Questão dc8453ea-a6
Prova:
Disciplina:
Assunto:
[Siqueleto] encara os prisioneiros com um só olho enquanto fala na língua local. Tuahir traduz:
– Ele diz que nos vai semear.
– Semear?
[...]
Muidinga, então, se excede. Grita. O velho aldeão se atenta para escutar, através da
tradução de Tuahir. [...]
Mas o desdentado aldeão já anoitecera, queixo no peito. Seu mundo já era esse que
Tuahir anunciara, de extensos sossegos. O próprio Muidinga está como se encantado
com as palavras de Tuahir. Não é a estória que o fascina mas a alma que está nela. E ao
ouvir os sonhos de Tuahir, com os ruídos da guerra por trás, ele vai pensando: “não
inventaram ainda uma pólvora suave, maneirosa, capaz de explodir os homens sem lhes
matar. [...]
Por um buraco da rede Muidinga consegue retirar um braço. Apanha um pau e escreve no
chão.
– Que desenhos são esses?, pergunta Siqueleto.
– É o teu nome, responde Tuahir.
– Esse é o meu nome?
O velho desdentado se levanta e roda em volta da palavra. Está arregalado. [...] Solta
Tuahir e Muidinga das redes. São conduzidos pelo mato, para lá do longe. Então, frente a
uma grande árvore, Siqueleto ordena algo que o jovem não entende.
– Está a mandar que escrevas o nome dele.
[...] No tronco Muidinga grava letra por letra o nome do velho. Ele queria aquela árvore
para parteira de outros Siqueletos, em fecundação de si. [...]
– Agora podem-se ir embora. A aldeia vai continuar, já meu nome está no sangue da
árvore.
COUTO, Mia. Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p.63-67. (Adaptado).
Terra sonâmbula trata da guerra civil em Moçambique pós-independência. O autor tece uma escrita em
que ocorre a todo o momento o contato do antigo com o novo, das gerações antigas com as novas. Por
meio desses contatos, com a finalidade de que a nação sobreviva, compreende-se que a obra propõe
[Siqueleto] encara os prisioneiros com um só olho enquanto fala na língua local. Tuahir traduz:
– Ele diz que nos vai semear.
– Semear?
[...]
Muidinga, então, se excede. Grita. O velho aldeão se atenta para escutar, através da
tradução de Tuahir. [...]
Mas o desdentado aldeão já anoitecera, queixo no peito. Seu mundo já era esse que
Tuahir anunciara, de extensos sossegos. O próprio Muidinga está como se encantado
com as palavras de Tuahir. Não é a estória que o fascina mas a alma que está nela. E ao
ouvir os sonhos de Tuahir, com os ruídos da guerra por trás, ele vai pensando: “não
inventaram ainda uma pólvora suave, maneirosa, capaz de explodir os homens sem lhes
matar.
[...]
Por um buraco da rede Muidinga consegue retirar um braço. Apanha um pau e escreve no
chão.
– Que desenhos são esses?, pergunta Siqueleto.
– É o teu nome, responde Tuahir.
– Esse é o meu nome?
O velho desdentado se levanta e roda em volta da palavra. Está arregalado. [...] Solta
Tuahir e Muidinga das redes. São conduzidos pelo mato, para lá do longe. Então, frente a
uma grande árvore, Siqueleto ordena algo que o jovem não entende.
– Está a mandar que escrevas o nome dele.
[...] No tronco Muidinga grava letra por letra o nome do velho. Ele queria aquela árvore
para parteira de outros Siqueletos, em fecundação de si. [...]
– Agora podem-se ir embora. A aldeia vai continuar, já meu nome está no sangue da
árvore.
COUTO, Mia. Terra sonâmbula. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. p.63-67. (Adaptado).
Terra sonâmbula trata da guerra civil em Moçambique pós-independência. O autor tece uma escrita em
que ocorre a todo o momento o contato do antigo com o novo, das gerações antigas com as novas. Por
meio desses contatos, com a finalidade de que a nação sobreviva, compreende-se que a obra propõe
A
um conhecimento ancestral sobreposto ao costume moderno.
B
uma relação de interdependência entre a geração antiga e a nova.
C
uma unificação por meio da língua para a harmonia entre as gerações.
D
uma condescendência das novas gerações para com as antigas gerações.