Questão dea4cb9f-f1
Prova:
Disciplina:
Assunto:
A temática de A Hora da Estrela é recorrente na literatura brasileira. Considerando os
fragmentos em seus respectivos contextos, o único que NÃO SE RELACIONA com a
temática da obra em questão é:
A temática de A Hora da Estrela é recorrente na literatura brasileira. Considerando os
fragmentos em seus respectivos contextos, o único que NÃO SE RELACIONA com a
temática da obra em questão é:
TEXTO PARA A QUESTÃO
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.
(...)
Então eu canto alto agudo uma melodia sincopada e estridente - é a minha própria dor, eu que
carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada
pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
(...)
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual - há dois anos e
meio venho aos poucos descobrindo os porquês.
(...)
Como é que sei tudo o que vai se seguir e que ainda o desconheço, já que nunca o vivi? É que
numa rua do Rio de Janeiro peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma
moça nordestina. Sem falar que eu em menino me criei no Nordeste. Também sei das coisas por
estar vivendo. Quem sabe, mesmo sem saber que sabe. Assim é que os senhores sabem mais do
que imaginam e estão fingindo de sonsos.
(...)
Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigado a usar as palavras que
vos sustentam. A história determino - com falso livre-arbítrio - vai ter uns sete personagens e eu
sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S.M. (...) Assim é que experimentei
contra os meus hábitos uma história com começo, meio e gran finale seguido de silêncio e de
chuva caindo.
(...)
O que escrevo é mais do que invenção, é minha obrigação contar sobre essa moça entre milhares
delas. E dever meu, nem que seja de pouca arte, o de revelar-lhe a vida.
Porque há o direito ao grito.
Então eu grito.
Grito puro e sem pedir esmola. Sei que há moças que vendem o corpo, única posse real, em troca
de um bom jantar em vez de um sanduíche de mortadela. Mas a pessoa de quem falarei mal tem
corpo para vender, ninguém a quer, ela é virgem e inócua, não faz falta a ninguém.
(...)
Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto,
atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que
tanto existiriam como não existiriam. Poucas se queixam e ao que eu saiba nenhuma reclama por
não saber a quem.
(Trechos de A Hora da Estrela – Clarice Lispector)
http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/a-hora-da-estrela.html
acesso em 20 de setembro de 2014
TEXTO PARA A QUESTÃO
Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever.
(...)
Então eu canto alto agudo uma melodia sincopada e estridente - é a minha própria dor, eu que
carrego o mundo e há falta de felicidade. Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada
pelas nordestinas que andam por aí aos montes.
(...)
Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual - há dois anos e
meio venho aos poucos descobrindo os porquês.
(...)
Como é que sei tudo o que vai se seguir e que ainda o desconheço, já que nunca o vivi? É que
numa rua do Rio de Janeiro peguei no ar de relance o sentimento de perdição no rosto de uma
moça nordestina. Sem falar que eu em menino me criei no Nordeste. Também sei das coisas por
estar vivendo. Quem sabe, mesmo sem saber que sabe. Assim é que os senhores sabem mais do
que imaginam e estão fingindo de sonsos.
(...)
Proponho-me a que não seja complexo o que escreverei, embora obrigado a usar as palavras que
vos sustentam. A história determino - com falso livre-arbítrio - vai ter uns sete personagens e eu
sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S.M. (...) Assim é que experimentei
contra os meus hábitos uma história com começo, meio e gran finale seguido de silêncio e de
chuva caindo.
(...)
O que escrevo é mais do que invenção, é minha obrigação contar sobre essa moça entre milhares
delas. E dever meu, nem que seja de pouca arte, o de revelar-lhe a vida.
Porque há o direito ao grito.
Então eu grito.
Grito puro e sem pedir esmola. Sei que há moças que vendem o corpo, única posse real, em troca
de um bom jantar em vez de um sanduíche de mortadela. Mas a pessoa de quem falarei mal tem
corpo para vender, ninguém a quer, ela é virgem e inócua, não faz falta a ninguém.
(...)
Como a nordestina, há milhares de moças espalhadas por cortiços, vagas de cama num quarto,
atrás de balcões trabalhando até a estafa. Não notam sequer que são facilmente substituíveis e que
tanto existiriam como não existiriam. Poucas se queixam e ao que eu saiba nenhuma reclama por
não saber a quem.
(Trechos de A Hora da Estrela – Clarice Lispector)
http://veja.abril.com.br/livros_mais_vendidos/trechos/a-hora-da-estrela.html
acesso em 20 de setembro de 2014
A
“E agora, José?
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, José!
José, pra onde?”
(E Agora, José? - Carlos Drummond de Andrade)
B
“... Somos Severinos
iguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,
mesma morte severina:
que é a morte de que se morre
de velhice antes dos trinta,
de emboscada antes dos vinte
de fome um pouco por dia.”
(Morte e Vida Severina – João Cabral de Melo Neto)
C
“Fabiano tentava não perceber essas desvantagens. Marchava direito, a barriga para fora, as
costas aprumadas, olhando a serra distante. (...) Os meninos também se espantavam. No mundo
subitamente alargado, viam Fabiano e Sinha Vitória muito reduzidos, menores que as figuras dos
altares.” (Vidas Secas – Gracicliano Ramos)
D
“Este último capítulo é todo de negativas. Não alcancei a celebridade do emplasto, não fui
ministro, não fui califa, não conheci o casamento. Verdade é que (...) ao chegar a este outro lado
do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de
negativas: — Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
(Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis)
E
“Nós não somos nada nesta vida”
(Clara dos Anjos – Lima Barreto)