A partir da leitura atenta do TEXTO 1, infere-se que
Leia o TEXTO 1 para responder a questão.
A COPA DO MUNDO NA RÚSSIA PODE SER A ÚLTIMA TENTATIVA DE UNIÃO
NACIONAL
(1) Mais do que a principal competição do maior esporte no planeta, a Copa do Mundo deve ser
considerada um evento político. Futebol é política, e vice-versa. Como instituição, é parte estrutural da
formação de diversos povos e sua cultura, contribuindo para a formatação de seus costumes, de suas
marcas, hábitos, vocabulário. Quem ignora o papel do futebol, na formação histórica de algumas nações,
pouco entende da antropologia social e cultural delas - e nisso estamos inclusos. As seleções nacionais
são representantes de seus países muito mais importantes e reconhecidas do que o melhor dos
embaixadores. E a Copa, o único espaço pelo qual países frágeis na economia e geopolítica mundial
podem derrotar países muito à frente nesses aspectos.
(2) Como Diego Maradona sempre gosta de lembrar, a seleção argentina, na Copa de 1986, entrou em
campo contra a Inglaterra, pelas quartas de finais, para jogar pelos mortos na Guerra das Malvinas, e não
simplesmente para ganhar um jogo. Isso não era restrito apenas aos jogadores: era o sentimento nacional
de todos os argentinos. E, quando questionado sobre o gol de mão que abriu o placar na partida, El Pibe
não teve dúvidas sobre a sensação: “Foi como bater a carteira de um inglês”.
(3) Na França, a vitória na Copa de 1998 ajudou a amenizar o conflito racial que pairava na nação - entre
brancos, negros e árabes - e a derrota nas duas Copas seguintes o acirrou novamente. A Copa do Mundo
também foi capaz de colocar no mesmo espaço de disputa o que um dos muros mais implacáveis da
história separava: em 1974, Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental se enfrentaram pela primeira fase,
com vitória da ala soviética (que muitos afirmam ter sido entregue pela parte capitalista para evitar
adversário mais forte na fase seguinte). Momento épico.
(4) Copa traz integração. A última vez que a Champs-Élysées tinha enchido tanto quanto na final da Copa
de 98 foi na Queda da Bastilha. Na Copa de 2014, o esboço que vimos disso não aconteceu nos estádios,
elitizados, mas sim nas fan-fests, que, como o próprio nome diz, foram espaços de festa, miscelânea,
diversidade. Mas é muito maior do que isso: Copa traz a união comunitária. A gente não trabalha, a gente
pinta a rua de casa, a gente compra camisa do Neymar ou do Ronaldinho ou do Ronaldo ou do Romário.
Na hora do gol ou da vitória, a gente abraça até quem não conhece. Muitas vezes, uma televisãozinha é o
suficiente para que toda a vizinhança se amontoe e torça pela sua representante internacional naquele
momento. O País se volta, inteirinho, para um momento em que 11 homens são capazes de mudar, a
qualquer instante, todo o seu sistema nervoso. E quem sequer reconhece isso tem que revisar seu próprio
elitismo e sair da bolha.
PROIETE, Gabriel. A Copa do Mundo na Rússia pode ser a última tentativa de união nacional.
Disponível em: < https://medium.com/@gabriel_proiete/a-copa-do-mundo-da-r%C3%BAssia-pode-ser-a-
%C3%BAltima-tentativa-de-uni%C3%A3o-nacional-8aa3a939ed53 >. Acesso em: 07 maio 2018 (adaptado).
Leia o TEXTO 1 para responder a questão.
A COPA DO MUNDO NA RÚSSIA PODE SER A ÚLTIMA TENTATIVA DE UNIÃO NACIONAL
(1) Mais do que a principal competição do maior esporte no planeta, a Copa do Mundo deve ser considerada um evento político. Futebol é política, e vice-versa. Como instituição, é parte estrutural da formação de diversos povos e sua cultura, contribuindo para a formatação de seus costumes, de suas marcas, hábitos, vocabulário. Quem ignora o papel do futebol, na formação histórica de algumas nações, pouco entende da antropologia social e cultural delas - e nisso estamos inclusos. As seleções nacionais são representantes de seus países muito mais importantes e reconhecidas do que o melhor dos embaixadores. E a Copa, o único espaço pelo qual países frágeis na economia e geopolítica mundial podem derrotar países muito à frente nesses aspectos.
