A partir da Constituição Federal de 1988, professores e lideranças indígenas vêm enfrentando o desafio de transformar a antiga escola colonizadora de 500 anos em uma escola promotora das culturas, das línguas, das tradições e dos direitos indígenas, em diálogo com outras culturas, conhecimentos e valores.

Nesse processo, não existe um modelo único. Enquanto para algumas comunidades indígenas a escola precisa estar mais direcionada para possibilitar adequadamente o acesso a alguns conhecimentos da sociedade nacional, como, por exemplo, a língua portuguesa, a matemática e a informática – estratégicos para atender às suas necessidades práticas na defesa de seus direitos –, outras preferem uma escola mais direcionada para a revitalização e valorização da cultura e identidade do povo.

(Adaptado de Gersem José dos Santos Luciano, Educação indígena no país e o direito de cidadania plena. Revista Retratos da Escola, Brasília, v. 7, n. 13, p. 346-347, jul./dez. 2013.)

Segundo o texto, as atuais escolas indígenas do país,

Tema central da questão: Interpretação de Texto

Nesta questão, o foco está na interpretação do texto, especialmente quanto à capacidade de identificar a ideia principal, observar a coerência textual e reconhecer diferenças sutis entre as alternativas propostas. Conforme preconizam Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa) e Celso Cunha & Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo), tais habilidades são essenciais para provas de concursos.

Justificativa da alternativa correta (C):

A alternativa C afirma que, “apesar de diferirem uma das outras no que se refere às ênfases dadas em seus currículos, procuram renegar o modelo de educação escolar indígena anterior”. Segundo o texto-base, há o propósito de transformar a antiga escola colonizadora em uma promotora das culturas, línguas e tradições indígenas, o que implica renegar os valores do antigo modelo. O termo “transformar” reforça esta rejeição, demonstrando a busca por um novo paradigma educacional. Trata-se de interpretação lógica, baseada na coerência global do texto.

Análise das alternativas incorretas:

A) Afirma que todas as escolas indígenas objetivam familiarizar alunos com conhecimentos da sociedade não indígena. Erro: O texto diz explicitamente que não existe modelo único; parte das comunidades prioriza a própria cultura, não o acesso pleno à sociedade nacional.

B) Sugere que as escolas não priorizam conteúdos como português, matemática e informática. Erro: Para algumas comunidades, esses conhecimentos são “estratégicos para a defesa de seus direitos”, o que indica prioridade conforme suas necessidades.

D) Alega que há um “modelo curricular único e abrangente”. Erro: O texto rechaça essa ideia: destaca que não existe modelo único, sendo cada escola apropriada à sua realidade.

Dica de estratégia: Ao resolver questões de interpretação, destaque palavras e expressões que indiquem oposição, exclusividade ou generalização (“todas”, “único”, “sempre”) e compare-as rigorosamente ao texto original, evitando pressuposições não textuais.

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