O autor duvidou da sobrevivência das tradições do seu
povo porque
O autor duvidou da sobrevivência das tradições do seu
povo porque
O trecho a seguir se refere à questão. Ele foi
retirado de um texto de Ailton Krenak publicado em 1992.
Alguns anos atrás, quando vi o quanto a ciência dos
brancos estava desenvolvida, com seus aviões, máquinas,
computadores, mísseis, fiquei um pouco assustado.
Comecei a duvidar que a tradição do meu povo, que a
memória ancestral do meu povo, pudesse sobreviver num
mundo dominado pela tecnologia. E pensei que nossa
cultura, os nossos valores, fossem muito frágeis para
subsistir num mundo prático onde os homens organizam
seu poder e submetem a natureza, derrubam as
montanhas. Onde um homem olha uma montanha e
calcula quantos milhões de toneladas de cassiterita, de
bauxita, de ouro ela pode ter. Enquanto meu avô, meus
primos olham aquela montanha e veem o humor da
montanha e veem se ela está triste, feliz ou ameaçadora e
fazem cerimônia para ela.
(Adaptado de Ailton Krenak, “Antes o mundo não existia”, em Adauto Novaes (org.), Tempo e
história. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 202-203.)
O trecho a seguir se refere à questão. Ele foi
retirado de um texto de Ailton Krenak publicado em 1992.
Alguns anos atrás, quando vi o quanto a ciência dos brancos estava desenvolvida, com seus aviões, máquinas, computadores, mísseis, fiquei um pouco assustado. Comecei a duvidar que a tradição do meu povo, que a memória ancestral do meu povo, pudesse sobreviver num mundo dominado pela tecnologia. E pensei que nossa cultura, os nossos valores, fossem muito frágeis para subsistir num mundo prático onde os homens organizam seu poder e submetem a natureza, derrubam as montanhas. Onde um homem olha uma montanha e calcula quantos milhões de toneladas de cassiterita, de bauxita, de ouro ela pode ter. Enquanto meu avô, meus primos olham aquela montanha e veem o humor da montanha e veem se ela está triste, feliz ou ameaçadora e fazem cerimônia para ela.
(Adaptado de Ailton Krenak, “Antes o mundo não existia”, em Adauto Novaes (org.), Tempo e
história. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 202-203.)
Gabarito comentado
Comentário da Questão – Interpretação de Texto
Tema central: A questão avalia interpretação de texto, especificamente a habilidade de identificar a ideia principal expressa pelo autor. Segundo Celso Cunha e Lindley Cintra (“Nova Gramática do Português Contemporâneo”), interpretar um texto vai além da leitura superficial; exige compreender sentimentos, intenções e argumentos implícitos.
No trecho apresentado, o narrador indígena expõe sua dúvida quanto à sobrevivência da cultura de seu povo ao ver o avanço da tecnologia dos brancos. Ele teme pela fragilidade da tradição diante do “mundo prático”, tecnocrático, que valoriza o poder sobre a natureza em vez de respeitá-la.
Análise da alternativa correta:
D) Achou que a sua cultura iria sucumbir à ciência e às tecnologias não indígenas.
Essa resposta traduz com precisão o sentido das palavras do autor, que manifesta o receio de que os conhecimentos tradicionais não suportariam a pressão de um mundo dominado pela lógica tecnológica e pela exploração racional dos recursos naturais. A alternativa está totalmente alinhada à ideia central do texto: o confronto entre valores indígenas e o avanço da ciência técnica enquanto ameaça à tradição.
Análise das alternativas incorretas:
A) “As culturas dos povos indígenas são frágeis e não consideram relações de poder.”
Erro: O texto não julga as culturas indígenas frágeis por essência nem afirma que ignoram relações de poder. Isso é uma generalização indevida.
B) “A memória ancestral indígena não se compara com a capacidade dos computadores.”
Erro: Não há comparação direta entre memória ancestral e computadores; o autor apenas teme pela sobrevivência de sua tradição.
C) “Os indígenas não sabem calcular a quantidade de minério...”
Erro: O texto destaca visões de mundo distintas: não diz que indígenas são incapazes de cálculos, mas sim que veem a montanha como algo vivo, em oposição à visão utilitarista.
Estratégia para a prova: Foque em palavras-chave (“dúvida”, “sobreviver”, “dominado pela tecnologia”), evite inferências que não estejam claramente apoiadas no texto e desconfie de alternativas que deduzam julgamentos não expressos pelo autor.
Conclusão: A alternativa D é a única fundamentada integralmente na intenção do texto e na preocupação explícita do autor. Essa análise rigorosa é essencial para acertar questões de interpretação em vestibulares!
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