A frase de Newton, ao final do texto, ilustra que esse cientista
Leia o texto para responder a questão.
Tentativa e erro, experimentar o novo, entender que algumas questões têm respostas complexas ou podem mesmo
não ter uma resposta, cultivar a noção de que o fracasso é
essencial para o progresso, aceitar que erros são o que nos
faz eventualmente acertar, saber persistir quando as dificuldades parecem não acabar nunca. Esses são alguns dos componentes da pesquisa científica, uma espécie de sabedoria acumulada através dos tempos que, acredito, é também muito útil em vários aspectos da
vida – de como enfrentar desafios individualmente até como
reger empresas. Quem poderia adivinhar que a eletricidade e o magnetismo são manifestações de um campo eletromagnético que se
propaga através do espaço com a velocidade da luz? Quem
poderia adivinhar que as espécies animais evoluem devido
a mutações genéticas aliadas ao processo de seleção natural? Esse conhecimento todo não veio do nada; exigiu muita
coragem intelectual, disciplina de trabalho e tolerância ao erro. Se as coisas não funcionam, precisamos deixar o orgulho
para trás e aceitar que falhamos. Todo cientista sabe muito
bem que a maioria das suas ideias não vai funcionar. Resolutos, vamos em frente; mas devemos também estar abertos
a críticas. Na ciência, e em qualquer outra área de trabalho, é bom
ouvir as sábias palavras de Isaac Newton – mesmo se o próprio,
durante a vida, não tenha sido o que chamaria de um modelo
de humildade profissional: “Não sei o que possa parecer aos
olhos do mundo, mas aos meus pareço apenas ter sido como
um menino brincando à beira-mar, divertindo-me com o fato de
encontrar de vez em quando um seixo mais liso ou uma concha
mais bonita que o normal, enquanto o grande oceano da verdade permanece completamente por descobrir à minha frente”.
(Marcelo Gleiser. www.folha.uol.com.br. 10.12.2017. Adaptado)
Gabarito comentado
Tema central: Esta é uma questão de interpretação de texto, com foco em compreensão de sentido e inferência. O objetivo é analisar o significado da metáfora utilizada por Isaac Newton e entender a intenção do autor do texto ao citá-la.
Análise da alternativa correta (C): “Reconhecia que seus achados eram pequenos diante do que ainda havia para se descobrir.”
A frase de Newton compara-se a um menino na praia, encontrando pequenas pedras e conchas (descobertas), enquanto o "grande oceano da verdade" permanece inexplorado. Pela norma-padrão e pelo estudo da semântica, trata-se de uma metáfora de humildade intelectual. O trecho demonstra que Newton percebia os limites do seu conhecimento perante a vastidão do desconhecido. Segundo Bechara (“Gramática da Língua Portuguesa”), interpretar metáforas requer identificar o sentido figurado, não o literal.
Análise das alternativas incorretas:
A) Não há nada no texto ou na metáfora que indique hostilidade contra estudos realizados ao acaso.
B) Incorreta generalização: o texto não afirma que Newton considerava a ciência inacessível a amadores.
D) Newton não demonstra falta de valorização das próprias descobertas, apenas ressalta sua humildade diante do desconhecido.
E) Não há referências na frase ou no texto de que Newton rejeitava ser visto como cientista para ser chamado de místico.
Estratégias de Interpretação:
Ao resolver questões assim:
- Observe palavras-chave (como “menino brincando”, “beira-mar”, “o grande oceano da verdade permanece por descobrir”), pois orientam para o sentido figurado da frase.
- Evite interpretações literais ou superficiais: questões de metáfora pedem extrapolação para o sentido contido, não aparente.
- Desconfie de alternativas que introduzam informações não contidas ou sugeridas pelo texto (pegadinha clássica de concursos).
Em resumo: O texto trabalha, conforme ensina José de Nicola, a habilidade de inferir sentidos a partir do contexto global. Newton é reconhecido por sua humildade intelectual, ciente de que o conhecimento científico, por maior que seja, é limitado frente ao todo a se conhecer — por isso, a alternativa C é a correta.
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