Questão d1f820af-b2
Prova:UENP 2016
Disciplina:Filosofia
Assunto:Conceitos Filosóficos

Sobre os princípios lógicos que regem o curso do pensamento dialético, considere as afirmativas a seguir.


I. O Princípio da Identidade diz que A é A.

II. O Princípio da Diferença é tudo que não é A, isto é, o Não-A.

III. O Princípio da Coerência diz que a contradição deve ser evitada.

IV. O Princípio da Não contradição diz que a contradição é impossível.


Assinale a alternativa correta.

A
Somente as afirmativas I e II são corretas.
B
Somente as afirmativas I e IV são corretas.
C
Somente as afirmativas III e IV são corretas.
D
Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
E
Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

Gabarito comentado

M
Manuela Cardoso Monitor do Qconcursos

Alternativa correta: D — Somente I, II e III são corretas.

Tema central: princípios lógicos (identidade, diferença, coerência e não‑contradição) e sua leitura no contexto do pensamento dialético. Entender a diferença entre o enunciado normativo (como deve raciocinar‑se) e a descrição dialética (como a realidade pode conter contradições) é essencial.

Resumo teórico — de forma progressiva e prática:

I. Princípio da Identidade (correto): "A é A". É o fundamento da lógica clássica — uma coisa é ela mesma (Aristóteles: Metafísica). Serve como ponto de partida para definições e classificações.

II. Princípio da Diferença (correto): indica que o que não é A aparece como Não‑A — isto é, a noção de negação distingue termos. Na lógica dialética, a negação é dinâmica (Hegel: Ciência da Lógica) — o Não‑A não é apenas ausência, mas momento da mudança.

III. Princípio da Coerência (correto): afirma que contradições devem ser evitadas na formulação de argumentos; trata da consistência lógica do raciocínio. Mesmo na dialética, a coerência argumentativa é exigida para clareza — isto é diferente de negar que contradições existam na realidade.

IV. Princípio da Não‑Contradição (incorreto na forma dada): a afirmação "a contradição é impossível" é demasiadamente absoluta. A lógica clássica diz que proposições contraditórias não podem ser verdadeiras simultaneamente (Aristóteles), mas o pensamento dialético reconhece contradições imanentes nos processos reais (Engels, Hegel), logo afirmar a impossibilidade total da contradição confunde nível lógico‑formal com nível ontológico.

Por que as alternativas A, B, C e E estão erradas:

A — Só I e II: ignora que III (coerência como evitar contradição no raciocínio) também é válida.

B — Só I e IV: inclui IV que está formulada de modo absoluto (errado para o contexto dialético) e exclui II/III corretas.

C — Só III e IV: inclui IV (errada) e omite I e II fundamentais.

E — Só II, III e IV: novamente incorreta por incluir IV.

Dica de interpretação: atente-se a verbos e intensidade ("deve ser evitada" ≠ "é impossível"). Em provas, essa distinção costuma ser a pegadinha: princípios normativos do raciocínio não implicam negação das contradições existentes na realidade dialética.

Fontes sugeridas: Aristóteles (Metafísica), G. W. F. Hegel (Ciência da Lógica), F. Engels (Anti‑Dühring).

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