de Cecília Meireles apresentado, que compõe a obra Romanceiro da Inconfidência, publicada em 1953, julgue o próximo item.
O vocabulário, a métrica e o sistema de rimas utilizados
nesse poema de Cecília Meireles sinalizam sua recusa à
apropriação da linguagem popular, conforme propuseram as
diferentes gerações modernistas.
Considerando o fragmento do poema de Cecília Meireles apresentado, que compõe a obra Romanceiro da Inconfidência, publicada em 1953, julgue o próximo item.
O vocabulário, a métrica e o sistema de rimas utilizados
nesse poema de Cecília Meireles sinalizam sua recusa à
apropriação da linguagem popular, conforme propuseram as
diferentes gerações modernistas.
Atrás de portas fechadas,à luz de velas acesas,entre sigilo e espionagem,acontece a Inconfidência.E diz o Vigário ao Poeta:“Escreva-me aquela letrado versinho de Vergílio...E dá-lhe o papel e a pena.E diz o Poeta ao Vigário,com dramática prudência:“Tenha meus dedos cortados,antes que tal verso escrevam...LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,ouve-se em redor da mesa.E a bandeira já está viva,e sobe, na noite imensa.E os seus tristes inventoresjá são réus - pois se atreverama falar em Liberdade(que ninguém sabe o que seja).Através de grossas portas,sentem-se luzes acesas,- e há indagações minuciosasdentro das casas fronteiras.“Que estão fazendo, tão tarde?Que escrevem, conversam, pensam?Mostram livros proibidos?Leem notícias nas Gazetas?Terão recebido cartasde potências estrangeiras?”(Antiguidades de Nimesem Vila Rica suspensas!Cavalo de La Fayettesaltando vastas fronteiras!Ó vitórias, festas, floresdas lutas da Independência!Liberdade - essa palavraque o sonho humano alimenta:que não há ninguém que explique,e ninguém que não entenda!)E a vizinhança não dorme:murmura, imagina, inventa.Não fica bandeira escrita,mas fica escrita a sentença.
Cecília Meireles. Obra poética. Nova Aguilar: Rio de Janeiro, 1977.
Atrás de portas fechadas,
à luz de velas acesas,
entre sigilo e espionagem,
acontece a Inconfidência.
E diz o Vigário ao Poeta:
“Escreva-me aquela letra
do versinho de Vergílio...
E dá-lhe o papel e a pena.
E diz o Poeta ao Vigário,
com dramática prudência:
“Tenha meus dedos cortados,
antes que tal verso escrevam...
LIBERDADE, AINDA QUE TARDE,
ouve-se em redor da mesa.
E a bandeira já está viva,
e sobe, na noite imensa.
E os seus tristes inventores
já são réus - pois se atreveram
a falar em Liberdade
(que ninguém sabe o que seja).
Através de grossas portas,
sentem-se luzes acesas,
- e há indagações minuciosas
dentro das casas fronteiras.
“Que estão fazendo, tão tarde?
Que escrevem, conversam, pensam?
Mostram livros proibidos?
Leem notícias nas Gazetas?
Terão recebido cartas
de potências estrangeiras?”
(Antiguidades de Nimes
em Vila Rica suspensas!
Cavalo de La Fayette
saltando vastas fronteiras!
Ó vitórias, festas, flores
das lutas da Independência!
Liberdade - essa palavra
que o sonho humano alimenta:
que não há ninguém que explique,
e ninguém que não entenda!)
E a vizinhança não dorme:
murmura, imagina, inventa.
Não fica bandeira escrita,
mas fica escrita a sentença.
Cecília Meireles. Obra poética. Nova Aguilar: Rio de Janeiro, 1977.
C
Certo
E
Errado