(2) Como Diego Maradona sempre gosta de lembrar, a seleção argentina, na Copa de 1986, entrou em campo contra a Inglaterra, pelas quartas de finais, para jogar pelos mortos na Guerra das Malvinas, e não simplesmente para ganhar um jogo. Isso não era restrito apenas aos jogadores: era o sentimento nacional de todos os argentinos. E, quando questionado sobre o gol de mão que abriu o placar na partida, El Pibe não teve dúvidas sobre a sensação: “Foi como bater a carteira de um inglês”.
(3) Na França, a vitória na Copa de 1998 ajudou a amenizar o conflito racial que pairava na nação - entre brancos, negros e árabes - e a derrota nas duas Copas seguintes o acirrou novamente. A Copa do Mundo também foi capaz de colocar no mesmo espaço de disputa o que um dos muros mais implacáveis da história separava: em 1974, Alemanha Ocidental e Alemanha Oriental se enfrentaram pela primeira fase, com vitória da ala soviética (que muitos afirmam ter sido entregue pela parte capitalista para evitar adversário mais forte na fase seguinte). Momento épico.
(4) Copa traz integração. A última vez que a Champs-Élysées tinha enchido tanto quanto na final da Copa de 98 foi na Queda da Bastilha. Na Copa de 2014, o esboço que vimos disso não aconteceu nos estádios, elitizados, mas sim nas fan-fests, que, como o próprio nome diz, foram espaços de festa, miscelânea, diversidade. Mas é muito maior do que isso: Copa traz a união comunitária. A gente não trabalha, a gente pinta a rua de casa, a gente compra camisa do Neymar ou do Ronaldinho ou do Ronaldo ou do Romário. Na hora do gol ou da vitória, a gente abraça até quem não conhece. Muitas vezes, uma televisãozinha é o suficiente para que toda a vizinhança se amontoe e torça pela sua representante internacional naquele momento. O País se volta, inteirinho, para um momento em que 11 homens são capazes de mudar, a qualquer instante, todo o seu sistema nervoso. E quem sequer reconhece isso tem que revisar seu próprio elitismo e sair da bolha.
PROIETE, Gabriel. A Copa do Mundo na Rússia pode ser a última tentativa de união nacional.
Disponível em: < https://medium.com/@gabriel_proiete/a-copa-do-mundo-da-r%C3%BAssia-pode-ser-a-
%C3%BAltima-tentativa-de-uni%C3%A3o-nacional-8aa3a939ed53 >. Acesso em: 07 maio 2018 (adaptado).
Gabarito comentado
Tema central da questão: Interpretação de Texto. Nesta questão de vestibular, o objetivo é analisar a compreensão do texto quanto ao papel social, histórico e político do futebol, principalmente por meio da Copa do Mundo.
De acordo com a norma-padrão e autores como Koch & Travaglia, interpretar um texto vai além de encontrar informações literais: é necessário captar inferências, relações lógicas e a intenção comunicativa.
Justificativa da alternativa correta (C): O texto enfatiza o impacto do futebol na cultura e história dos povos, citando exemplos em que a Copa do Mundo desempenhou papel central na construção de identidade, hábitos e costumes nacionais ("futebol é política, e vice-versa"; "parte estrutural da formação de diversos povos"). Assim, a alternativa C está correta ao afirmar que o futebol influencia aspectos sócio-históricos, políticos e culturais.
Análise das alternativas incorretas:
A) Fala em provocar conflito internacional, o que não é sustentado pelo texto; o futebol é visto como agregador e simbólico, não como causador de conflitos.
B) Diz que o futebol não se relaciona à antropologia social. Esta ideia é explicitamente negada pelo texto, que afirma o papel social e antropológico do esporte.
D) Menciona que a Copa de 1974 teria favorecido acordos de paz entre as Alemanhas. O texto relata o embate esportivo e sua carga simbólica, mas não aponta qualquer acordo diplomático real.
E) Afirma que a união de classes ocorre nos estádios. O texto destaca o contrário ("não aconteceu nos estádios, elitizados, mas sim nas fan-fests"), evidenciando que a integração nos estádios é limitada.
Estrategicamente, sempre busque no texto palavras-chave (como "costumes", "formação", "cultura", “história”) que indiquem o alcance da ideia principal. Evite se deixar enganar por construções amplas ou sedutoras que não se apoiarem diretamente no texto.
Regra central: Para interpretar corretamente, confirme sempre se a alternativa reproduz com fidelidade a ideia principal do texto, sem exageros, omissões ou inversões de sentido.
Leitura atenta, análise lógica e atenção a termos de valor semântico são fundamentais para evitar erros por distração ou generalização.
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