Questão dd1fb325-d8
Prova:IF-TO 2016
Disciplina:Português
Assunto:Interpretação de Textos, Noções Gerais de Compreensão e Interpretação de Texto

O texto, do escritor português Eça de Queiroz, retrata a realidade de Portugal do século XIX, mas muitas das situações que o texto aborda ainda fazem parte da realidade brasileira atual. Com base nas informações textuais, aponte os itens verdadeiros (V) ou falsos (F), e marque a alternativa correspondente.


( ) Cidadãos de moral duvidosa debochavam das instituições públicas.
( ) A classe média, por dispor de melhores condições culturais e econômicas, era vista como a salvação.
( ) O Fisco Estadual, no ato de cobrança de impostos e tributos, é considerado como se fosse um fora da lei.
( ) Em momentos de crise, até a atividade da agiotagem fica comprometida.
( ) A intriga política se prolifera facilmente quando não encontra ação efetiva do cidadão cansado.

Leia o texto a seguir para responder à questão.

Uma campanha alegre

O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos e os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não existe nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Já se não crê na honestidade dos homens públicos. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos vão abandonados a uma rotina dormente. O desprezo pelas ideias aumenta em cada dia. Vivemos todos ao acaso. Perfeita, absoluta indiferença de cima a baixo! Todo o viver espiritual, intelectual, parado. O tédio invadiu as almas. A mocidade arrasta-se, envelhecida, das mesas das secretarias para as mesas dos cafés. A ruína econômica cresce, cresce, cresce... O comércio definha. A indústria enfraquece. O salário diminui. A renda diminui. O Estado é considerado na sua ação fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. Neste salve-se quem puder, a burguesia proprietária de casas explora aluguel. A agiotagem explora o juro. (…) A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do País. Apenas a devoção perturba o silêncio da opinião, com padre-nossos maquinais.
Não é uma existência, é uma expiação. 

Disponível em: QUEIROZ, E. Obras de Eça de Queiroz. Vol. III. Porto: Lello & Irmão, [s.d.], p. 959-960. 

A
V F F V V.
B
V F V F V.
C
F F V F V.
D
V F V F F.
E
F V V F V.

Gabarito comentado

C
Camila RodriguesMonitor do Qconcursos

Gabarito: B) V F V F V

Tema central: Interpretação de textos. O principal objetivo é analisar criticamente enunciados e alternativas, identificando informações explícitas e implícitas, além de verificar a coerência semântica em relação ao texto-base.

Justificativa da alternativa correta:

- 1ª afirmação (V): “Não há princípio que não seja desmentido, nem instituição que não seja escarnecida.” O texto mostra que as instituições públicas eram alvo de escárnio, ou seja, deboche de cidadãos de moral duvidosa.

- 2ª afirmação (F): “A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia.” Não há qualquer valorização da classe média como “salvação”, pelo contrário, a crítica é negativa.

- 3ª afirmação (V): “O Estado é considerado, na sua ação fiscal, como um ladrão e tratado como um inimigo.” Isso remete à percepção do Fisco como “fora da lei”.

- 4ª afirmação (F): O texto aponta que “A agiotagem explora o juro”; não sugere impedimento ou sufocamento da agiotagem em tempos de crise; pelo contrário, ela continua lucrando.

- 5ª afirmação (V): “A intriga política alastra-se por sobre a sonolência enfastiada do País.” Portanto, em um contexto de apatia cidadã, a intriga cresce, mostrando que a ausência de “ação efetiva” facilita seu avanço.

Análise das alternativas incorretas:

- A, C, D, E: Todas esbarram em interpretações ou invertendo valores lógicos das afirmações 2 (classe média como salvação: falso) e 4 (agiotagem comprometida: falso), contrariando evidências do texto.

Estratégia de resolução:

  • Leia com atenção e localize marcas linguísticas-chaves no texto: adjetivos, intensificadores (“absoluta indiferença”, “proprietária de casas explora aluguel”), e ações atribuídas a sujeitos coletivos.
  • Cuidado com generalizações ou afirmações disfarçadas que fogem ao tom crítico do autor — pegadinha comum!

Segundo obras de referência (Evanildo Bechara; Koch), interpretação exige atenção à coerência textual e à relação semântica entre frases para evitar enganos por inferências precipitadas.

Gostou do comentário? Deixe sua avaliação aqui embaixo!

Estatísticas

Aulas sobre o assunto

Questões para exercitar

Artigos relacionados

Dicas de estudo