Sobre os processos e eventos
político-econômicos pós-1964 e a abertura da década
de 1980, no Brasil, identifique a afirmação incorreta:
Gabarito comentado
Alternativa correta: A
Tema central: trata-se da avaliação dos processos político‑econômicos do regime militar (pós‑1964) e da abertura controlada iniciada no fim da década de 1970/início dos anos 1980. É preciso conhecer quem se beneficiou do golpe, a repressão estatal, o papel de instituições como a OAB, as greves operárias e a política de abertura (“lenta, gradual e segura”).
Por que a alternativa A é incorreta?
A afirmação erra ao incluir o clero como beneficiário homogêneo do golpe. Embora parcelas conservadoras da Igreja Católica e setores do clero tenham apoiado o anticomunismo e a ordem, grande parte da Igreja — especialmente a partir da década de 1970 (CNBB, pastorais sociais, setores ligados à Teologia da Libertação) — passou a criticar violações de direitos humanos e a apoiar movimentos por anistia e justiça social. Portanto, não se pode afirmar que o clero, como conjunto, foi beneficiado pelo golpe. Fontes-chave: Ato Institucional nº 5 (1968); Lei nº 6.683/1979 (Anistia); Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade (2014).
Análise das demais alternativas (por que são aceitáveis):
B — Correta: o bipartidarismo (ARENA/ MDB) era controlado e servia para dar aparência de normalidade; a OAB, apesar do regime, atuou em defesa de direitos e ritos processuais, prestando resistência institucional a arbitrariedades.
C — Correta: a tortura e a repressão foram práticas sistematizadas e apoiadas por setores do Estado; a Comissão Nacional da Verdade documenta que a violência foi política de Estado e contou com treinamentos e técnicas repressivas.
D — Correta: o arrocho salarial nos anos 1970 gerou greves importantes (ex.: ABC paulista) nas montadoras e metalúrgicas; essas mobilizações colocaram multinacionais e governo em situação conflituosa e abalaram pactos do regime com o setor industrial.
E — Correta: a abertura foi de fato lenta, gradual e controlada, planejada por setores do próprio regime (expressão associada ao governo Geisel) e conduzida por políticos ligados ao aparato estatal para garantir transição sem ruptura brusca.
Dica de interpretação: desconfie de formulações que apresentam um grupo social como monolítico (ex.: “o clero” sempre beneficiado). Procure referências históricas (relatórios, leis, discursos) e relacione atores sociais ao contexto temporal.
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