Atente ao seguinte trecho da música O Bonde
de São Januário, do compositor Wilson Batista:
[...] Quem trabalha é quem tem razão
Eu digo e não tenho medo de errar
O Bonde de São Januário leva mais um operário
Sou eu que vou trabalhar [...]
O samba O Bonde de São Januário, escrito em 1940,
teve uma versão anterior na qual o autor versa da
seguinte forma: “[...]O bonde de São Januário leva
mais um sócio otário / só eu não vou trabalhar
[...]”.
Esse caso notório de readequação da letra de uma
música aos ditames políticos de uma época
configura
Gabarito comentado
Alternativa correta: D
Tema central: trata-se de censura e controle cultural no Brasil, em especial a atuação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) durante o Estado Novo (Getúlio Vargas). A pista temporal (letra readequada em 1940) e a natureza da intervenção sobre uma canção indicam um mecanismo de censura/pressão estatal desse período.
Resumo teórico (claro e progressivo):
- O Estado Novo (1937–1945) centralizou o controle político e cultural; o DIP, criado no governo Vargas (final da década de 1930), coordenava propaganda oficial e fiscalização da imprensa, rádio, teatro e música.
- Havia tanto censura formal quanto mecanismos de autocensura: letras e textos eram modificados para evitar termos considerados subversivos, ofensivos ou contrários à imagem do Estado.
- Identificar época e instituições é a chave: mudanças em letras de 1940 remetem ao DIP, não a instrumentos posteriores como o AI-5 (1968) ou à classificação indicativa atual.
Justificativa da alternativa D: o caso descrito — readequação de letra em 1940 para atender a “ditames políticos” — é típico da atuação do DIP, que atuava censurando e orientando produções culturais no Estado Novo. Portanto, a alternativa D é a correta.
Análise das alternativas incorretas:
- A (AI-5): incorreta porque o AI-5 foi um instrumento da ditadura militar (1968) muito posterior a 1940; não explica readequações do período Vargas.
- B (Jânio Quadros): embora Jânio (1961) tenha tido retórica moralizadora, não instituiu o tipo de aparato censório do Estado Novo nem corresponde ao ano referido; é interpretação anacrônica.
- C (Classificação indicativa/Constituição atual): refere-se a mecanismos contemporâneos de classificação e proteção ao público, previstos após a Constituição de 1988 — não se aplica a uma mudança de letras ocorrida em 1940.
Dica de interpretação para provas: ao ver datas ou pistas históricas (anos, nomes de governos), associe imediatamente ao contexto institucional daquela época. Pergunte: que órgão existia então? Que normas vigiavam a cultura? Isso elimina alternativas anacrônicas.
Fontes recomendadas: obras sobre Estado Novo e cultura (por exemplo, Boris Fausto — História do Brasil; estudos sobre propaganda e censura por Carlos Fico) e consultas a documentos históricos do governo Vargas sobre o DIP.
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